Em um recenseamento realizado em 1872 como parte das políticas do Segundo Reinado, 58%
dos residentes no país (que responderam ao recenseamento) declaravam-se pardos ou pretos
e 38% se diziam brancos. Apesar da superioridade numérica, existe muito desconhecimento
no que diz respeito às condições de vida das populações africanas e afrodescendentes que
residiam no Brasil, durante o Período Imperial.
A respeito destas condições e a partir de seus conhecimentos, analise as proposições.
I. Antes da abolição da escravatura, não havia nenhuma possibilidade de conquista da
liberdade por parte dos escravizados e das escravizadas.
II. Africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas formavam uma unidade política
extraoficial e lutavam todos pelas mesmas causas, na medida em que possuíam os mesmo
costumes, religiões e idiomas.
III. A “Revolta dos Malês”, ocorrida no século XIX, é um exemplo contundente da diversidade
existente entre africanos e afrodescendentes escravizados e escravizadas.
Assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: condições e formas de resistência e mobilidade dos africanos e afrodescendentes no Brasil imperial — entendimento das possibilidades de liberdade, da heterogeneidade cultural e de episódios de luta, como a Revolta dos Malês (1835).
Resumo teórico: Durante o Período Imperial existiam tanto mecanismos legais quanto práticas extra-legais que possibilitavam a conquista da liberdade: alforrias (concedidas pelo senhor ou compradas), fugas e formação de quilombos, entrada em exércitos, ações judiciais e negociações. A população negra escravizada era extremamente heterogênea — diferentes etnias, línguas, religiões (animistas, cristãs, islâmicas), experiências e estratégias de resistência. A Revolta dos Malês (Salvador, 1835) envolveu maometanos africanos organizados cultural e religiosamente e é estudada como exemplo de organização política e também da pluralidade entre os cativos.
Fontes e referências: dados do Recenseamento de 1872 (IBGE histórico); Lei Áurea (13/5/1888) para o fim formal da escravidão; estudos de historiadores como João José Reis sobre resistência escrava e pesquisas sobre a Revolta dos Malês (1835).
Justificativa da alternativa E: A afirmação III é correta: a Revolta dos Malês evidencia tanto formas organizadas de resistência quanto a diversidade cultural entre africanos e afrodescendentes — nela aparecem muçulmanos alfabetizados em árabe, oriundos de diferentes regiões da África, o que confirma multiplicidade de identidades e projetos de luta dentro da população escravizada.
Análise das alternativas incorretas:
A (só I verdadeira) — incorreta: a afirmativa I é falsa porque já existiam vias de obtenção de liberdade antes da abolição (alforria, fugas, quilombos, compra de alforria, serviços militares, etc.).
B (só II verdadeira) — incorreta: a afirmativa II é falsa. Embora houvesse formas de solidariedade e alianças, os africanos e afrodescendentes não constituíam uma unidade política homogênea; havia grande diversidade étnica, linguística e religiosa.
C (II e III verdadeiras) — incorreta porque II é falsa; só III é verdadeira.
D (I e III verdadeiras) — incorreta porque I é falsa.
Estratégia para provas: ao ler enunciados sobre populações escravizadas, procure evidências históricas que mostrem pluralidade (etnias, religiões, formas de resistência) e exemplos concretos (leis, revoltas, manumissões). Desconfie de frases absolutas como “não havia nenhuma possibilidade”.
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