A seguinte passagem foi extraída do texto “O último carnaval da vitória”, que
integra o livro Os da minha rua, do escritor angolano Ondjaki:
“Ficamos todos a ver o desfile e era um mês de março. O locutor deu alguma
informação errada sobre o carnaval, e um dos primos disse que não era assim, que aquele
era o Carnaval da Vitória porque a 27 de março se comemorava o dia em que as forças
armadas tinham expulsado o último sul-africano de solo angolano”.
O trecho aborda a infância do personagem Ndalu, em Luanda, Angola, na década
de 1980. No texto, o personagem principal lembra-se da festa que ganhou o nome
de Carnaval da Vitória, após a independência do país, em 1975. Sobre a dominação
portuguesa na África, é correto afirmar que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: descolonização portuguesa em África e a relação entre as guerras coloniais (1961–1974) e a crise interna em Portugal que levou à Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974). É preciso ligar causas políticas, militares e econômicas do impasse colonial ao colapso do Estado Novo.
Resumo teórico: O Estado Novo manteve longas guerras em Angola, Moçambique e Guiné, com grande desgaste financeiro, mobilização obrigatória e isolamento internacional. Essas guerras influenciaram setores das Forças Armadas Portuguesas, que realizaram o golpe de 1974 (MFA), pondo fim ao regime e acelerando a descolonização. Fontes gerais: Encyclopaedia Britannica; Oxford Research Encyclopedia — temas sobre descolonização europeia.
Justificativa da alternativa B: Ela relaciona corretamente as guerras de independência portuguesas à crise económica e política que desembocou na Revolução dos Cravos, que derrubou o regime e abriu o processo de democratização e descolonização. Esse encadeamento é consenso historiográfico: as campanhas coloniais foram fator decisivo para o descontentamento nas Forças Armadas e na sociedade portuguesa.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta. Movimentos de libertação angolanos e moçambicanos não receberam apoio militar primário de Inglaterra ou França. Pelo contrário, tiveram apoio político/militar da URSS, Cuba e outros países africanos/socialistas, enquanto Portugal combatia como potência colonial.
C — Incorreta. É impreciso colocar o tráfico transatlântico de escravos como atividade principal das colónias nos séculos XIX–XX: o tráfico foi importante até ao século XIX, mas já estava abolido e as economias coloniais passaram a centrar-se em agricultura de exportação, plantações e, em algumas zonas, mineração (ex.: diamantes em Angola).
D — Incorreta. As fronteiras coloniais foram definidas sobretudo durante a “Partilha da África” vinculada à Conferência de Berlim (1884–85), anterior à Primeira Guerra Mundial, não por acordos pós-Primeira Guerra Mundial.
E — Incorreta (imprecisa). A África do Sul interveio em Angola para combater movimentos de libertação (e para conter influência comunista/SWAPO), mas não há evidência de um objetivo formal de anexar o sul de Angola ao seu território — a intervenção foi motivada por segurança regional e apoio a facções anticomunistas.
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