A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação do real conviveram sem que se traçasse um corte temporal mais preciso.
Com base nessa afirmativa, é correto afirmar:
Com base nessa afirmativa, é correto afirmar:
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: trata-se da transição do pensamento mítico (explicações baseadas em deuses e narrativas sagradas) para o pensamento racional (logos) na Grécia arcaica. Entender esse processo exige conhecimento de história grega, presocráticos e fatores sociais como comércio, colonização e contatos culturais.
Resumo teórico: o passo do mito ao logos não foi súbito: ocorreu entre os séculos VIII–VI a.C. Com a expansão marítima e as colônias, os gregos entraram em contato com povos do Próximo Oriente (ex.: fenícios), adotaram o alfabeto, trocaram técnicas e observações. Esse ambiente favoreceu explicações racionais e sistemáticas sobre a natureza — exemplificado pelos filósofos jônicos (Tales, Anaximandro), que buscavam princípios naturais em vez de causas míticas. (Ver: Kirk, Raven & Schofield, The Presocratic Philosophers; Burkert, Greek Religion.)
Por que E está correta: a alternativa E identifica corretamente fatores sociais e econômicos decisivos: a atividade comercial e as viagens ampliaram o repertório de experiências, possibilitaram comparações, transferência de tecnologias e adoção do alfabeto — condições materiais e cognitivas que estimularam explicações racionais. Essas interações foram motoras no desenvolvimento do pensamento científico-pragmático.
Análise das alternativas incorretas:
A — «modo de vida fechado» é o oposto do que favoreceu a mudança. A abertura ao exterior é que provocou o intercâmbio de ideias; portanto, A está errada.
B — atribuir a transição aos tiranos de Siracusa é impreciso e anacrônico: Siracusa torna-se relevante mais tarde e localmente; a passagem do mito ao logos é um fenômeno amplo e anterior a essa associação.
C — a menção à «industrialização» é anacrônica para a Grécia antiga. Não houve industrialização moderna; a explicação falha por usar um conceito histórico inadequado.
D — afirmar que os outros povos tinham «as mesmas preocupações e culturas» é simplificador: houve contatos e influência mútua, mas as contribuições decisivas foram a troca de saberes e práticas (como o alfabeto), não uma identidade cultural plena. Além disso, D não destaca a atividade comercial como vetor central, diferindo assim de E.
Dica de prova: busque palavras-chave (ex.: comércio, viagens, alfabetização, colonização). Desconfie de alternativas anacrônicas ou que exagerem causalidade localizada (ex.: "foi responsabilidade de...").
Bibliografia recomendada: Kirk, Raven & Schofield — The Presocratic Philosophers; Burkert — Greek Religion.
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