Considere as afirmativas a seguir.
I. No poema Auto-retrato, como em boa parte de sua
obra, Manuel Bandeira apresenta uma visão bem
humorada dos sofrimentos e descontentamentos
do ser humano diante de suas limitações.
II. Clarice Lispector escreveu contos e romances que
discutem a relevância do contexto social para os
personagens de suas narrativas, com uma
perspectiva politicamente engajada.
III. Escritores brasileiros do século XX, Clarice
Lispector e Manuel Bandeira se aproximam pela
tendência negativista, apresentando sempre o
homem por seus hábitos e características mais
condenáveis.
IV. Manuel Bandeira é considerado um autor da
primeira geração modernista, enquanto Clarice
Lispector filia-se à terceira geração de autores do
modernismo brasileiro.
Estão corretas:
Considere as afirmativas a seguir.
I. No poema Auto-retrato, como em boa parte de sua obra, Manuel Bandeira apresenta uma visão bem humorada dos sofrimentos e descontentamentos do ser humano diante de suas limitações.
II. Clarice Lispector escreveu contos e romances que discutem a relevância do contexto social para os personagens de suas narrativas, com uma perspectiva politicamente engajada.
III. Escritores brasileiros do século XX, Clarice Lispector e Manuel Bandeira se aproximam pela tendência negativista, apresentando sempre o homem por seus hábitos e características mais condenáveis.
IV. Manuel Bandeira é considerado um autor da primeira geração modernista, enquanto Clarice Lispector filia-se à terceira geração de autores do modernismo brasileiro.
Estão corretas:
TEXTO 4
Auto-retrato
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.”
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Aguilar, 1983)
TEXTO 5
Felicidade clandestina (excerto)
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos
excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um
busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos
achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois
bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas
possuía o que qualquer criança devoradora de
histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para
aniversário, em vez de pelo menos um livrinho
barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal
da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do
Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes
mais do que vistas. Atrás escrevia com letra
bordadíssima palavras como “data natalícia” e
“saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda
era pura vingança, chupando balas com barulho.
Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos
imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de
cabelos livres. Comigo exerceu com calma
ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu
nem notava as humilhações a que ela me submetia:
continuava a implorar-lhe emprestados os livros que
ela não lia.”
(Clarice Lispector. Felicidade clandestina: contos. Rio de Janeiro:
Rocco, 1998)
Auto-retrato
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;