Questão 0f05a84e-b1
Prova:INSPER 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A leitura do texto permite concluir, com correção, que no último parágrafo o autor sustenta

Leia o texto para responder à questão.

    De repente, uma variante trágica.
    Aproxima-se a seca.
  O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo. Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.
    [...]
    Os sintomas do flagelo despontam-lhe, então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra. [...] E ao descer das tardes, dia a dia menores e sem crepúsculos, considera, entristecido, nos ares, em bandos, as primeiras aves emigrantes, transvoando a outras climas...
    É o prelúdio da desgraça.
    Vê-o acentuar, num crescente, até dezembro.
    Precautela-se: revista, apreensivo, as malhadas. Percorre os logradouros longos. Procura entre as chapadas que se esterilizam várzeas mais benignas para onde tange os rebanhos. E espera, resignado, o dia 13 daquele mês. Porque, em tal data, usança avoenga lhe faculta sondar o futuro, interrogando a Providência.
    É a experiência tradicional de Santa Luzia. No dia 12 ao anoitecer expõe ao relento, em linha, seis pedrinhas de sal, que representam, em ordem sucessiva da esquerda para a direita, os seis meses vindouros, de janeiro a junho. Ao alvorecer de 13 observa-as: se estão intactas, pressagiam a seca; se a primeira apenas se deliu, transmudada em aljôfar límpido, é certa a chuva em janeiro; se a segunda, em fevereiro; se a maioria ou todas, é inevitável o inverno benfazejo.
    Esta experiência é belíssima. Em que pese ao estigma supersticioso, tem base positiva, e é aceitável desde que se considere que dela se colhe a maior ou menor dosagem de vapor d’água nos ares, e, dedutivamente, maiores ou menores probabilidades de depressões barométricas, capazes de atrair o afluxo das chuvas.
(Euclides da Cunha. Os Sertões, 1979. Adaptado)

A
um viés sentimentalista, já que trata a seca com subjetividade, expondo sua desolação diante do drama do flagelo, em perspectiva compatível com as teses do Modernismo.
B
uma visão idealizada da realidade, por meio da qual ameniza os problemas vividos pelo sertanejo, em perspectiva compatível com as teses do Regionalismo de 30.
C
um enfoque científico, evidenciando uma postura sociológica no tratamento do flagelo da realidade nacional, em perspectiva compatível com as teses do Pré-Modernismo.
D
uma abordagem popular supersticiosa, já que entende a prática do sertanejo como algo que foge ao senso crítico, em perspectiva compatível com as teses do Simbolismo.
E
uma análise imparcial, expondo uma postura ingênua diante de fenômenos naturais, como a seca, em perspectiva compatível com as teses do Pós-Modernismo.

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