Questõesde UFMT 2008

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80afd4a1-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação à tira, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) No segundo quadrinho, Calvin declara-se mais exigente que todo mundo, o que justifica considerar-se, no primeiro quadrinho, diferente.

( ) A discordância de Haroldo à fala de Calvin é percebida por sua postura corporal e por seu silêncio no terceiro quadrinho.

( ) A fala de Calvin no último quadrinho revela que ele entendeu perfeitamente o significado do silêncio de Haroldo no quadrinho anterior.

( ) A explicação dada por Haroldo, no último quadrinho, é ambígua pois revela a sua descoberta da forte amizade que o liga a Calvin.


Assinale a seqüência correta.

 Leia a tira abaixo e responda à questão.



A
V, F, V, F
B
V, F, F, V
C
F, V, V, V
D
F, F, V, V
E
V, V, F, F
80a47799-df
UFMT 2008 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Assinale a alternativa cujo enunciado caracteriza o Romantismo enquanto desenvolvimento temático e tratamento estilístico.

A
Observação da realidade marcada pelo senso quase fatalista das forças naturais e sociais pesando sobre o homem; estilo nervoso, capaz de reproduzir o relevo das coisas e sublinhar com firmeza a ação dos homens.
B
Gosto pela expressão dos sentimentos, sonhos e emoções que agitam o mundo interior do poeta; abandono gradual da linguagem lusitana em favor da brasileira, tanto no vocabulário quanto nas construções sintáticas.
C
Criação de uma realidade abstrata e intangível, presa aos temas da morte e das paisagens vagas, impregnadas de misticismo e espiritualidade; ritmos musicais, aliterativos e sinestésicos.
D
Representação objetiva da sociedade como meio de crítica às instituições sociais decadentes (igreja, casamento); linguagem narrativa minuciosa, acúmulo de detalhes para criar impressão de realidade.
E
Necessidade de romper com velhas formas na primeira fase do movimento, chocar o público com novas idéias; liberdade de criação como princípio fundamental, privilégio dado à inspiração.
80abfdfe-df
UFMT 2008 - Literatura - Versificação - Ritmo e Estrofes, Versificação - Metrificação, Estilística

Em relação aos aspectos formais do segundo verso do quarteto, Casualmente, uma vez, de um perfumado, assinale a afirmativa correta.

Leia a estrofe e responda à questão


Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o

Casualmente, uma vez, de um perfumado

Contador sobre o marmor luzidio

Entre um leque e o começo de um bordado. 

A
O verso é composto de 13 sílabas gramaticais.
B
A sílaba do constitui a 10ª sílaba métrica.
C
Trata-se de verso heróico, com acentuação na 6ª e 10ª sílabas.
D
Terminado em proparoxítona, esse verso é agudo.
E
Ocorrência de três sinalefas viabilizam esse decassílabo.
80a8b1ad-df
UFMT 2008 - Literatura - Parnasianismo, Versificação - Metrificação, Escolas Literárias, Estilística

A estrofe acima pertence a um soneto que descreve um objeto de arte – um vaso chinês. A atitude do poeta é impessoal, a linguagem e as rimas são ricas, bem trabalhadas, a métrica é perfeita. Pode-se afirmar que pertence à estética

Leia a estrofe e responda à questão


Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o

Casualmente, uma vez, de um perfumado

Contador sobre o marmor luzidio

Entre um leque e o começo de um bordado. 

A
romântica.
B
barroca.
C
simbolista.
D
parnasiana.
E
modernista.
80a15f4e-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A coluna da esquerda apresenta recursos expressivos usados na crônica e a da direita, exemplos deles. Numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda.


1 - léxico relativo a futebol

2 - comparação

3 - enumeração de termos

4 - coesão por substituição


( ) Nesse esporte descampado todas as linhas são imaginárias - ou flutuantes, como a linha da água no futebol de praia

( ) Em suma, pelada é uma espécie de futebol que se joga apesar do chão. Nesse esporte descampado todas as linhas são imaginárias – ou flutuantes

( ) no meio da rua, em pirambeira, na linha de trem, dentro do ônibus, no mangue, na areia fofa, em qualquer terreno pouco confiável

( ) o moleque encara uma bola de couro, mata a redonda no peito e faz a embaixada com um pé nas costas


Assinale a seqüência correta.

 Leia trecho da crônica O moleque e a bola, de F. B. de Hollanda, e responda à questão.



A
2, 4, 3, 1
B
1, 2, 4, 3
C
4, 3, 1, 2
D
2, 3, 4, 1
E
4, 1, 2, 3
809875e8-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre o sentido do texto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) A imagem delineada da pelada contrapõe-se à do futebol oficial por ser espontânea e em campo improvisado.

( ) Gramado e chão são figuras usadas pelo produtor do texto para construir palcos onde a bola rola.

( ) Um campo oficial de futebol é imprescindível ao peladeiro visto que ele consegue fazer de uma laranja uma bola.

( ) A pelada caracteriza-se também pela ausência de linhas demarcadas no chão, de traves e rede no gol.


Assinale a seqüência correta.

 Leia trecho da crônica O moleque e a bola, de F. B. de Hollanda, e responda à questão.



A
V, V, F, V
B
V, F, V, F
C
F, V, F, V
D
F, F, V, V
E
F, V, V, F
809df416-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Uso dos conectivos, Coesão e coerência, Sintaxe, Orações coordenadas sindéticas: Aditivas, Adversativas, Alternativas, Conclusivas..., Orações coordenadas assindéticas, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação aos recursos expressivos, analise as afirmativas.


I - Os conectores Daí (linha 06), E quando (linha 07), Por isso mesmo (linha 10), além de cumprir sua função de estabelecer relação de sentido, contribuem para imprimir informalidade ao texto.

II - Períodos como O que conta mesmo é a bola e o moleque, o moleque e a bola, e por bola pode-se entender um coco, uma laranja ou um ovo, pois já vi fazerem embaixada com ovo., essencialmente coordenados, ao contrário dos subordinados, conferem às idéias um plano não hierárquico.

III - Em É a bola e o moleque, o moleque e a bola., elementos fônicos e sintáticos, como ritmo, sonoridade e frase curta, recriam o toque de bola e o movimento do jogo.

IV - A expressão como se sabe (linha 02) é usada no texto para recuperar uma informação que o leitor não detém, mas o produtor espera que seja tomada como verdadeira.


Estão corretas as afirmativas

 Leia trecho da crônica O moleque e a bola, de F. B. de Hollanda, e responda à questão.



A
II, III e IV, apenas.
B
II e III, apenas.
C
I, II e III, apenas.
D
III e IV, apenas.
E
I, II, III e IV.
809493e8-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Dom Pedro Casaldáliga, padre espanhol radicado na região de São Félix do Araguaia, é representativo de uma poética que, engajada, encoraja a luta contra o silêncio e a dominação, como exemplifica o texto Dá-nos a tua paz!, de Cantigas menores, obra publicada em 1979.


Dá-nos, Senhor, aquela Paz estranha

que brota em plena luta

como uma flor de fogo;

que rompe em plena noite

como um canto escondido;

que chega em plena morte

como beijo esperado.


Dá-nos a Paz dos que caminham sempre,

nus de toda vantagem,

vestidos pelo vento da Esperança.


Aquela Paz dos Pobres,

vencedores do medo.

Aquela Paz dos Livres,

amarrados à vida.


A Paz que se partilha na igualdade,

como a água e a Hóstia.


Aquela Paz do Reino, que vem vindo,

inviável e certo.


Dá-nos a Paz, a outra Paz, a tua,

Tu que és nossa Paz!


Em relação ao sentido da expressão aquela Paz estranha, primeiro verso, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) Limita-se ao conceito de paz interior, individual, intransferível.

( ) É concedida ao homem, gratuitamente, como bênção divina.

( ) Emerge da revolução, vez que brota em plena luta.

( ) É flor de fogo que, necessária, ilumina, dá brilho, dá vida.

( ) É diferente, porque vem da luta e não da prece.


Assinale a seqüência correta.

A
F, F, V, V, F
B
V, V, V, F, F
C
V, V, F, F, V
D
F, F, V, V, V
E
V, F, F, V, V
808d4508-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia trechos do Avoante do Cariri, pseudônimo de Antônio Rodrigues Pimentel, poeta mato-grossense que, com olhar agudo sobre a realidade, tem sua obra enriquecida pela pluralidade temática. A coluna da esquerda apresenta trechos extraídos de vários volumes das Desovas em trovas e a da direita, sua caracterização. Numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda.

1 Avoas baixo, mais do que perdiz
E entanto do meu vôo inda ris...
Não lembras o ditado que assim diz...
Antes fanhoso do que sem nariz...

2 Nem vejo tanta maldade
No agir do astuto Satã
Pois, bem mais grave é, em verdade
Tal represália malsã:
Punir-se assim a humanidade
Por causa de uma maçã.

3 Sonhei, um dia, best-seller vir a ser
E enfiar no bolso boa grana até,
Mas, afinal de contas, dei-me fé
Ser é besta-de-sela, sem querer.

4 Pra cobaia não deixes que te tomem!
Não confies ao INAMPS* o teu abdômen...
(Que estão fazendo cesariana em homem).

*Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (atualmente SUS)

( ) Há questionamento quanto à extensão do castigo imposto ao ser humano e presença de intertextualidade.
( ) Ao lado da crítica social, sobressai fina ironia em estilo predominantemente oral.
( ) O ditado popular, as escolhas lexicais e a sátira são utilizados para rebaixar a figura de um tu a quem se dirige o autor.
( ) O poeta, ao ironizar sua própria ilusão, brinca com a linguagem, criando trocadilhos.


Marque a seqüência correta.

A
3, 2, 1, 4
B
2, 4, 1, 3
C
2, 4, 3, 1
D
3, 1, 4, 2
E
1, 3, 2, 4
8090efe6-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Manuel de Barros, uma das mais sólidas referências literárias mato-grossenses, é autor de O homem de lata, da obra Gramática expositiva do chão, de 1968.


O homem de lata

Está na boca de espera

De enferrujar.


O homem de lata

Se relva nos cantos

E morre de não ter um pássaro

Em seus joelhos.


A partir da leitura do poema, assinale a afirmativa INCORRETA.

A
O homem de lata representa um repúdio de Manuel de Barros ao mundo do progresso tecnológico.
B
O homem de lata sofre a falta de um contato mais direto com o elemento natural, representado pelo pássaro.
C
Na poética de Manuel de Barros, é recorrente a valorização de coisas impróprias à geração de lucro.
D
Manuel de Barros, ao se referir a um homem criado pela tecnologia, enaltece o progresso materialista.
E
A ausência de uma comunhão com a natureza desvitaliza O homem de lata, prestes a enferrujar.
808550a2-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Coesão e coerência, Uso das aspas, Sintaxe, Pontuação, Uso da Vírgula, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre os Textos I e II, pode-se afirmar:


A
No Texto II, as aspas foram usadas com a finalidade de criar ambigüidade entre o favoritismo da Rede Globo e a novela global A Favorita.
B
As duas propagandas possuem o mesmo objetivo: levar o leitor à intenção de denunciar situações desumanas.
C
No Texto I, o implícito e a metonímia constroem idéia de que existe trabalho escravo em Mato Grosso e de que morrem trabalhadores escravizados.
D
No Texto I, o correto emprego da vírgula indica pausa na entonação e torna mais clara a compreensão do texto.
E
As formas verbais ajuda (Texto I) e troque (Texto II) trazem sujeito elíptico – você – que remete ao leitor.
807e71ef-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base no texto de Machado de Assis, assinale a afirmativa correta.

Leia trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão. 


A DENÚNCIA


    Ia a entrar na sala de visitas, quando ouvi proferir o meu nome e escondi-me atrás da porta. A casa era a da Rua de Matacavalos. O mês novembro, o ano é que é um tanto remoto, mas eu não hei de trocar as datas à minha vida só para agradar as pessoas que não amam histórias velhas; o ano era de 1857.

    – D. Glória, a senhora persiste na idéia de meter o nosso Bentinho no seminário? É mais que tempo, e já agora pode haver uma dificuldade.

    – Que dificuldade?

    – Uma grande dificuldade.

    Minha mãe quis saber o que era. José Dias, depois de alguns instantes de concentração, veio ver se havia alguém no corredor; não deu por mim, voltou e, abafando a voz, disse que a dificuldade estava na casa ao pé, a gente do Pádua.

    – A gente do Pádua?

    – Há algum tempo estou para lhe dizer isto, mas não me atrevia. Não me parece bonito que o nosso Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a dificuldade, porque se eles pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para separá-los.

    – Não acho. Metidos nos cantos?

    – É um modo de falar. Em segredinhos, sempre juntos. Bentinho quase que não sai de lá. A pequena é uma desmiolada; o pai faz que não vê; tomara ele que as coisas andassem de tal maneira, que... Compreendo o seu gesto, a senhora não crê em tais cálculos, parece-lhe que todos têm a alma cândida...

    – Mas, Sr. José Dias, tenho visto os pequenos brincando, e nunca vi nada que faça desconfiar. Basta a idade: Bentinho mal tem quinze anos. Capitu fez quatorze à semana passada; são dois criançolas. Não se esqueça que foram criados juntos, desde aquela grande enchente, há dez anos, em que a família do Pádua perdeu tanta coisa; daí vieram as nossas relações. Pois eu hei de crer?... Mano Cosme, você que acha?

    Tio Cosme respondeu com um “Ora!” que, traduzido em vulgar, queria dizer. “São imaginações de José Dias; os pequenos divertem-se, eu divirto-me; onde está o gamão?”

     – Sim, creio que o senhor está enganado.

     – Pode ser, minha senhora. Oxalá tenham razão; mas creia que não falei senão depois de muito examinar... ......................................................................................................................................................................................................................

José Dias desculpava-se: “Se soubesse, não tinha falado, mas falei pela veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo...” 

A
Tio Cosme acoberta o namoro de Bentinho com Capitu e por isso desdenha a opinião de José Dias.
B
Por reconhecer que sua suspeita não tem fundamento, José Dias acaba pedindo desculpas.
C
Bentinho sabe que reconhecer que se enganou é, para José Dias, um dever amargo, um dever amaríssimo...
D
Há indicativos de que entre o narrador e Bentinho haja uma distância temporal curtíssima.
E
Bentinho é narrador participante dos eventos que compõem o enredo de Dom Casmurro.
8081d3c5-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Estado de Mato Grosso usaram o gênero propaganda social (Texto I) para


A
oferecer apoio a empresas, objetivando o esclarecimento de práticas ligadas à vida do campo.
B
prestar serviço de utilidade pública no sentido de disseminar uma idéia.
C
divulgar doutrina obsoleta que fere os princípios humanos de convivência.
D
salvaguardar o perfil de proprietários de terra ligados ao agronegócio.
E
estabelecer política governamental que reforce a participação da população de baixa renda.
8075a241-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação às opiniões da personagem machadiana José Dias, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) Namoro com Bentinho representa oportunidade de ascensão social para a gente do Pádua.

( ) Descuido do Tartaruga na vigilância da filha era intencional, puro cálculo.

( ) Projeto de fazer Bentinho padre pode ser dificultado por eventual namoro com Capitu.

( ) Dona Glória acreditava na capacidade do Pádua fazer cálculos, planejar um futuro melhor para Capitu.


Assinale a seqüência correta.

Leia trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão. 


A DENÚNCIA


    Ia a entrar na sala de visitas, quando ouvi proferir o meu nome e escondi-me atrás da porta. A casa era a da Rua de Matacavalos. O mês novembro, o ano é que é um tanto remoto, mas eu não hei de trocar as datas à minha vida só para agradar as pessoas que não amam histórias velhas; o ano era de 1857.

    – D. Glória, a senhora persiste na idéia de meter o nosso Bentinho no seminário? É mais que tempo, e já agora pode haver uma dificuldade.

    – Que dificuldade?

    – Uma grande dificuldade.

    Minha mãe quis saber o que era. José Dias, depois de alguns instantes de concentração, veio ver se havia alguém no corredor; não deu por mim, voltou e, abafando a voz, disse que a dificuldade estava na casa ao pé, a gente do Pádua.

    – A gente do Pádua?

    – Há algum tempo estou para lhe dizer isto, mas não me atrevia. Não me parece bonito que o nosso Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a dificuldade, porque se eles pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para separá-los.

    – Não acho. Metidos nos cantos?

    – É um modo de falar. Em segredinhos, sempre juntos. Bentinho quase que não sai de lá. A pequena é uma desmiolada; o pai faz que não vê; tomara ele que as coisas andassem de tal maneira, que... Compreendo o seu gesto, a senhora não crê em tais cálculos, parece-lhe que todos têm a alma cândida...

    – Mas, Sr. José Dias, tenho visto os pequenos brincando, e nunca vi nada que faça desconfiar. Basta a idade: Bentinho mal tem quinze anos. Capitu fez quatorze à semana passada; são dois criançolas. Não se esqueça que foram criados juntos, desde aquela grande enchente, há dez anos, em que a família do Pádua perdeu tanta coisa; daí vieram as nossas relações. Pois eu hei de crer?... Mano Cosme, você que acha?

    Tio Cosme respondeu com um “Ora!” que, traduzido em vulgar, queria dizer. “São imaginações de José Dias; os pequenos divertem-se, eu divirto-me; onde está o gamão?”

     – Sim, creio que o senhor está enganado.

     – Pode ser, minha senhora. Oxalá tenham razão; mas creia que não falei senão depois de muito examinar... ......................................................................................................................................................................................................................

José Dias desculpava-se: “Se soubesse, não tinha falado, mas falei pela veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo...” 

A
V, V, V, F
B
V, V, F, V
C
V, F, V, F
D
F, V, F, V
E
F, V, V, F
8079ef1a-df
UFMT 2008 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em Compreendo o seu gesto, a senhora não crê em tais cálculos, parece-lhe que todos têm a alma cândida, José Dias indica que

Leia trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão. 


A DENÚNCIA


    Ia a entrar na sala de visitas, quando ouvi proferir o meu nome e escondi-me atrás da porta. A casa era a da Rua de Matacavalos. O mês novembro, o ano é que é um tanto remoto, mas eu não hei de trocar as datas à minha vida só para agradar as pessoas que não amam histórias velhas; o ano era de 1857.

    – D. Glória, a senhora persiste na idéia de meter o nosso Bentinho no seminário? É mais que tempo, e já agora pode haver uma dificuldade.

    – Que dificuldade?

    – Uma grande dificuldade.

    Minha mãe quis saber o que era. José Dias, depois de alguns instantes de concentração, veio ver se havia alguém no corredor; não deu por mim, voltou e, abafando a voz, disse que a dificuldade estava na casa ao pé, a gente do Pádua.

    – A gente do Pádua?

    – Há algum tempo estou para lhe dizer isto, mas não me atrevia. Não me parece bonito que o nosso Bentinho ande metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a dificuldade, porque se eles pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para separá-los.

    – Não acho. Metidos nos cantos?

    – É um modo de falar. Em segredinhos, sempre juntos. Bentinho quase que não sai de lá. A pequena é uma desmiolada; o pai faz que não vê; tomara ele que as coisas andassem de tal maneira, que... Compreendo o seu gesto, a senhora não crê em tais cálculos, parece-lhe que todos têm a alma cândida...

    – Mas, Sr. José Dias, tenho visto os pequenos brincando, e nunca vi nada que faça desconfiar. Basta a idade: Bentinho mal tem quinze anos. Capitu fez quatorze à semana passada; são dois criançolas. Não se esqueça que foram criados juntos, desde aquela grande enchente, há dez anos, em que a família do Pádua perdeu tanta coisa; daí vieram as nossas relações. Pois eu hei de crer?... Mano Cosme, você que acha?

    Tio Cosme respondeu com um “Ora!” que, traduzido em vulgar, queria dizer. “São imaginações de José Dias; os pequenos divertem-se, eu divirto-me; onde está o gamão?”

     – Sim, creio que o senhor está enganado.

     – Pode ser, minha senhora. Oxalá tenham razão; mas creia que não falei senão depois de muito examinar... ......................................................................................................................................................................................................................

José Dias desculpava-se: “Se soubesse, não tinha falado, mas falei pela veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo, um dever amaríssimo...” 

A
entende que Dona Glória está interessada em esquecer a antiga promessa.
B
considera Dona Glória calculista, capaz de decidir o momento certo de enviar Bentinho ao seminário.
C
concorda com Dona Glória acerca da provável inocência do pai de Capitu.
D
está certíssimo de que todos, a exemplo de Dona Glória, têm a alma cândida.
E
conhece a brandura com que, via de regra, Dona Glória julga as pessoas.