Dívida antiga e vencida
Constitui um símbolo flagrante de atraso que o Brasil ostente uma das piores taxas de analfabetismo da América Latina: 8,3% de sua população com mais de 15 anos é incapaz
de ler e escrever – um contingente de 13 milhões de pessoas.
O país nunca chegou a definir e implementar uma verdadeira política pública para a questão, com objetivos de longo
prazo e constante avaliação dos resultados e das estratégias
adotadas.
Dado o número vergonhoso de analfabetos no Brasil,
o país não pode prescindir de programas para enfrentar a
questão de uma vez por todas. Os maus resultados do Programa Brasil Alfabetizado (PBA), porém, obrigam o governo –
sobretudo num contexto de grave crise econômica – a avaliar
o que vem sendo feito e implementar melhorias palpáveis.
Apontam-se como a principais fragilidades do programa
a alta evasão e o baixo encaminhamento de egressos para
seguir estudando na EJA (Educação de Jovens e Adultos, antigo supletivo). Menos da metade conclui o curso de alfabetização; destes, nem 50% persistem nos estudos, e com a falta
de continuidade o estudante tende a recair no analfabetismo. Tudo isso afasta o país de cumprir metas internacionais
que adotou. E, pior, condena parcela expressiva da população à ignorância e à alienação.
(Folha de S.Paulo, 03.09.2016. Adaptado)
No texto, o autor traça um panorama do analfabetismo no
Brasil. Nessa análise, fica evidente que o fator principal desse preocupante problema nacional é
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de Texto. O candidato é solicitado a identificar a causa principal do analfabetismo no Brasil, segundo a análise do autor do texto. Aqui, o mais importante é a habilidade de reconhecer a ideia central e distinguir causas de consequências ou exemplos secundários, habilidade essencial para provas de vestibulares e concursos.
Justificativa da alternativa correta – B: A alternativa B) “a falta de políticas públicas efetivas para contorná-lo com eficiência” está de acordo com o texto, que afirma claramente que o Brasil nunca definiu nem implementou uma verdadeira política pública para o problema, faltando avaliação constante e objetivos de longo prazo. Essa análise está diretamente alinhada com o conceito de identificação da tese e de relações de causa e efeito, conforme explicitado por Bechara (2009) e por Cunha & Cintra (2008): ao observarmos os argumentos principais do texto – a ausência de planejamento, implantação e acompanhamento eficaces –, identificamos a raiz do problema exposta pelo autor.
Análise das alternativas incorretas:
A) Desinteresse dos alunos: O texto não menciona desinteresse dos alunos como causa, mas sim problemas estruturais na condução de políticas públicas. Fugir ao tema central como esse é uma pegadinha comum que induz a respostas baseadas em senso comum, e não no texto.
C) Opção por políticas de longo prazo: O texto condena a falta dessas políticas, não sua adoção. Atenção ao advérbio “falta”, muito utilizado como pegadinha ao induzir ao sentido oposto ao cobrado.
D) Diminuição de investimentos por crise econômica: Apesar de a crise ser mencionada, ela aparece como contexto para reavaliações, não como causa estrutural. A alternativa amplia de forma indevida o sentido do texto.
E) Incapacidade de leitura e escrita: O analfabetismo é a consequência, não a causa dos problemas discutidos. Essa confusão entre causa e efeito é um erro recorrente em interpretação.
Estratégia para provas: Foque sempre em palavras-chave e na argumentação central, evitando respostas baseadas em achismos. Identifique a relação de causa e efeito e diferencie argumentos principais de secundários.
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