Acerca das propriedades específicas de organização narrativa em O Navio Negreiro (Texto 2),
assinale a afirmativa CORRETA.
Texto 2
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após, fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
[...]
ALVES, Castro. O Navio Negreiro. Excertos. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf
Acesso em: 12 set. 2020.
Texto 3
Texto 4
PAI CONTRA MÃEMachado de Assis
A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais.
Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro
o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da
embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dous para ver, um para
respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. [...] Era grotesca tal máscara, mas a ordem
social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham
penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. O ferro ao pescoço era
aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou à
esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos
castigo que sinal. [...]
ASSIS, Machado de. Pai contra mãe. Excertos.
Disponível em:
http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/11-textos-dos-autores/451-machado-de-assis-textos-selecionados
Acesso em: 12/09/2020.
Texto 5
Texto 6
A onda de protestos após a morte de George Floyd
por um policial de Mineápolis, nos Estados Unidos, fez a
hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam, em
tradução livre) ganhar manifestações nas ruas e nas redes
sociais. Famosos e anônimos têm usado o termo nos
últimos dias, no online e no offline, como forma de apoio ao
movimento antirracista e para cobrar das autoridades que
resguardem vidas negras.
O Black Lives Matter, às vezes citado nos cartazes como
BLM, é uma organização que nasceu em 2013 por três
ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança
nacional de trabalhadoras domésticas; Patrisse Cullors, da
coalizão contra a violência policial em Los Angeles; e Opal
Tometi, da aliança negra pela imigração justa. Hoje, é uma
fundação global cuja missão é "erradicar a supremacia
branca e construir poder local para intervir na violência
infligida às comunidades negras" pelo Estado e pela
polícia.
Disponível em:
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/03/black-livesmatter-conheca-o-movimento-fundado-por-tresmulheres.htm?cmpid=copiaecola Acesso em: 12/09/2020.
Texto 2
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após, fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
[...]
ALVES, Castro. O Navio Negreiro. Excertos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf Acesso em: 12 set. 2020.
Texto 3