Fosse com militares ou civis, a África esteve por vários anos entregue a ditadores. Em alguns países, vigorava uma espécie de semidemocracia, com uma oposição consentida e controlada, um regime que era, em última análise, um governo autoritário. A única saída para os insatisfeitos e também para aqueles que tinham ambições de poder passou a ser a luta armada. Alguns países foram castigados por ferozes guerras civis, que, em certos casos, foram alongadas por interesses extracontinentais.
Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos.
Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 139.
Entre os exemplos do alongamento dos conflitos internos nos países africanos em função de “interesses extracontinentais”, a que se refere o texto, pode-se citar a participação
Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos.
Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 139.
Entre os exemplos do alongamento dos conflitos internos nos países africanos em função de “interesses extracontinentais”, a que se refere o texto, pode-se citar a participação
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: conflitos pós‑coloniais na África e a influência da Guerra Fria — ou seja, como potências extracontinentais prolongaram guerras civis ao apoiar lados opostos por motivos geopolíticos.
Resumo teórico: Após a descolonização (décadas de 1950–1970) muitos Estados africanos enfrentaram crises internas. No contexto da Guerra Fria, União Soviética e Cuba apoiaram movimentos de orientação marxista (ex.: MPLA em Angola, FRELIMO em Moçambique), enquanto outras potências e regimes regionais apoiavam adversários. Esse apoio exterior transformou conflitos locais em guerras por procuração, ampliando sua duração e intensidade.
Justificativa da alternativa E: Na década de 1970 a União Soviética forneceu armamento, treinamento e apoio político; Cuba enviou tropas e conselheiros militares para Angola (1975 em diante) e também teve participação solidária em outras frentes africanas. O principal motor foi a rivalidade EUA/URSS e o apoio ideológico a regimes e movimentos alinhados ao bloco socialista — claramente enquadrado como “interesses extracontinentais”. Fontes clássicas: Piero Gleijeses, Conflicting Missions (2002), e estudos sobre as guerras civis angolanas e a intervenção cubana.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta — na crise congolesa/katanguesa (anos 1960) os atores externos relevantes incluíram Bélgica, multinacionais e a CIA, não Holanda e Itália.
B) Incorreta — o apartheid foi política interna da África do Sul (instituída em 1948). Os EUA não “implantaram” o apartheid na década de 1970; a alternativa confunde atores e causalidade.
C) Incorreta — a França combateu a luta de independência na Argélia (guerra 1954–62), mas não apoiou independências motivada por gás; e o Marrocos teve processos próprios. A motivação e os atores estão mal colocados.
D) Incorreta — a República Popular da China teve atuação limitada e distinta na África nos anos 1960; a afirmação sobre buscar fornecedores de petróleo para Mao e intervenções no Sudão/Etiópia na década de 1960 é imprecisa.
Dica de prova: Identifique no enunciado “interesses extracontinentais” + período indicado; associe isso ao binômio Guerra Fria / intervenção de superpotências. Verifique datas e atores conhecidos (ex.: Cuba/URSS — anos 1970 em Angola e Moçambique).
Fontes sugeridas: P. Gleijeses, Conflicting Missions (2002); obras sobre descolonização africana e a intervenção cubana/ soviética em Angola e Moçambique. Também: Alberto da Costa e Silva (texto-base).
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