Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e
as falsas ( F ), com base no pensamento de Buttel, conforme o texto.
( ) O caráter dual do homem se revela em seu
comportamento passivo, sujeito às forças da
natureza, e, ao mesmo tempo, em seu comportamento agentivo, capaz de atuar sobre a
natureza.
( ) O antropocentrismo sociológico é responsável
por ter transformado a Sociologia num ramo
da ecologia comportamental.
( ) O ser humano é uma espécie do mundo animal que se singulariza por sua capacidade de
criar uma cultura e comunicação simbólica.
( ) A compreensão do desenvolvimento histórico
e do futuro das sociedades humanas prescinde de considerar o substrato ecológico e
material da existência humana.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo.
Sociologia Ambiental
O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:
O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.
Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.
RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.
72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]
Sociologia Ambiental
O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:
O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.
Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.
RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.
72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de Texto
A questão avalia a habilidade de ler atentamente e identificar informações explícitas e implícitas no texto, exigindo a análise cuidadosa dos posicionamentos de Frederick Howard Buttel.
Justificativa da alternativa correta (B):
Vamos analisar cada afirmativa:
1. (V) — O texto afirma que o homem é parte da natureza (passivo, sujeito a ela) e também agente modificador. Isso confirma a dualidade destacada.
2. (F) — Não procede: segundo o texto, o antropocentrismo sociológico limita a compreensão, mas a sociologia não se tornou um ramo da ecologia comportamental. Muito pelo contrário, “não pode nem deve se tornar”. Aqui é comum a banca inserir uma pegadinha; a leitura apressada pode confundir.
3. (V) — Corretíssima! O texto reforça que o humano é “singular em todo o mundo animal”, destacando sua capacidade de criar cultura e comunicação simbólica. {Trecho base: “O ser humano […] é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica.”}
4. (F) — Errada! O texto diz exatamente o oposto: não é possível compreender plenamente o desenvolvimento social sem considerar o substrato ecológico/material. A expressão “prescinde de considerar” (“dispensa” essa consideração) distorce o sentido original.
Estratégia de resolução: Atente-se a palavras-chave (como “prescinde”), negativas e termos absolutos. Leia até o fim, identificando o que está explícito e o que é distorção.
Comentando as alternativas:
A alternativa B) V • F • V • F é a correta, pois respeita fielmente o conteúdo do texto.
As demais erram ao inverter ou inventar afirmações que o autor jamais fez.
Base normativa: Segundo Bechara (Modernas Gramática Portuguesa), a interpretação textual exige a busca do sentido real, cuidando com inferências precipitadas. Obras como a de Koch & Elias também enfatizam a atenção à coerência lógica e semântica do texto.
Lembre-se: palavras-negativas mudam totalmente o sentido. Leia cada enunciado cuidadosamente para evitar enganos comuns em provas de interpretação!
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