Rodrigo Duarte, um destacado intérprete da Escola de Frankfurt no Brasil, afirma que, na indústria cultural, “encontram-se embutidos atos de violência, oriundos do comprometimento tanto econômico quanto ideológico da indústria cultural com o status quo: ela precisa, por um lado, lucrar, justificando sua posição de próspero ramo de negócios; por outro, ela tem de ajudar a garantir a adesão das massas diante da situação precária em que elas se encontram no capitalismo tardio”.
.DUARTE, Rodrigo. Indústria Cultural: uma introdução. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010, p. 49.
Com base no texto acima, é correto afirmar que
Rodrigo Duarte, um destacado intérprete da Escola de Frankfurt no Brasil, afirma que, na indústria cultural, “encontram-se embutidos atos de violência, oriundos do comprometimento tanto econômico quanto ideológico da indústria cultural com o status quo: ela precisa, por um lado, lucrar, justificando sua posição de próspero ramo de negócios; por outro, ela tem de ajudar a garantir a adesão das massas diante da situação precária em que elas se encontram no capitalismo tardio”.
.DUARTE, Rodrigo. Indústria Cultural: uma introdução. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010, p. 49.
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa C
Tema central: a questão trata da noção de indústria cultural (Escola de Frankfurt) e de como ela combina interesses econômicos e funcionais ideológicos para manter o status quo — produzindo tanto exploração quanto conformismo nas massas.
Resumo teórico (sintético): segundo Adorno & Horkheimer (Dialética do Esclarecimento) e interpretações como a de Rodrigo Duarte, a indústria cultural transforma cultura em mercadoria. Esse processo tem dupla consequência: 1) função econômica — lucro e exploração dos meios de produção cultural; 2) função ideológica — difusão de conteúdos que garantem a adesão das massas e a passividade frente às relações capitalistas. A violência mencionada é simbólica e estrutural, não apenas física: refere-se à imposição e reprodução de uma ordem social.
Justificativa da alternativa correta (C): a alternativa C resume corretamente ambos os lados apontados no texto: a exploração do trabalhador cultural e a imposição, às massas, de uma ideologia de passividade. Isso está em consonância com a passagem que indica compromisso econômico (lucro/exploração) e ideológico (garantir adesão das massas) da indústria cultural.
Análise das alternativas incorretas:
A: foca apenas na exploração e na falta de pagamento dos trabalhadores. Omite totalmente o papel ideológico de conformação das massas, presente no texto.
B: acerta ao mencionar a indução à passividade, mas descreve a indústria cultural como um “discurso ideologicamente engajado em prol do capitalismo” sem reconhecer a dimensão econômica-exploratória interna (produtores/trabalhadores). A redação dá ênfase exclusiva ao discurso, não ao duplo comprometimento destacado no enunciado.
D: incorreta porque atribui o comprometimento econômico/ideológico a um suposto “caráter espiritual” das obras e nega vínculo com a base econômica capitalista — contraria frontalmente a análise marxista-frankfurtiana citada no texto, que sublinha exatamente essa vinculação.
Estratégia de prova (dicas rápidas):
- Procure conjunções como “por um lado... por outro...” — costumam indicar dupla função ou ambivalência importantes.
- Verifique se a alternativa contempla todos os elementos centrais do enunciado (aqui: econômico e ideológico).
- Cuidado com opções que acentuam só um aspecto ou que distorcem a relação entre obra cultural e contexto econômico.
Fontes sugeridas: Theodor W. Adorno & Max Horkheimer, Dialética do Esclarecimento (1944); Rodrigo Duarte, Indústria Cultural: uma introdução (FGV, 2010).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






