Em meio à “série de acontecimentos” que “iria reanimar as
atividades industriais” no Brasil do final da década de 1860,
podem-se citar
As poucas fábricas que subsistiram durante as décadas de
1840 a 1870 se mantiveram graças a privilégios de exploração,
de subvenções governamentais na forma de empréstimos e isenções de direitos de importação; em certas regiões, como o único
substituto possível à produção agrícola decadente, enquanto, em
outras, as dificuldades de comunicação e o alto custo do transporte atuavam como meios de proteção. Uma série de acontecimentos iria, contudo, reanimar as atividades industriais, no fim da década de sessenta.
(Sérgio Buarque de Holanda. O Brasil monárquico.
Declínio e queda do Império, 1985. Adaptado.)
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: o texto trata da retomada da atividade industrial brasileira no final da década de 1860. É preciso relacionar acontecimentos históricos (causas econômicas e políticas) que favoreceram o nascimento e o crescimento de indústrias no Brasil imperial.
Resumo teórico: duas guerras importantes explicam a reanimação industrial: a Guerra Civil dos EUA (1861–1865) gerou escassez de algodão no mercado mundial, estimulando a produção têxtil local por substituição de importações; a Guerra do Paraguai (1864–1870) aumentou demanda por mantimentos, material bélico e serviços, gerando mercados internos e movimentando capital e transporte, o que favoreceu empreendimentos industriais. (Ver Sérgio Buarque de Holanda; estudos sobre industrialização e substituição de importações.)
Justificativa da alternativa A: A opção A cita corretamente as duas guerras — a norte-americana e a do Paraguai — como fatores que estimularam a indústria de tecidos e outras atividades manufatureiras. Historicamente, a falta de algodão importado e a demanda por suprimentos militares e civis criaram condições para empresas têxteis e outras fábricas crescerem no final da década de 1860.
Análise das alternativas incorretas:
B — A Lei do Ventre Livre (1871) teve efeito limitado e posterior; não liberou “farta mão de obra” para a indústria urbana imediatamente na década de 1860. Sua aplicação era gradual e não foi causa direta da reanimação industrial.
C — “Campanhas no Rio da Prata” é impreciso: embora algumas expedições tenham efeitos econômicos, não houve, no curto prazo do fim dos anos 1860, uma expansão agrícola que explique a retomada industrial como afirmado. A conexão causal é fraca frente às guerras citadas na alternativa A.
D — Reformas alfandegárias que teriam reduzido impostos e instaurado livre câmbio não correspondem ao que ocorreu: medidas protecionistas (como a Tarifa Alves Branco em 1844) aumentaram tarifas em momentos anteriores para proteger a indústria. Portanto, D está invertendo a direção da política tarifária.
E — A Lei Eusébio de Queirós (1850) proibiu o tráfico transatlântico de escravos; não “prejudicou a produção agrícola” de modo direto nem foi fator determinante para liberar capitais à indústria no final dos anos 1860. Seu impacto econômico-social foi distinto e anterior.
Estratégia para resolver questões assim: verifique datas e sequência causal; pergunte-se se o evento cria demanda interna, restringe importações (abrindo espaço para produção local) ou libera capital/força de trabalho. Guarde na memória os efeitos da Guerra Civil dos EUA e da Guerra do Paraguai sobre a indústria brasileira do século XIX.
Fonte recomendada: Sérgio Buarque de Holanda, O Brasil Monárquico; estudos sobre industrialização e substituição de importações no Império (séculos XIX).
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