Sou leitor da revista e, acompanhando a
entrevista da juíza Kenarik Bouijikian, observo que
há uma informação passível de contestação histórica.
Na página 14, a meritíssima cita que “tivemos uma lei
que proibia a entrada de africanos escravizados no
Brasil (Lei Eusébio de Queirós), e sabemos que mais de
500 mil entraram no país mesmo após a promulgação
da lei”. Sou professor de História e, apesar de,
após a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, africanos
escravizados terem entrado clandestinamente no
país, o número me parece exagerado. É possível que
meio milhão de africanos tenham entrado ilegalmente
após uma lei antitráfico de 1831, a Lei Feijó, que
exatamente por seu não cumprimento passou a ser no
anedotário jurídico chamada de “lei para inglês ver”.
Como a afirmação está entre parênteses, me parece
ter sido uma nota equivocada do entrevistador, e não
da juíza entrevistada. De toda sorte, há a ilegalidade
do trânsito de escravizados para o Brasil apesar da
existência de uma lei restritiva.
J.C.C.
Cult, n. 229, nov. 2017 (adaptado).
A função social da carta do leitor está contemplada nesse
texto porque, em relação a uma publicação em edição
anterior de uma revista, ele apresenta um(a)
Sou leitor da revista e, acompanhando a entrevista da juíza Kenarik Bouijikian, observo que há uma informação passível de contestação histórica. Na página 14, a meritíssima cita que “tivemos uma lei que proibia a entrada de africanos escravizados no Brasil (Lei Eusébio de Queirós), e sabemos que mais de 500 mil entraram no país mesmo após a promulgação da lei”. Sou professor de História e, apesar de, após a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, africanos escravizados terem entrado clandestinamente no país, o número me parece exagerado. É possível que meio milhão de africanos tenham entrado ilegalmente após uma lei antitráfico de 1831, a Lei Feijó, que exatamente por seu não cumprimento passou a ser no anedotário jurídico chamada de “lei para inglês ver”. Como a afirmação está entre parênteses, me parece ter sido uma nota equivocada do entrevistador, e não da juíza entrevistada. De toda sorte, há a ilegalidade do trânsito de escravizados para o Brasil apesar da existência de uma lei restritiva.
J.C.C.
Cult, n. 229, nov. 2017 (adaptado).
A função social da carta do leitor está contemplada nesse
texto porque, em relação a uma publicação em edição
anterior de uma revista, ele apresenta um(a)
Gabarito comentado
Comentário do Gabarito – Interpretação de Texto / Gêneros Textuais
Tema central: O ponto principal desta questão é a interpretação do gênero textual “carta do leitor” e sua função social em relação ao texto analisado.
Justificativa da alternativa correta (A):
A alternativa A) posicionamento relacionado a uma informação contida em uma entrevista é a correta, pois a carta do leitor tem como função social oferecer ao público um espaço para manifestar opinião ou contestar conteúdos previamente publicados em jornais ou revistas (função argumentativa e opinativa). No texto, o leitor expressa sua discordância a respeito da quantidade de africanos escravizados que teriam entrado no Brasil após a Lei Eusébio de Queirós, mostrando um posicionamento crítico frente a um dado histórico mencionado em uma entrevista anterior.
De acordo com Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), gêneros textuais procuram adequar a linguagem ao uso social, e a “carta do leitor” caracteriza-se justamente por promover a interação crítica entre leitor e veículo, reforçando a função exposta na alternativa A.
Por que as demais estão incorretas?
B) Relato de acontecimentos históricos norteadores de uma entrevista:
Errada, pois o texto não visa relatar acontecimentos, mas questionar e contestar a informação histórica.
C) Sistematização de dados apresentados em uma entrevista:
Errada, pois o objetivo não é organizar dados, mas questionar a veracidade de um deles.
D) Descrição de uma entrevista:
Incorreta, pois a carta não descreve o evento entrevistado, mas se posiciona criticamente sobre um trecho.
E) Síntese de uma entrevista:
Incorreta, já que não há nenhuma recapitulação global da entrevista, apenas contestação a um ponto específico.
Dica de interpretação: Atenção ao papel social de cada gênero textual. A “carta do leitor” existe para o leitor se posicionar, propor, criticar ou complementar informações do periódico, o que deve ser a base do raciocínio em questões assim.
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