Questão 173b5b97-b3
Prova:IF-MT 2017
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Brasil Monárquico – Segundo Reinado 1831- 1889

Um dos eventos mais estudados durante o Segundo Reinado é a “Guerra contra o Paraguai”, que estourou na Bacia do Prata em 1864 e se estendeu até 1870. O trecho a seguir integra um conjunto de memórias sobre o conflito.

[...] Não tínhamos exército quando começara a luta no Sul. Decorrente dos princípios da regência trina, que fora instituída a guarda nacional, o pacífico reinado de D. Pedro II – a grande exceção entre as nações do século XIX – continuara a mesma orientação avessa a inúteis gastos militares num país necessitado de tudo, ainda embrionário, recém-saído do torpor colonial, que por três séculos o mantivera modorrento e deserto [...] Fora preciso tudo improvisar sob o ataque de Solano López. Às pressas foram ajuntados voluntários, marinha de guerra, armamento, munições, corpos de saúde, de engenharia, abastecimento etc., para acudir a ingrata contingência que não tínhamos provocado.

(Fonte: “Vida cotidiana em São Paulo no século XIX”, de Carlos Eugênio Marcondes de Moura, página 228)

Baseando-se no texto, assinale a alternativa cuja leitura NÃO está de acordo com as ideias defendidas pelo autor:

A
Elogia a insubordinação das classes militares diante das ordens do imperador.
B
Reforça a figura de D. Pedro II como um imperador pacífico e ordenador.
C
Propõe a interpretação que retira qualquer responsabilidade do Brasil pelo início do conflito na Bacia do Prata.
D
O texto destaca o despreparo do Exército brasileiro frente à Guerra contra o Paraguai.
E
prova a política de D. Pedro II no que diz respeito ao baixo investimento no setor militar, por acreditar que o Brasil tinha outras prioridades.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: A questão explora interpretação de texto sobre a Guerra do Paraguai e a política imperial durante o Segundo Reinado — especialmente o pacifismo de D. Pedro II, o baixo investimento militar e o improviso diante do conflito. Conhecimentos de historiografia do Brasil imperial e leitura atenta de trechos textuais são necessários.

Resumo teórico: No Segundo Reinado houve tendência ao pacifismo estatal e uso da Guarda Nacional como força interna, resultando em forças armadas menos profissionais. A Guerra do Paraguai (1864–1870) expôs esse despreparo e obrigou o país a mobilizar voluntários e recursos às pressas (ver Carlos Eugênio Marcondes de Moura). A historiografia (ex.: José Murilo de Carvalho) trata D. Pedro II como um monarca moderado, avesso a grandes despesas militares.

Por que A é a alternativa correta (isto é, a que NÃO está de acordo com o texto)

O enunciado pede a alternativa que não condiz com o texto. A afirma que o autor elogia "a insubordinação das classes militares diante das ordens do imperador". O texto não elogia insubordinação: descreve falta de exército, a política pacifista do imperador e a necessidade de improvisar para responder ao ataque de Solano López. Não há nenhuma menção a elogio de rebeldia militar — portanto A representa uma leitura errônea e inventada do trecho, sendo corretamente a opção NÃO conforme.

Análise das demais alternativas (por que estão de acordo com o texto)

B — Correta em relação ao texto: este caracteriza D. Pedro II como pacífico e ordenado, contrapondo-o às nações beligerantes do século XIX.

C — Em acordo: o autor afirma explicitamente que a contingência "não tínhamos provocado", afastando responsabilidade brasileira pelo início do conflito.

D — Em acordo: o trecho destaca o despreparo das forças ("Não tínhamos exército", improvisos, mobilização de voluntários), apontando fragilidade militar.

E — Em acordo: o texto justifica a pouca ênfase em gastos militares por opção política do imperador e pelo contexto de prioridades nacionais, evidenciando baixo investimento na defesa.

Dica de interpretação: Procure no texto por palavras-chave (negações, adjetivos e causas). Para achar a alternativa incorreta, compare literalmente o que o autor afirma com o sentido exato da alternativa; desconfie de termos fortes como "elogia insubordinação" quando o texto fala de "despreparo" ou "pacifismo".

Fontes: Carlos Eugênio Marcondes de Moura (citado no material-base); para contexto historiográfico sobre o Império e D. Pedro II, consulte obras de José Murilo de Carvalho.

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