Questão 056f3692-8d
Prova:UNESP 2010
Disciplina:Filosofia
Assunto:Ética e Liberdade, Conceitos Filosóficos

Acerca dessa notícia, podemos afirmar que:

Renata, 11, combinava com uma amiga viajar em julho para a Disney. Questionada pela mãe, que não sabia de excursão nenhuma, a menina pegou uma pasta com preços do pacote turístico e uma foto com os dizeres: “Se eu não for para a Disney vou ser um pateta”. A agência de turismo e a escola afirmam que não pretendiam constranger ninguém e que a placa do Pateta era apenas uma brincadeira. Para um promotor da área do consumidor, o caso ilustra bem os abusos na publicidade infantil. “Já temos problemas sérios de bullying nas escolas. Essa empresa está criando uma situação propícia para isso”.
 
                                                                                                                                  (Folha de S.Paulo, 20.04.2010. Adaptado.)

A
Em nossa sociedade, os campos da publicidade e da pedagogia são esferas separadas, não suscitando questões de natureza ética.
B
Para o promotor citado na reportagem, o caso em questão provoca problemas de natureza exclusivamente jurídica.
C
Uma das questões éticas envolvidas diz respeito à exposição precoce das crianças à manipulação do desejo, exercida pela publicidade.
D
O público-alvo dessa campanha publicitária constitui-se de indivíduos dotados de consciência autônoma.
E
Para o promotor citado na reportagem, o caso em questão não apresenta repercussões de natureza psicológica.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: C

Tema central: ética na publicidade infantil — como anúncios dirigidos a crianças podem manipular desejos e provocar efeitos psicológicos e sociais (ex.: bullying). Para resolver a questão, é preciso reconhecer crianças como público vulnerável e entender normas e princípios éticos e jurídicos que regem publicidade.

Resumo teórico (claro e progressivo): a publicidade tem fins persuasivos; quando o público é infantil, há risco aumentado porque crianças não têm ainda maturidade crítica para distinguir informação de persuasão. O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990, art. 37) proíbe publicidade enganosa ou abusiva — incluindo exploração da inexperiência ou credulidade. Órgãos e códigos autorregulatórios (CONAR) e normas de proteção à criança recomendam cautela na comunicação dirigida a menores.

Por que a alternativa C está correta: ela diz que uma questão ética é a exposição precoce à manipulação do desejo. Isso descreve precisamente o problema: anúncios que estimulam consumo e vinculam status/identidade a produtos criam desejos em crianças, explorando sua vulnerabilidade. O caso da placa (“Se eu não for… vou ser um pateta”) exemplifica pressão social e manipulação emocional — portanto uma questão ética real.

Análise das alternativas incorretas:

A — falsa: publicidade e pedagogia não são esferas completamente separadas; há interseções éticas e práticas quando comunicação atinge ambientes escolares e afeta desenvolvimento infantil.

B — falsa: o promotor destacou riscos sociais e psicológicos (bullying), não apenas consequências jurídicas — portanto não são “exclusivamente jurídicas”.

D — falsa: afirmar que o público-alvo é dotado de consciência autônoma ignora a condição de menor de idade; crianças não têm autonomia crítica plena e são consideradas vulneráveis.

E — falsa: o promotor explicitamente menciona repercussões sociais/psicológicas (bullying), logo não nega efeitos psicológicos.

Estratégia para provas: procure termos que indiquem vulnerabilidade (criança, precoce, manipulação); associe-os a normas (CDC, CONAR) e elimine alternativas que contrariam a ideia de fragilidade crítica infantil.

Fontes úteis: Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990, art. 37); orientações do CONAR sobre publicidade a crianças.

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