Questão 211f8af8-09
Prova:UNICENTRO 2012
Disciplina:Filosofia
Assunto:Ética e Liberdade, Conceitos Filosóficos

Sobre Filosofia e Ciência, é correto afirmar:

A
A neutralidade científica é um mito.
B
A racionalidade instrumental não é reducionista.
C
Aristóteles é um dos grandes referenciais da ciência moderna.
D
No pensamento Grego, a Ciência estava separada da Filosofia.
E
As explicações científicas não diferem das explicações do senso comum.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa A

Tema e importância. A questão trata da relação entre Filosofia e Ciência, especialmente sobre se a ciência é neutra. Para concursos, é essencial entender conceitos como neutralidade, racionalidade instrumental, historicidade da ciência e diferença entre explicação científica e senso comum.

Resumo teórico conciso. A ideia de neutralidade científica — que a ciência seria totalmente isenta de valores sociais, políticos ou éticos — foi criticada por filósofos e sociológos da ciência. Thomas Kuhn (A Estrutura das Revoluções Científicas) mostrou que teorias e paradigmas influenciam observação; Karl Popper destacou critérios metodológicos, não garantia de neutralidade social; Bruno Latour e a sociologia da ciência apontam que práticas científicas estão impregnadas de interesses, instituições e valores. Habermas distingue racionalidade instrumental (meios-fins) da racionalidade comunicativa (valores e normas), mostrando limites da neutralidade puramente técnica.

Por que a alternativa A é correta. Dizer que "a neutralidade científica é um mito" reconhece que escolhas sobre o que pesquisar, como interpretar dados e aplicar conhecimentos envolvem juízos de valor e contexto social. Exemplos: financiamento privado orienta agendas; avaliações de risco implicam valores; escolhas teóricas afetam quais dados são considerados relevantes. Portanto, afirmar que a ciência é completamente neutra é equivocação conceitual.

Análise das alternativas incorretas.

B — "A racionalidade instrumental não é reducionista." Errado: a racionalidade instrumental é, por definição, centrada em meios para fins determinados, podendo reduzir complexidade a cálculo de eficiência e ignorar valores qualitativos. Habermas critica exatamente esse caráter limitado.

C — "Aristóteles é um dos grandes referenciais da ciência moderna." Parcialmente enganoso: Aristóteles foi fundamental na tradição naturalista antiga, mas a ciência moderna (método empírico-matemático de Galileu, Bacon, Newton) rompeu com muitos pressupostos aristotélicos. Logo, tratá‑lo como referencial direto da ciência moderna é impreciso.

D — "No pensamento Grego, a Ciência estava separada da Filosofia." Falso: para os gregos clássicos não havia separação clara; a "philosophia" abarcava investigação sobre natureza (physis) e conhecimento em geral. A separação ocorreu muito depois, na época moderna.

E — "As explicações científicas não diferem das explicações do senso comum." Incorreto: explicações científicas usam métodos sistemáticos, testabilidade, generalização e formalização teórica; o senso comum é empírico-prático e não segue esses critérios de validação.

Dica de prova. Procure termos absolutos (sempre, nunca) e pense historicamente: relacionamentos entre ciência e filosofia mudam ao longo do tempo. Questões sobre neutralidade pedem articulação entre filosofia da ciência e sociologia da ciência.

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