Leia o trecho de Macunaíma, narrativa de Mário de Andrade.
Nem bem pisou na praia e se ergueu na frente dele um
monstro. Era o bicho Pondê um jurucutu do Solimões que
virava gente de-noite e engolia os estradeiros. Porém Macunaíma pegou na flecha que tinha na ponta a cabeça chata da
formiga santa chamada curupê e nem fez pontaria, acertou
que foi uma beleza. O bicho Pondê estourou virando coruja.
(Macunaíma – o herói sem nenhum caráter.
Ed. crítica de Telê Porto Ancona Lopez, 1988)
Esse trecho evidencia uma característica comum à composição de Macunaíma, que é
Gabarito comentado
Gabarito comentado:
Tema central: Interpretação de textos, com foco nos elementos narrativos e estilísticos do livro Macunaíma de Mário de Andrade, especialmente quanto ao aproveitamento de recursos dos contos maravilhosos da cultura popular brasileira.
Justificativa da alternativa correta (A):
A alternativa A é correta pois evidencia o emprego de recursos próprios dos contos maravilhosos. O trecho traz elementos como o monstro que muda de forma, a flecha mágica com a cabeça de formiga santa e a transformação do "bicho Pondê" em coruja. São recursos típicos de narrativas fantásticas do folclore, preservadas pela tradição oral do povo brasileiro. Conforme Luiz Antônio Marcuschi (Gêneros Textuais), o conto maravilhoso utiliza seres fantásticos, transformações e objetos mágicos como marcas essenciais. E, segundo Bechara, interpretar o texto exige ressaltar a representação do real e do imaginário conforme dados explícitos na narrativa.
Análise das alternativas incorretas:
B) Falsa. Macunaíma não se encaixa no modelo de herói clássico movido por bravura. Como diz o próprio subtítulo do livro (“o herói sem nenhum caráter”), suas ações não obedecem à ética tradicional do heroísmo. Celso Cunha e Lindley Cintra destacam que Macunaíma subverte os padrões heroicos convencionais.
C) Falsa. A narrativa não resgata mitologia greco-latina, e sim lendas e figuras do folclore brasileiro (como o curupê, a formiga santa). O centro é nossa cultura autóctone, não a tradição épica europeia.
D) Parcial. Apesar do vocabulário regional estar presente, a obra não se restringe a um regionalismo: entrelaça referências de várias regiões, buscando uma identidade nacional. Rocha Lima reforça: o regionalismo restrito não captura a proposta nacional de Mário de Andrade.
E) Incorreta. O texto é essencialmente narrativo, voltado para fatos e aventuras, não para explorar o mundo psicológico do protagonista, nem para ensaios.
Estratégia para provas: Em questões desse tipo, busque identificar elementos fantásticos, folclóricos e de tradição oral para reconhecer o conto maravilhoso, evitando confundir regionalismo ou psicologismo com marcas do gênero narrativo popular.
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