A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi definida, por alguns historiadores, como um momento de apogeu do Império brasileiro. Outros preferiram considerá-la como uma demonstração de seu declínio. Tal discordância se justifica porque o conflito sul-americano,

Resposta correta: Alternativa D.

Tema central: analisar as consequências políticas e militares da Guerra do Paraguai (1864–1870) sobre o Império brasileiro — especialmente o impacto sobre o Exército e as ideias políticas entre suas lideranças.

Resumo teórico e contextualização: A Guerra do Paraguai foi um conflito de grande duração que transformou o Exército brasileiro: ganhou experiência de combate, melhores práticas organizacionais e canais de promoção que favoreceram a profissionalização. O contato intenso entre oficiais, o convívio em campanha e o contato com ideias políticas e científicas trouxeram maior politização do corpo militar. Historicamente, estudiosos como Thomas Skidmore, José Murilo de Carvalho e Jorge Ferreira destacam esse processo como um fator que, a médio prazo, aproximou parte das lideranças militares das causas abolicionistas e republicanas.

Por que a alternativa D é correta: ela reúne dois efeitos comprovados da guerra:

• profissionalização do Exército — modernização de estruturas, promoção por mérito e maior coesão institucional;
• politização das lideranças — oficiais que voltaram com projeção política e maior consciência cívica, alguns influenciados por correntes abolicionistas e por debates liberais.

A combinação é reconhecida pela historiografia como peça-chave para entender as mudanças políticas nas décadas seguintes (acionamento do Exército em questões públicas, apoio de militares a pautas sociais e, no fim, participação decisiva na Proclamação da República).

Análise das alternativas incorretas:

• A — exagera ao afirmar que se estabeleceu “pleno domínio” no Prata; houve influência brasileira, mas não hegemonia absoluta; e embora a guerra tenha sido cara, não provocou uma crise financeira destruidora que derrubasse o Império imediatamente.
• B — o Paraguai saiu devastado; não houve abertura de mercado duradoura favorável a manufaturas brasileiras no mesmo sentido simplista, e o comércio ficou desorganizado — a alternativa é imprecisa.
• C — a guerra enfraqueceu o Paraguai, mas não “freou o crescimento” generalizado dos vizinhos; e a influência dos Estados Unidos na região não aumentou decisivamente por esse conflito no período imediato.
• E — é verdade que houve grande número de mortos, mas dizer que a guerra fez do imperador “um líder continental” é uma hipérbole: Dom Pedro II ganhou prestígio, porém isso não configura liderança continental incontestável nem resume o debate historiográfico central.

Dica de interpretação: procure nas alternativas sinais de afirmações absolutas (“pleno”, “fez X”) e compare com o que a historiografia aponta: efeitos múltiplos e complexos, nem sempre unívocos. Foque em consequências institucionais do conflito (Exército, política, economia) ao escolher a alternativa.

Fontes sugeridas: Thomas E. Skidmore, José Murilo de Carvalho, Jorge Ferreira (obras sobre o Império e a Guerra do Paraguai).

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