Questão 139f091a-12
Prova:UNICENTRO 2011
Disciplina:Filosofia
Assunto:Ética e Liberdade, Conceitos Filosóficos

A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação do real conviveram sem que se traçasse um corte temporal mais preciso.


Com base nessa afirmativa, é correto afirmar:

A
O modo de vida fechado do povo grego facilitou a passagem do Mito ao Logos.
B
A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi responsabilidade dos tiranos de Siracusa.
C
A economia grega estava baseada na industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito ao Logos.
D
O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava com outros povos com as mesmas preocupações e culturas, o que contribuiu para a passagem do Mito ao Logos.
E
A atividade comercial e as constantes viagens oportunizaram a troca de informações/conhecimentos, a observação/assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a construção da passagem do Mito ao Logos.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: E

Tema central: trata-se da transição do pensamento mítico (explicações baseadas em deuses e narrativas sagradas) para o pensamento racional (logos) na Grécia arcaica. Entender esse processo exige conhecimento de história grega, presocráticos e fatores sociais como comércio, colonização e contatos culturais.

Resumo teórico: o passo do mito ao logos não foi súbito: ocorreu entre os séculos VIII–VI a.C. Com a expansão marítima e as colônias, os gregos entraram em contato com povos do Próximo Oriente (ex.: fenícios), adotaram o alfabeto, trocaram técnicas e observações. Esse ambiente favoreceu explicações racionais e sistemáticas sobre a natureza — exemplificado pelos filósofos jônicos (Tales, Anaximandro), que buscavam princípios naturais em vez de causas míticas. (Ver: Kirk, Raven & Schofield, The Presocratic Philosophers; Burkert, Greek Religion.)

Por que E está correta: a alternativa E identifica corretamente fatores sociais e econômicos decisivos: a atividade comercial e as viagens ampliaram o repertório de experiências, possibilitaram comparações, transferência de tecnologias e adoção do alfabeto — condições materiais e cognitivas que estimularam explicações racionais. Essas interações foram motoras no desenvolvimento do pensamento científico-pragmático.

Análise das alternativas incorretas:

A — «modo de vida fechado» é o oposto do que favoreceu a mudança. A abertura ao exterior é que provocou o intercâmbio de ideias; portanto, A está errada.

B — atribuir a transição aos tiranos de Siracusa é impreciso e anacrônico: Siracusa torna-se relevante mais tarde e localmente; a passagem do mito ao logos é um fenômeno amplo e anterior a essa associação.

C — a menção à «industrialização» é anacrônica para a Grécia antiga. Não houve industrialização moderna; a explicação falha por usar um conceito histórico inadequado.

D — afirmar que os outros povos tinham «as mesmas preocupações e culturas» é simplificador: houve contatos e influência mútua, mas as contribuições decisivas foram a troca de saberes e práticas (como o alfabeto), não uma identidade cultural plena. Além disso, D não destaca a atividade comercial como vetor central, diferindo assim de E.

Dica de prova: busque palavras-chave (ex.: comércio, viagens, alfabetização, colonização). Desconfie de alternativas anacrônicas ou que exagerem causalidade localizada (ex.: "foi responsabilidade de...").

Bibliografia recomendada: Kirk, Raven & Schofield — The Presocratic Philosophers; Burkert — Greek Religion.

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