No dia 04 de maio de 2020, veio a falecer, por
causa das complicações do Covid-19, o compositor
de cerca de 500 letras de músicas, Aldir Blanc. Junto
com João Bosco, compôs inúmeras canções,
destacando-se a música “O bêbado e a equilibrista”.
“Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
A lua, tal qual a dona de um bordel
Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
E nuvens, lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco
Louco, o bêbado com chapéu-côco
Fazia irreverências mil pra noite do Brasil, meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu num rabo-de-foguete
Chora a nossa pátria, mãe gentil
Choram Marias e Clarices no solo do Brasil
Mas sei, que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente, a esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista tem que continuar.”
(Compositores: Aldir Blanc / Joao Bosco. Letra de O bêbado e a
equilibrista ©Universal Music Publishing Group, 1979)
Essa música faz parte das chamadas “canções de
protesto” e se refere ao período da história do Brasil
conhecido como:
Gabarito comentado
Resposta correta: B — Ditadura política, civil e militar
Tema central: trata-se de canção de protesto vinculada ao contexto da ditadura civil‑militar (1964–1985) no Brasil. Para resolver, é preciso relacionar elementos da letra (exílio, censura simbólica, pedidos de “volta” de exilados) com o período histórico em que esses problemas ocorreram.
Resumo teórico: a ditadura militar (1964‑1985) foi marcada por repressão política, censura cultural e exílio de opositores. No final da década de 1970 houve um movimento por anistia e retorno dos exilados, cristalizado pela Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979 (Lei da Anistia). A MPB e artistas como João Bosco, Aldir Blanc e intérpretes como Elis Regina produziram canções com linguagem simbólica para criticar o regime.
Justificativa da alternativa B: a letra refere‑se explicitamente ao sofrimento coletivo, à “volta do irmão do Henfil” (alusão aos exilados e à família de artistas/ativistas), e ao sentimento de esperança em meio à repressão — temas centrais do período militar e do movimento pela anistia no fim da década de 1970. A data da composição (1979) e o papel da canção como hino implícito à anistia confirmam a relação com a ditadura civil‑militar.
Análise das alternativas incorretas:
A — Estado Novo: regime de Getúlio Vargas (1937–1945). Contexto histórico, atores e linguagem cultural são distintos; não há ligação com exílios políticos dos anos 60‑80.
C — Campanha pelas Diretas Já: movimento de 1983–1984 pela eleição direta presidencial — posterior ao clímax da canção/anistia; a letra dialoga mais com o período de repressão e exílios do que com a mobilização específica das Diretas.
D — Impeachment de Fernando Collor: evento de 1992, década e conjuntura totalmente diferentes; a canção antecede esse período por mais de uma década.
Dica de prova: procure pistas temporais e referências internas (nomes, exílios, leis) na letra; conheça datas-chave (1964–1985; Lei da Anistia, 1979). Assim você relaciona rapidamente obra literária/musical ao período histórico correto.
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