Oficialmente, o mundo não acordou para a crise dos mísseis em Cuba até o anoitecer da segunda-feira, 22 de outubro
de 1962, quando o presidente [John] Kennedy falou pela primeira vez na televisão para anunciar a presença de mísseis
soviéticos em Cuba e declarar sua intenção de impor um bloqueio naval. [...]
Pela primeira vez desde que os Estados Unidos jogaram
bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki em 1945, centenas de
milhões de pessoas em todo o globo temeram que armas nucleares
pudessem ser usadas outra vez.
(Richard Gott. Cuba: uma nova história, 2006.)
O texto se refere à chamada “crise dos mísseis de Cuba”,
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: a questão aborda a Crise dos Mísseis de Cuba (outubro de 1962) — um momento crítico da Guerra Fria que colocou EUA e URSS à beira de um confronto nuclear e revelou a determinação norte‑americana em preservar sua influência na América Latina após a Revolução Cubana.
Resumo teórico e fontes: a crise foi desencadeada pela descoberta de mísseis soviéticos em Cuba e solucionada por negociação (retirada dos mísseis soviéticos e promessa americana de não invadir Cuba, além da retirada secreta de mísseis americanos da Turquia). É um caso clássico de confronto nuclear e diplomacia de crise (ver: Richard Gott, Cuba: A New History, 2006; Graham Allison, Essence of Decision, 1971; discurso de J. F. Kennedy, 22/10/1962).
Por que E está correta: a alternativa sintetiza dois pontos centrais: (1) a crise é um episódio central da Guerra Fria — fato reconhecido pela historiografia — e (2) demonstra o esforço norte‑americano de manter hegemonia regional depois da Revolução Cubana, pois os EUA reagiram com bloqueio ("quarantine") e pressão diplomática/militar para impedir a expansão da influência soviética no "quintal" americano.
Análise das incorretas:
A — incorreta: mistura fatos verdadeiros parcialmente (houve embargo e bloqueio naval), mas afirma que a crise foi o “início” do embargo que “persiste até hoje”. O embargo comercial iniciou antes (1960/1962) e a frase dá um papel causal e cronológico impreciso.
B — incorreta: afirma o oposto da realidade. A Revolução Cubana não foi consumada com restauração do controle norte‑americano; pelo contrário, Cuba consolidou um governo socialista independente da tutela dos EUA.
C — incorreta: exagera o efeito da crise. A tensão não definiu o fim da hegemonia americana no Caribe; ao contrário, expôs limites e custos, mas resultou em medidas para reafirmar influência dos EUA, não em expansão soviética duradoura.
D — incorreta: apresenta consequência equivocada. A crise não foi ponto de partida para uma nova forma de relações diplomáticas positivas nem inaugurou um ciclo de revoluções sociais na região — serviu, sim, para intensificar rivalidades e intervenções.
Dica de interpretação: foque em palavras-chave (ex.: "episódio central", "manter hegemonia") e verifique relação de causa/efeito e temporalidade nas alternativas. Desconfie de afirmações absolutas ou invertidas sobre quem ganhou/perdeu com o evento.
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