Questão 1ab3e935-30
Prova:UNESP 2016
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Processo de Independência: dos movimentos nativistas à libertação de Portugal

  Em meados do século o negócio dos metais não ocuparia senão o terço, ou bem menos, da população. O grosso dessa gente compõe-se de mercadores de tenda aberta, oficiais dos mais variados ofícios, boticários, prestamistas, estalajadeiros, taberneiros, advogados, médicos, cirurgiões-barbeiros, burocratas, clérigos, mestres-escolas, tropeiros, soldados da milícia paga. Sem falar nos escravos, cujo total, segundo os documentos da época, ascendia a mais de cem mil. A necessidade de abastecer-se toda essa gente provocava a formação de grandes currais; a própria lavoura ganhava alento novo.
(Sérgio Buarque de Holanda. “Metais e pedras preciosas”. História geral da civilização brasileira, vol 2, 1960. Adaptado.)
De acordo com o excerto, é correto concluir que a extração de metais preciosos em Minas Gerais no século XVIII

A
impediu o domínio do governo metropolitano nas áreas de extração e favoreceu a independência colonial.
B
bloqueou a possibilidade de ascensão social na colônia e forçou a alta dos preços dos instrumentos de mineração.
C
provocou um processo de urbanização e articulou a economia colonial em torno da mineração.
D
extinguiu a economia colonial agroexportadora e incorporou a população litorânea economicamente ativa.
E
restringiu a divisão da sociedade em senhores e escravos e limitou a diversidade cultural da colônia.

Gabarito comentado

Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
O trecho do texto de Sérgio Buarque de Hollanda tem como objeto a sociedade da região das Minas, no século XVIII. É bastante interessante na medida em que desconstrói dois mitos acerca do período colonial da história do Brasil. O primeiro seria que a estrutura sócio econômica de todas as regiões era, senão igual, bastante semelhante. O segundo mito é aquele que a classificação da estrutura social da época colonial como dual, ou seja, uma sociedade composta de senhores e escravos. As duas ideias, embora tenham elementos corretos, não abarcam a complexidade e variedade das regiões coloniais. A questão demanda que se aponte efeitos do desenvolvimento da região mineradora.
Passemos às alternativas.
A) ERRADA – A região das minas era, exatamente pelo caráter da produção da área, alvo de controle mais rígido da metrópole portuguesa. Foi criada a Intendência das Minas, controlada diretamente pela Coroa, sendo o intendente por ela indicado. Por isso percebe-se que a afirmativa está incorreta. Ela defende exatamente o oposto.
B) ERRADA – Por conta de atrair população em busca de enriquecimento rápido ou, ainda, fornecedores dos artigos necessários ao funcionamento das minas, a região mineradora favoreceu o enriquecimento e a possibilidade de ascensão social. Mesmo que tenha havido, em um primeiro momento, um aumento de preços do material necessário ao trabalho, o enriquecimento era compensador. Por tudo isso a afirmativa não está correta 
C) CORRETA – A região mineradora em Minas Gerais foi um polo atrator de várias atividades para o abastecimento da mesma. Ao contrário das unidades açucareiras, as Datas de exploração de minérios e pedras preciosas não eram auto suficientes, precisando de variada gama de serviços. Por conseguinte, desenvolve-se uma economia mais diversificada do que em regiões agrícolas e, aglutinada em áreas urbanas. A cidade era não só centro administrativo, mas centro comercial e de serviços. 
D) ERRADA – A região mineradora ou a economia mineradora NÃO é incompatível com o desenvolvimento das regiões agrícolas, até mesmo porque Minas Gerais não se encontra no litoral, tampouco no NE. Ao contrário, o transporte da riqueza das “Geraes", para o litoral levou ao crescimento de núcleos sócioeconômicos, urbanos e agrícolas ao longo do caminho - vide a Estrada Real, que unia Vila Rica (Ouro Preto) à Paraty.
E) ERRADA – Por ser uma região rica e urbanizada, a região mineradora desenvolve uma sociedade bastante diversificada – o que é, aliás, o que mostra o trecho transcrito, de autoria de Sérgio Buarque de Hollanda. Há uma grande variedade de tipos sociais, além dos senhores e escravos. Ainda é a região berço de intensa atividade cultural, com especial destaque para um estilo específico de arquitetura e escultura – o Barroco brasileiro – que tem no famoso Aleijadinho seu expoente.
RESPOSTA CORRETA : C

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