Neste trecho, Lênin destaca uma divergência interpretativa da doutrina marxista entre algumas correntes
políticas.
Assim, na revolução de 1917, quando a questão da significação do papel do Estado foi posta em toda a sua
amplitude, posta praticamente, como que reclamando uma ação imediata das massas, todos os socialistas revolucionários e todos os mencheviques, sem exceção, caíram, imediata e completamente, na teoria
burguesa da "conciliação" das classes pelo "Estado". Inúmeras resoluções e artigos desses políticos estão
profundamente impregnados dessa teoria burguesa e oportunista da "conciliação". Essa democracia
pequeno-burguesa é incapaz de compreender que o Estado seja o órgão de dominação de uma
determinada classe que não pode conciliar-se com a sua antípoda (a classe adversa). A sua noção do
Estado é uma das provas mais manifestas de que os nossos socialistas-revolucionários e os nossos
mencheviques não são socialistas, como nós, os bolcheviques, sempre o demonstramos, mas democratas
pequeno-burgueses de fraseologia aproximadamente socialista.
Fonte: LENIN, Vladimir Ilitch. O Estado e a revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2007. p. 12.
Sobre a divergência interpretativa da doutrina marxista, o revolucionário critica a ideia de que o Estado
poderia:
Gabarito comentado
Gabarito: C
Tema central: a questão trata da interpretação marxista do Estado e da crítica de Lênin às correntes que defendiam a “conciliação das classes”. Essencial para concursos: entender que, segundo Marx e Lênin, o Estado é um instrumento de dominação de classe, não um árbitro neutro.
Breve resumo teórico: Para Marx/Engels e para Lênin, o Estado expressa e protege os interesses de uma classe dominante; portanto, não pode ser simplesmente um mediador imparcial entre classes antagônicas. Lênin, em O Estado e a Revolução (1917), critica socialistas que adotaram a ideia burguesa de que o Estado poderia reconciliar burguesia e proletariado.
Justificativa da alternativa correta (C): A alternativa C — “intermediar as disputas entre burguesia e proletariado” — captura exatamente a objeção leninista. O trecho acusa mencheviques e socialistas-revolucionários de crer que o Estado poderia conciliar classes. Lênin rebate: o Estado é um órgão de dominação de uma determinada classe, logo não pode cumprir função de mediação neutra entre burguesia e proletariado.
Análise das alternativas incorretas:
A. “Intervir na mobilização das massas.” — Incorreta: o Estado pode, de fato, atuar sobre as massas (repressão, políticas, propaganda), mas o trecho discute especificamente a ideia de conciliação de classes, não a capacidade de intervenção.
B. “Oferecer um acesso mais seguro à democracia.” — Incorreta: Lênin critica a “democracia pequeno-burguesa” como uma máscara que esconde dominação de classe; a crítica não é sobre segurança do acesso democrático, mas sobre a ilusão de neutralidade do Estado.
D. “Satisfazer apenas as aspirações da pequena burguesia.” — Incorreta: embora Lênin chame certo socialismo de “pequeno-burguês”, a objeção central é mais ampla: o Estado serve aos interesses de uma classe dominante (geralmente a burguesia), não que sua função seja limitar-se a satisfazer apenas a pequena burguesia.
Dica de interpretação: procure termos-chave no enunciado (por exemplo, “conciliação”, “órgão de dominação”, “classe”) e relacione-os à teoria marxista clássica. Em provas, alternativas que atribuem neutralidade ou mediação imparcial ao Estado costumam ser falsas frente à perspectiva marxista-leninista.
Referências: LENIN, V. I., O Estado e a Revolução (1917); MARX & ENGELS, Manifesto Comunista (1848).
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