Estresse é um termo que se vulgarizou nos últimos tempos. Queixa-se de estresse o homem que chega em casa depois de um dia de muito trabalho, de trânsito pesado e das filas do banco. Queixa-se a mulher que enfrentou uma maratona de atividades domésticas, profissionais e com os filhos. À noite, terminado o jantar, com as crianças recolhidas, os dois mal têm forças para trocar de roupa e cair na cama.

    A palavra estresse não cabe nesse contexto. O que eles sentem é cansaço, estão exaustos e uma noite de sono é um santo remédio para recompor as energias e revigorá-los para as tarefas do dia seguinte.

       A palavra estresse, na verdade, caracteriza um mecanismo fisiológico do organismo sem o qual nós, nem os outros animais, teríamos sobrevivido. Se nosso antepassado das cavernas não reagisse imediatamente, ao se deparar com uma fera faminta, não teria deixado descendentes. Nós existimos porque nossos ancestrais se estressavam, isto é, liberavam uma série de mediadores químicos (o mais popular é a adrenalina), que provocavam reações fisiológicas para que, diante do perigo, enfrentassem a fera ou fugissem.

Disponível em: http://drauziovarella.com.br. Acesso em: 2 jun. 2015.

Ao lançar mão do mecanismo de comparação, o autor do texto conduz os leitores a

Tema central: Interpretação de texto, com ênfase no uso da comparação para esclarecimento de conceitos. O autor do texto compara o significado popular do termo “estresse” com seu conceito científico, a fim de conduzir o leitor à correta compreensão do termo.

Justificativa da alternativa correta (E): O mecanismo de comparação – entre o cansaço cotidiano e o real estresse fisiológico – é utilizado para esclarecer o verdadeiro significado do termo “estresse”. O autor mostra que muitas pessoas usam “estresse” para descrever apenas fadiga ou exaustão, quando na realidade trata-se de uma reação fisiológica com função biológica importante. Segundo Bechara (“Moderna Gramática Portuguesa”), a comparação visa “tornar clara a ideia central, distinguindo nuances semânticas”. Portanto, a finalidade maior do texto é que o leitor compreenda o significado do termo estresse, que corresponde exatamente à alternativa E.

Análise das alternativas incorretas:

A) “minimizarem os receios contra o estresse”: O texto não tranquiliza nem recomenda despreocupação; esclarece o significado, sem emitir julgamento sobre receios.

B) “evitarem situações que causem estresse”: O objetivo não é prevenção, mas compreensão conceitual do termo.

C) “distinguirem os vários sintomas do estresse”: O texto não detalha sintomas. Ele compara estresse (no sentido técnico) com cansaço, sem listar manifestações clínicas.

D) “saberem da existência dos tipos de estresse”: O texto não aborda diferentes tipos do fenômeno, mas sua definição central.

Dica de interpretação: Em questões como esta, leia atentamente o trecho em que há explicações, metáforas ou comparações. Palavras como “na verdade”, “significa”, “caracteriza-se por” geralmente introduzem explicação de conceito ou correção de uso inadequado. Evite distrações com alternativas que sugerem ações (minimizar, evitar) ou detalhes não presentes no texto.

Resumo gramatical: A figura de linguagem “comparação” é um recurso didático para esclarecer ideias. A correta interpretação ocorre ao perceber que o autor não está prescrevendo comportamentos, mas esclarecendo o verdadeiro sentido do termo central (Cunha & Cintra).

Conclusão: O leitor é conduzido a compreender precisamente o sentido da palavra “estresse”, o que revela a correção da alternativa E.

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