Assinale a alternativa correta.
A criação de índices de sustentabilidade nas principais bolsas de valores do mundo reflete a valorização das companhias verdes. Quando o mercado de capitais, centro financiador do desenvolvimento econômico, cria um índice, dá um recado explícito às empresas que ele procura. Nesse caso, o mercado deixa claro que a agenda socioambiental não pode ser ignorada pelas empresas que ele procura. Na Bolsa de Valores de São Paulo, o índice de sustentabilidade (ISE), criado há cinco anos, mostra resultados melhores do que o índice tradicional. No ano passado, as ações medidas pelo índice Ibovespa subiram 18,5%, enquanto as medidas pelo ISE da Bovespa aumentaram 24,7%.
(Veja, 09.06.2010. Adaptado.)
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: o texto mostra como o mercado de capitais, ao criar índices de sustentabilidade (ISE, Dow Jones Sustainability Index etc.), passa a valorizar empresas "verdes", sinalizando que uma questão de caráter ético/socioambiental pode ser tratada por incentivos e mecanismos do próprio mercado.
Resumo teórico: índices de sustentabilidade são instrumentos do mercado que incorporam critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) nas decisões de investimento. Ao premiar empresas com melhores práticas, o mercado usa a lógica de incentivos — preço e demanda — para internalizar externalidades sociais/ambientais (ver: ISE Bovespa; exemplo: Veja, 09.06.2010; Dow Jones Sustainability Index).
Justificativa da alternativa E: a reportagem afirma que a criação do índice é um "recado explícito" e que as ações do ISE renderam mais que o índice tradicional. Isso explicita a tese de que um problema originalmente ético (agenda socioambiental) está sendo endereçado pela lógica do mercado — investidores recompensam práticas sustentáveis, ou seja, o mercado oferece uma solução via mecanismos de preço e investimento. Logo, E resume corretamente a ideia central.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: afirma recusa à lógica neoliberal. O texto não diz que investidores rejeitam o neoliberalismo; apenas mostra que o mercado incorpora critérios ESG. Não há evidência de recusa ideológica.
B — incorreta: sustenta que a questão ambiental é restrita à esfera política. Contradito pelo próprio texto, que mostra atuação do mercado (índices e retornos) sobre o tema; logo, não é restrita exclusivamente à política.
C — incorreta: invoca tese marxista de lógica autodestrutiva. Os dados citados mostram performance positiva de empresas sustentáveis, não um colapso interno do capitalismo. Não há suporte para extrapolar a partir do trecho para a autodestruição do sistema.
D — incorreta: fala em incompatibilidade entre equilíbrio ambiental e a "mão invisível" de Adam Smith. O texto indica justamente o contrário: mecanismo de mercado (criação de índices) incentivando práticas ambientais — mostra compatibilidade pragmática, não incompatibilidade absoluta.
Dica de prova: procure o que o texto afirma explicitamente (palavras como "dá um recado explícito", "mostra resultados melhores"). Evite inferências ideológicas não respaldadas pelo enunciado. Termos absolutos como "restrito", "recusa", "incompatibilidade" costumam ser armadilhas quando o texto descreve um fenômeno concreto.
Fontes/contexto: ISE (Bovespa), exemplos de índices ESG, Veja (09.06.2010). Para entender termos clássicos citados em alternativas: Adam Smith — "mão invisível"; Marx — crítica ao capitalismo.
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