Questão 213bd60b-65
Prova:UNESP 2021
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O cronista narra uma série de fatos ocorridos no passado. Um fato anterior a esse tempo passado está indicado pela forma verbal sublinhada em

Para responder à questão, leia a crônica “A obra-prima”, de Lima Barreto, publicada na revista Careta em 25.09.1915.


    Marco Aurélio de Jesus, dono de um grande talento e senhor de um sólido saber, resolveu certa vez escrever uma obra sobre filologia.

    Seria, certo, a obra-prima ansiosamente esperada e que daria ao espírito inculto dos brasileiros as noções exatas da língua portuguesa. Trabalhou durante três anos, com esforço e sabiamente. Tinha preparado o seu livro que viria trazer à confusão, à dificuldade de hoje, o saber de amanhã. Era uma obra-prima pelas generalizações e pelos exemplos.

    A quem dedicá-la? Como dedicá-la? E o prefácio?

    E Marco Aurélio resolve meditar. Ao fim de igual tempo havia resolvido o difícil problema.

   A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de “duas palavras ao leitor” e levaria, como demonstração de sua submissão intelectual, uma dedicatória.

    Mas “duas palavras”, quando seriam centenas as que escreveria? Não. E Marco Aurélio contou as “duas palavras” uma a uma. Eram duzentas e uma e, em um lance único, genial, destacou em relevo, ao alto da página “duzentas e uma palavras ao leitor”.

    E a dedicatória? A dedicatória, como todas as dedicatórias, seria a “pálida homenagem” de seu talento ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar…

    Mas “pálida homenagem”… Professor, autor de um livro de filologia, cair na vulgaridade da expressão comum: “pálida homenagem”? Não. E pensou. E de sua grave meditação, de seu profundo pensamento, saiu a frase límpida, a grande frase que definia a sua ideia da expressão e, num gesto, sulcou o alto da página de oferta com a frase sublime: “lívida homenagem do autor”…

    Está aí como um grande gramático faz uma obra-prima. Leiam-na e verão como a coisa é bela.

(Sátiras e outras subversões, 2016.)

A
“Eram duzentas e uma e, em um lance único, genial, destacou em relevo, ao alto da página ‘duzentas e uma palavras ao leitor’.” (6° parágrafo)
B
“A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de ‘duas palavras ao leitor’ e levaria, como demonstração de sua submissão intelectual, uma dedicatória.” (5° parágrafo)
C
“A dedicatória, como todas as dedicatórias, seria a ‘pálida homenagem’ de seu talento ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar...” (7° parágrafo)
D
“E Marco Aurélio resolve meditar.” (4° parágrafo)
E
Leiam-na e verão como a coisa é bela.” (9° parágrafo)

Gabarito comentado

Elizabeth da SilvaProfessora de Língua Portuguesa e Pós-Graduada em Língua Portuguesa.

Esta questão requer conhecimento acerca das flexões verbais: tempo e modo.

O tempo verbal que exprime um fato passado, anterior a outro também passado é o pretérito mais-que-perfeito do indicativo.

Alternativa (A) incorreta - A forma verbal “destacou" está flexionada no pretérito perfeito do indicativo; exprime um fato concluído no passado.

Alternativa (B) incorreta - A forma verbal “levaria" está flexionada no futuro do pretérito do indicativo; exprime um fato futuro incerto ou hipotético, dependente de outro acontecimento, ou um fato futuro em relação a outro passado.

Alternativa (C) correta - A forma verbal “ensinara" está flexionada no pretérito mais-que-perfeito do indicativo; exprime um fato passado, anterior a outro também passado.

Alternativa (D) incorreta - A forma verbal “resolve" está flexionada no presente do indicativo; exprime um fato que ocorre ao momento em que se fala.

Alternativa (E) incorreta - A forma verbal “leiam" está flexionada no modo imperativo; exprime um comando a ser cumprido pelo interlocutor.

Gabarito da professora: Letra C.

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo