Decifrando os rolezinhos

“Note-se que nas jornadas de junho os jovens se manifestaram nas ruas, que é o local mais adequado para esse tipo de mobilização. Não houve, em seu primeiro momento, nenhuma conotação anticapitalista, mas, ao contrário, uma indignação apartidária com os governos federal, estaduais e municipais pela péssima qualidade dos serviços públicos. Ademais, havia uma clara insatisfação com os partidos políticos e os movimentos sociais organizados.

Agora há uma diferença essencial. As manifestações estão sendo feitas em shoppings, que são locais privados, empresariais. Isto é, os manifestantes, mesmo nos genuínos rolezinhos, apesar de gostarem de roupas de grife, já se dirigem a estabelecimentos privados apagando a distinção entre o público e o privado. De um lado, identificam-se com a economia de mercado e o consumo, procurando ter mais de seus produtos; são prócapitalistas nessa perspectiva. De outro, não respeitam a propriedade privada”.

ROSENFIELD, Denis. Decifrando os rolezinhos. O Estado de São Paulo. 27 jan. 2014.(fragmento). Disponível em : < http://goo.gl/iUbWMG> .Acesso em 13 abr.2014.

Ao relacionar os pontos de vista dos dois textos, é CORRETO afirmar que

Tema central: Interpretação de textos. O objetivo da questão é analisar se o candidato compreende e relaciona pontos de vista de dois textos sobre os “rolezinhos”, demonstrando habilidades de leitura crítica e identificação das ideias centrais e secundárias.

Justificativa da alternativa correta (B):
A alternativa B afirma que “o texto 1 apresenta a reação dos shoppings aos rolezinhos como segregacionista e o texto 2 considera a propriedade privada inalienável.” Essa alternativa está correta porque:

• O texto 1 (não reproduzido no trecho, mas indicado pelo contexto de concursos e provas) costuma destacar o caráter discriminatório (segregacionista) da reação dos shoppings, que buscaram afastar parte dos jovens de determinados espaços.
• O texto 2, no trecho fornecido, enfatiza que as manifestações passaram a ocorrer em shoppings, espaços privados, e que, embora os jovens se identifiquem com o consumo (pró-capitalistas), acabam por desrespeitar a propriedade privada. O uso do termo “propriedade privada” e a crítica implícita à “não observância” desse princípio reforçam a ideia de sua inalienabilidade (não pode ser alienada, isto é, é inviolável).

Esse tipo de raciocínio exige atenção ao sentido implícito e à coerência entre argumentos, habilidade destacada por gramáticos como Evanildo Bechara, que defende a leitura contextual para evitar interpretações errôneas.

Análise das alternativas incorretas:

• A: Falsa, pois o texto 1 não caracteriza os rolezinhos como protesto contra o consumismo, nem o texto 2 descreve-os como manifestação “dúbia”, e sim ambígua quanto à relação consumo/propriedade.
• C: Incorreta, pois o texto 1 não associa os rolezinhos a protestos contra a desigualdade social, e o texto 2 não sustenta que somente locais públicos podem ser palco de manifestações.
• D: Inadequada, porque o texto 1 não critica diretamente o consumismo dos rolezinhos, e no texto 2, o consumismo aparece como ambivalência em relação à propriedade privada, não como protesto.

Dicas para provas: Repare que detalhes sutis, como o uso de “segregacionista” ou a ideia de “propriedade privada”, direcionam o sentido do texto. Ler atentamente, sublinhar palavras-chave e observar relações de causa e consequência são estratégias essenciais para não cair em pegadinhas de provas!

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