Ao longo do texto, o autor recorre à repetição da
expressão ‘nosso problema linguístico’. Com esse
recurso, o autor pretendeu:
Texto 3
O problema da norma culta
O problema da norma culta – de que tanto se fala hoje no
discurso da escola e da mídia – não se resolve pela
insistência em corrigir pontualmente os erros de português. A norma culta, na função moderna que lhe atribui a
sociedade urbanizada, massificada e alfabetizada, está
diretamente correlacionada com a escolarização, com o
letramento, com a superação do analfabetismo funcional. Nosso problema linguístico não é a regência desse ou
daquele verbo; não é esta ou aquela concordância verbal;
não são as regras de colocação dos pronomes oblíquos.
Nosso problema linguístico são 5 milhões de jovens entre
15 e 17 anos que estão fora da escola. Nosso problema são
os elevados índices de evasão escolar. Nosso problema é
termos ainda algo em torno de 12% de analfabetos na
população adulta. Nosso problema é o tamanho do
analfabetismo funcional, isto é, a quantidade daqueles que,
embora frequentem ou tenham frequentado a escola, não
conseguem ler e entender um texto medianamente
complexo.
Os estudos sugerem que apenas 25% da população adulta
brasileira, perto de 30 milhões de pessoas, conseguem ler e
entender um texto medianamente complexo.
FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira.
São Paulo:
Parábola, 2008.p. 71-72.
Texto 3
O problema da norma culta
Nosso problema linguístico não é a regência desse ou
daquele verbo; não é esta ou aquela concordância verbal;
não são as regras de colocação dos pronomes oblíquos.
Nosso problema linguístico são 5 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que estão fora da escola. Nosso problema são os elevados índices de evasão escolar. Nosso problema é termos ainda algo em torno de 12% de analfabetos na população adulta. Nosso problema é o tamanho do analfabetismo funcional, isto é, a quantidade daqueles que, embora frequentem ou tenham frequentado a escola, não conseguem ler e entender um texto medianamente complexo.
Os estudos sugerem que apenas 25% da população adulta brasileira, perto de 30 milhões de pessoas, conseguem ler e entender um texto medianamente complexo.
Gabarito comentado
Tema central: Coesão textual por repetição lexical. A questão aborda estratégias de interpretação ligadas ao efeito produzido pela repetição de expressões no interior de um texto argumentativo.
Justificativa para a alternativa correta (D):
O autor repete seguidamente a expressão “nosso problema linguístico”. Segundo Irandé Antunes (Lutar com palavras: coesão e coerência), a repetição lexical é um recurso textual utilizado para enfatizar ideias-chave, reforçando conceitos e argumentos ao longo do texto. Assim, a função central dessa repetição é reiterar os pontos defendidos e atribuir maior peso e validade ao argumento apresentado.
A alternativa D traduz esse raciocínio ao afirmar que a repetição "provoca um efeito reiterativo de suas afirmações e imprime ao argumento mais peso e validade". Exatamente o objetivo do autor, dentro do contexto normativo da língua e da interpretação textual.
Análise das alternativas incorretas:
- A) Equívoco: Não visa criar proximidade coloquial, mas enfatizar o argumento.
- B) A repetição existe na oralidade, porém, no texto, tem função estruturante e argumentativa, não mera simulação da fala.
- C) Inverte o sentido: a repetição confere contundência, e não subjetividade ou suavidade.
- E) O texto não busca se aproximar da linguagem jornalística, tampouco adota estratégias de simplificação próprias desse gênero.
Dica importante: Em questões de interpretação, observe sempre a relação entre o recurso linguístico empregado (como a repetição) e o efeito pretendido no texto. No caso, a insistência na mesma expressão amplia a força do discurso – ferramenta clássica de ênfase no texto argumentativo.
Resumo da regra: Pela norma-padrão e pelas gramáticas de referência (como Antunes, Bechara, Cunha & Cintra), a repetição lexical é um recurso legítimo de coesão e serve para enfatizar ideias e reforçar argumentos.
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