Assinale a opção que está em desacordo com a estrutura narrativa de Quincas Borba, de
Machado de Assis:
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto literário — análise da estrutura narrativa do romance “Quincas Borba”, de Machado de Assis, à luz da norma-padrão e dos conhecimentos sobre gêneros literários.
Justificativa da alternativa correta (B):
A alternativa B está em desacordo com a estrutura narrativa de “Quincas Borba”. O romance realista de Machado de Assis não é uma alegoria, ou seja, não constrói sua narrativa sobre um significado oculto, nem procura representar questões políticas através de personagens que imitam figuras históricas. A crítica social do autor é sutil, irônica e voltada mais para o comportamento e psicologia humana, não para uma dimensão política oculta ou um jogo de representações históricas diretas.
Segundo a norma literária e os estudos de autores como Cunha & Cintra, alegoria é um procedimento típico do simbolismo e não do realismo machadiano, o que reforça a impropriedade da alternativa B.
Análise das alternativas incorretas:
A: Descreve corretamente “Quincas Borba” como uma obra de trama complexa, que explora psicologia e tensões morais — características centrais do realismo.
C: Atribui ao narrador as funções de onisciência e onipotência, além de variação de foco e ampliação de personagens, o que ocorre de fato. O narrador machadiano, segundo Evanildo Bechara, é reflexivo e domina a informação sobre todos os personagens.
D: Ressalta a ironia e o comentário caprichoso do narrador, traço distintivo do estilo machadiano. A ironia do narrador, elemento destacado por estudiosos da literatura, é uma das principais marcas de “Quincas Borba”.
E: Aponta a paródia do romance-folhetim e as alusões literárias — o que de fato ocorre, evidenciando o diálogo machadiano com outras tradições literárias.
Estratégia de prova:
Ao analisar questões sobre literatura, busque conceitos centrais do movimento literário abordado, leia atentamente expressões como “alegoria”, “política oculta” ou “figuras históricas”, que não condizem com o projeto ficcional machadiano.
Atenção também aos elementos de ironia, paródia e análise psicológica, todos recorrentes em Machado.
Referência: Cunha & Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo; Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa; Manual de Redação da Presidência da República (ao tratar da objetividade e clareza que são esperadas inclusive em interpretações de textos literários).
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