Na época em que Manuel Antonio de Almeida publicou Memórias de um sargento de milícias, havia acirrada disputa entre os Partidos Conservador e Liberal. O livro saiu, primeiramente, em folhetim na seção humorística denominada “Pacotilha”, do Correio Mercantil, principal jornal ligado ao Partido Liberal, entre 1852 e 1853. Nesse período, cunhou-se uma célebre frase atribuída ao político pernambucano Antônio Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti de Albuquerque: “Nada se assemelha mais a um ‘saquarema’ do que um ‘luzia’ no poder.” Sobre a vida econômica e política do período em questão, é correto afirmar que:

Os liberais propuseram uma aliança com os conservadores, em 1848, com o objetivo de fazerem oposição à arbitrariedade do Poder Moderador.

Havia disputa entre proprietários de terras e de escravos, de um lado, e comerciantes e financistas, de outro, mas o jogo político desse período, e não só dele, em boa medida não se fazia para alcançarem objetivos ideológicos.

O Partido Conservador apoiou a reforma constitucional de 1847, proposta pelo Imperador, a qual acabou não sendo promulgada.

Em 1848, D. Pedro II designou um representante do Partido Conservador para a chefia da polícia civil, enquanto alguns membros do Partido Liberal receberam cargos no Poder Judiciário.

O conflito entre D. Pedro II e o Partido Liberal foi motivado pela revolta popular que este último liderou e que reivindicava melhores condições de trabalho, conhecida como Revolta da Chibata.

Gabarito comentado

Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa B

Tema central: política e economia do Brasil imperial (décadas de 1840–1850): disputa entre os partidos saquarema (Conservador) e luzia (Liberal) e a natureza dos conflitos políticos — mais pragmáticos e clientelistas do que ideológicos.

Resumo teórico: A elite agrária (grandes proprietários e senhores de escravos) convivia com setores urbanos emergentes — comerciantes, armadores e financistas. A luta entre Conservadores e Liberais envolvia controle de aparelhos do Estado, nomeações e regalias (patronagem), não a defesa de programas ideológicos claramente distintos. Historiadores como Boris Fausto e José Murilo de Carvalho mostram que o jogo político imperial era orientado por interesses locais e oligárquicos.

Por que a alternativa B está correta: Ela descreve com precisão a base social dos partidos (proprietários/escravistas vs. comerciantes/finanças) e ressalta que a disputa visava, em grande medida, acesso a cargos, favores e recursos — não diferenças ideológicas profundas. Isso condiz com a historiografia sobre clientelismo e política de gabinete do Segundo Reinado.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Não houve, em 1848, proposta liberal de aliança com os conservadores para enfrentar o Poder Moderador; pelo contrário, as rivalidades pelo controle do Estado persistiam e o Poder Moderador (imperador) continuou central.

C — Incorreta. A frase afirma apoio conservador a uma reforma constitucional de 1847 proposta pelo imperador; não há registro consistente de uma reforma constitucional promovida então e apoiada pelos conservadores nessa formulação.

D — Incorreta. A simples afirmação de nomeações genéricas em 1848 (chefe da polícia civil conservador, cargos do Judiciário a liberais) é uma simplificação indevida e não representa uma mudança sistêmica ou fato marcante que caracterize o período.

E — Incorreta e anacrônica. A Revolta da Chibata ocorreu em 1910; portanto não pode ser causa de conflito entre D. Pedro II e o Partido Liberal no século XIX.

Dica de prova: confira datas (pegadinha comum), identifique grupos sociais citados e pergunte-se se a alternativa descreve políticas/ideologias ou disputa por clientelas e cargos.

Fontes: Boris Fausto, História do Brasil; José Murilo de Carvalho, Cidadania no Brasil.

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