Questõesde IF-PR 2018 sobre Português

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Foram encontradas 23 questões
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise a imagem com atenção.



As imagens do texto publicitário acima foram utilizadas, em sua maioria, para traduzir um recurso de linguagem muito usado na vida cotidiana. Assinale a alternativa que apresenta esse recurso.

A
Ditos populares.
B
Fala interiorana.
C
Hipérbole.
D
Metonímia.
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IF-PR 2018 - Português - Uso dos conectivos, Sintaxe

Assinale a alternativa que substitui a expressão “Mas até que”, em negrito (2o parágrafo), sem alterar o sentido do texto.

Obsessão por felicidade pode deixar você Extremamente infeliz


     A felicidade é algo tão subjetivo quanto científico. Biologicamente, poderíamos falar em serotonina e ocitocina, ou outros nomes difíceis de neurotransmissores (mensageiros químicos) que estão relacionados com a existência dessa sensação. Mas psicologicamente a história é outra. Como a maioria dos sentimentos, substantivos abstratos, felicidade representa algo diferente para cada ser humano. De acordo com a “psicologia positiva”, não precisamos esperar que a felicidade dê as caras: ela está ao alcance das nossas mãos.

     Mas até que ela virou uma ditadura não tão feliz assim. Essa obrigação de ser feliz não é novidade, mas ninguém realmente sabe quem primeiro cunhou essa regra – e como ela se tornou o objetivo de vida de quase todo mundo. O que se sabe é que ela vem machucando: “a depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”, diz o escritor francês Pascal Bruckner no livro A Euforia Perpétua. E ele estava certo: um novo estudo da Universidade de Melbourne, Austrália, finalmente concluiu que a infelicidade de muita gente é causada pela tentativa incessante de ser feliz. (...)

(super.abril.com.br/comportamento/obsessao-por-felicidade-pode-deixar-voce-extremamente-infeliz – acesso em 22.08.18)

A
Desde que
B
Porque
C
Porém
D
Já que
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Uso dos dois-pontos, Coesão e coerência, Pontuação, Redação - Reescritura de texto

Assinale a alternativa na qual a redação foi alterada para eliminar o uso de dois pontos (:), sem prejudicar o sentido do trecho em negrito no texto.

Obsessão por felicidade pode deixar você Extremamente infeliz


     A felicidade é algo tão subjetivo quanto científico. Biologicamente, poderíamos falar em serotonina e ocitocina, ou outros nomes difíceis de neurotransmissores (mensageiros químicos) que estão relacionados com a existência dessa sensação. Mas psicologicamente a história é outra. Como a maioria dos sentimentos, substantivos abstratos, felicidade representa algo diferente para cada ser humano. De acordo com a “psicologia positiva”, não precisamos esperar que a felicidade dê as caras: ela está ao alcance das nossas mãos.

     Mas até que ela virou uma ditadura não tão feliz assim. Essa obrigação de ser feliz não é novidade, mas ninguém realmente sabe quem primeiro cunhou essa regra – e como ela se tornou o objetivo de vida de quase todo mundo. O que se sabe é que ela vem machucando: “a depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”, diz o escritor francês Pascal Bruckner no livro A Euforia Perpétua. E ele estava certo: um novo estudo da Universidade de Melbourne, Austrália, finalmente concluiu que a infelicidade de muita gente é causada pela tentativa incessante de ser feliz. (...)

(super.abril.com.br/comportamento/obsessao-por-felicidade-pode-deixar-voce-extremamente-infeliz – acesso em 22.08.18)

A
Sabe-se que ela vem machucando, pois todos sabemos que “a depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”, diz o escritor francês Pascal Bruckner no livro A Euforia Perpétua.
B
Segundo diz o escritor francês Pascal Bruckner no livro A Euforia Perpétua “o que se sabe é que ela vem machucando já que a depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”.
C
O que se sabe sobre a depressão, segundo o escritor francês Pascal Bruckner no livro A Euforia Perpétua, “é que ela vem machucando porque é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”
D
O que se sabe é que ela vem machucando, pois, como diz o escritor francês Pascal Bruckner no livro A Euforia Perpétua, “a depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação às funções dos recursos verbais e não-verbais utilizados no texto, assinale a alternativa correta.

A
A linguagem descuidada do transeunte não condiz com a seriedade necessária a uma campanha de trânsito.
B
Recursos verbais e não-verbais articulam-se formando um todo interdependente.
C
Superando a imagem, a fala do transeunte é mais eficaz para a comunicação do que aquilo que diz a placa de trânsito.
D
Por ser a imagem sempre mais chamativa, ela ganha importância maior para a apreensão da mensagem produzida.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale o que confere humor ao texto.

A
Os recursos não-verbais.
B
A indignação do personagem com os pedágios do governo.
C
A prática de cobrança governamental.
D
A interpretação que o personagem deu à palavra “faixa”.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa em que se identifica um texto incoerente.

A
Da vida, não quero muito. Satisfaço-me com a sensação de dever cumprido.
B
Todos nós devemos buscar o amor e a amizade, mas no mundo de hoje, ninguém deve confiar em ninguém e, por isso, é melhor que vivamos sós.
C
A grande ironia dos dias de hoje: os inteligentes estão cheios de dúvidas; os idiotas, de certezas.
D
Nada é maior do que o pequeno carinho de uma criança ao tocar a face da mãe.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Variação Linguística, Problemas da língua culta, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando apenas os elementos negritados nos textos das alternativas abaixo, retirados da revista Capricho, identifique onde a norma padrão está sendo respeitada.

A
Se você está se sentindo preguiçosa, sem muita energia e até mesmo um pouco cabisbaixa, fica tranquila, porque está ruim para todo mundo.
B
Sabe aquela risadinha que vem depois de um comentário racista? Então, que tal substituir ela por uma conversa com o coleguinha que não cansa de passar vergonha?
C
De acordo com a lenda que se espalhou rapidamente pela web, a Momo é um espírito maligno que pode entrar em contato com você ou pode ser invocado.
D
Você procura a sua estabilidade? Você gostaria de ser nomeado em um concurso público o quanto antes? Você não aguenta mais familiares e amigos lhe pressionando por resultados nos concursos?
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação ao assunto: “poema, prosa e poesia”, analise as informações sobre os textos de Mia Couto e de Millôr Fernandes.

I) Os dois textos apresentados diferem: o de Mia Couto está escrito em prosa, ainda que incorpore poesia, e o de Millôr é um poema, esvaziado de poesia.
II) A narrativa de Mia Couto possui muitos elementos poéticos, perceptíveis especialmente pelas palavras e expressões que ganham significados diversos dos habituais, por vezes, incomuns.
III) O texto de Millôr pode ser considerado poético, por se tratar de um poema e ser essa a condição indispensável para ganhar essa caracterização.
IV) Sequência de versos sem métrica e sem rima, que abordam assunto risível, como acontece com o texto de Millôr, sequer pode ser chamada de poema.
V) Não há possibilidade de definir ambos os textos como poesia, porque lhes faltam as características principais para tanto, entre as quais estão: métrica, ritmo, rima.
Estão corretas apenas:

Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
                                                          Mia Couto.

    O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele nem incomodava os neurónios*:
    – É conta que se faz sem cabeça.
    Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá para si*.
    – Faça as contas mestre.
    Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*. O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.

*grafia usada em Moçambique 


Poesia matemática, Millôr Fernandes.


Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base.
Uma figura ímpar:
Olhos romboides, boca trapezoide,
Corpo ortogonal, seios esferoides.
Fez da sua
Uma vida Paralela à dela
Até que se encontraram No infinito.
“Quem és tu?” indagou ele
Com ânsia radical.
“Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me de Hipotenusa.”
E de falarem descobriram que eram
— O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs
— Primos entre si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.
A
I e II.
B
II e III
C
I e V.
D
III e IV.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Comparando o texto de Mia Couto, com o de Millôr Fernandes, pode-se afirmar que:

Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
                                                          Mia Couto.

    O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele nem incomodava os neurónios*:
    – É conta que se faz sem cabeça.
    Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá para si*.
    – Faça as contas mestre.
    Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*. O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.

*grafia usada em Moçambique 


Poesia matemática, Millôr Fernandes.


Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base.
Uma figura ímpar:
Olhos romboides, boca trapezoide,
Corpo ortogonal, seios esferoides.
Fez da sua
Uma vida Paralela à dela
Até que se encontraram No infinito.
“Quem és tu?” indagou ele
Com ânsia radical.
“Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me de Hipotenusa.”
E de falarem descobriram que eram
— O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs
— Primos entre si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.
A
os dois textos têm em comum a estratégia de dar vida aos fenômenos matemáticos como recurso de maior expressividade e beleza.
B
os textos se aproximam pelo enfoque dos sentimentos humanos, personificando a matemática, suas operações e funções.
C
a expressão: “Até se encontrarem no infinito”, do texto de Millôr, equivale a: “equação de infinito grau”, do texto de Mia Couto.
D
o trabalho com a linguagem, explorando conceitos matemáticos, de maneira pouco usual, é destaque, em ambos os textos.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Nesse texto, o escritor “brinca” com o leitor e o desafia a utilizar a imaginação para interpretar e entender toda a trama. Analisando-o segundo os elementos característicos das narrativas literárias, assinale a alternativa correta.

Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
                                                          Mia Couto.

    O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele nem incomodava os neurónios*:
    – É conta que se faz sem cabeça.
    Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá para si*.
    – Faça as contas mestre.
    Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*. O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.

*grafia usada em Moçambique 
A
É uma história proveniente da imaginação do autor, não apresentando a qualidade mais importante: a relação com uma realidade possível.
B
Julio Novesfora é o protagonista, enquanto a matemática exerce o papel de antagonista. A “menina de incorreta idade” é personagem irrelevante.
C
O narrador é também personagem, participa da história; apresenta o protagonista e vai mostrando as mudanças no comportamento de Novesfora.
D
Alguns elementos estão claramente expressos, como: linguagem elaborada e cheia de recursos, enredo, personagens, narrador
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Compare as expressões I e II abaixo (também negritadas no texto) e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I) “...reduzida a paixão ao seu equivalente numérico.”
II) “A paixão é o mundo a dividir por zero.”

Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
                                                          Mia Couto.

    O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele nem incomodava os neurónios*:
    – É conta que se faz sem cabeça.
    Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá para si*.
    – Faça as contas mestre.
    Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*. O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.

*grafia usada em Moçambique 
A
Ambas expressam a redução da paixão como forma de bom senso.
B
São expressões que apresentam significados opostos.
C
Ambas são formas de dizer que a paixão não existe.
D
As expressões transmitem a mesma ideia; confirmam-se.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analisando o contexto em que é empregada a expressão: “A paixão é o mundo a dividir por zero”, assinale a alternativa que melhor a explica.

Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
                                                          Mia Couto.

    O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele nem incomodava os neurónios*:
    – É conta que se faz sem cabeça.
    Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá para si*.
    – Faça as contas mestre.
    Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*. O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.

*grafia usada em Moçambique 
A
A paixão trouxe, para Novesfora, um mundo que ele julgava impossível existir.
B
A paixão é tão impossível que pode ser comparada a uma divisão por zero.
C
A pessoa apaixonada perde a capacidade de raciocinar com números.
D
Se existe paixão, existe também a divisão por zero, negada pelos matemáticos.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Mia Couto, escritor moçambicano, é um mestre das palavras. Nesse texto, ele aproxima a linguagem matemática das relações humanas e do cotidiano do personagem e, com isso:

Os infelizes cálculos da felicidade (fragmento),
                                                          Mia Couto.

    O homem da história é chamado Julio Novesfora. Noutras falas o mestre Novesfora. Homem bastante matemático, vivendo na quantidade exata, morando sempre no acertado lugar. O mundo, para ele, estava posto em equação de infinito grau. Qualquer situação lhe algebrava o pensamento. Integrais, derivadas, matrizes para tudo existia a devida fórmula. A maior parte das vezes mesmo ele nem incomodava os neurónios*:
    – É conta que se faz sem cabeça.
    Doseava o coração em aplicações regradas, reduzida a paixão ao seu equivalente numérico. Amores, mulheres, filhos: tudo isso era hipótese nula. O sentimento, dizia ele, não tem logaritmo. Por isso, nem se justifica a sua equação. Desde menino se abstivera de afetos. Do ponto de vista da álgebra, dizia, a ternura é um absurdo. Como o zero negativo. Vocês vejam, dizia ele aos alunos: a erva não se enerva, mesmo sabendo-se acabada em ruminagem de boi. E a cobra morde sem ódio. É só o justo praticar da dentadura injetável dela. Na natureza não se concebe sentimento. Assim, a vida prosseguia e Julio Novesfora era nela um aguarda-factos*. Certa vez, porém, o mestre se apaixonou por uma aluna, menina de incorreta idade. Toda a gente advertia: essa menina é mais que nova, não dá para si*.
    – Faça as contas mestre.
    Mas o mestre já perdera o cálculo. Desvalessem os razoáveis conselhos. Ainda mais grave: ele perdia o matemático tino. Já nem sabia o abecedário dos números. Seu pensamento perdia as limpezas da lógica. Dizia coisas sem pés. Parecia, naquele caso, se confirmar o lema: quanto mais sexo menos nexo. Agora, a razão vinha tarde de mais*. O mestre já tinha traçado a hipotenusa à menina. Em folgas e folguedos, Julio Novesfora se afastava dos rigores da geometria. O oito deitado é um infinito. E, assim, o professor ataratonto, relembrava:
– A paixão é o mundo a dividir por zero.

*grafia usada em Moçambique 
A
chama a atenção do leitor para o comportamento usual dos matemáticos que são frios, calculistas e nada sentimentais.
B
não se preocupa com a lógica do texto, como por exemplo em “estava posto em equação de infinito grau”, já que não existe grau infinito.
C
mostra que as estruturas linguísticas, as linguagens literária e matemática, utilizadas em conjunto, podem produzir sentido.
D
constrói um texto metafórico, distanciado da linguagem denotativa, sugerindo que as pessoas não deveriam ser tão “exatas” em suas vidas.
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Assinale a alternativa que melhor caracteriza o texto em relação aos gêneros literários.

O adiado avô.

Mia Couto.
  Nossa irmã Glória pariu e foi motivo de contentamentos familiares. Todos festejaram, exceto o nosso velho, Zedmundo Constantino Constante, que recusou ir ao hospital ver a criança. No isolamento de seu quarto hospitalar, Glória chorou babas e aranhas. Todo o dia seus olhos patrulharam a porta do quarto. A presença de nosso pai seria a bênção, tão esperada quanto o seu próprio recém-nascido. - Ele há-de vir, há-de vir. Não veio. Foi preciso trazerem o miúdo a nossa casa para que o avô lhe passasse os olhos. Mas foi como um olhar para nada. Ali no berço não estava ninguém. Glória reincidiu no choro. (...). Suplicou a sua mãe Dona Amadalena. Ela que falasse com o pai para que este não mais a castigasse. Falasse era fraqueza de expressão: a mãe era muda, a sua voz esquecera de nascer. O menino disse as primeiras palavras e, logo, o nosso pai Zedmundo desvalorizou: - Bahh! Contrariava a alegria geral. À mana Glória já não restava sombra de glória. (...) O homem sempre acinzentava a nuvem. Mas Zedmundo, no capítulo das falas, tinha a sua razão: nós, pobres, devíamos alargar a garganta não para falar, mas para melhor engolir sapos. - E é o que repito: falar é fácil. Custa é aprender a calar. E repetia a infinita e inacabada lembrança, esse episódio que já conhecíamos de salteado. Mas escutamos, em nosso respeitoso dever. Que uma certa vez, o patrão português, perante os restantes operários, lhe intimou: - Você, fulano, o que é que pensa? Ainda lhe veio à cabeça responder: preto não pensa, patrão. Mas preferiu ficar calado. - Não fala? Tem que falar, meu cabrão. Curioso: um regime inteiro para não deixar nunca o povo falar e a ele o ameaçavam para que não ficasse calado. E aquilo lhe dava um tal sabor de poder que ele se amarrou no silêncio. E foram insultos. Foram pancadas. E foi prisão. Ele entre os muitos cativos por falarem de mais: o único que pagava por não abrir a boca. - Eu tão calado que parecia a vossa mãe, Dona Amadalena, com o devido respeito... Meu velho acabou a história e só minha mãe arfou a mostrar saturação. Dona Amadalena sempre falara suspiros. Porém, em tons tão precisos que aquilo se convertera em língua. Amadalena suspirava direito por silêncios tortos. (...) A mulher puxou-o para o quarto. Ali, no côncavo de suas intimidades, o velho Zedmundo se explicou. (...). Eu não sou avô, eu sou eu, Zedmundo Constante. Agora, ele queria gozar o merecido direito: ser velho. A gente morre ainda com tanta vida! - Você não entende, mulher, mas os netos foram inventados para, mais uma vez, nos roubarem a regalia de sermos nós. E ainda mais se explicou: primeiro, não fomos nós porque éramos filhos. Depois, adiámos o ser porque fomos pais. Agora, querem-nos substituir pelo sermos avós. (...)
A
O texto é poético, fortemente marcado por metáforas e construções simbólicas, características que o enquadram no gênero lírico.
B
O texto pertence ao gênero dramático, pois é evidente o apelo aos dramas humanos: rejeição, tirania, incompreensão entre outros.
C
Não é possível definir a que gênero pertence, pois o texto apresenta características de mais de um gênero.
D
A presença do narrador é suficiente para caracterizar o texto como pertencente ao gênero narrativo.
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Assinale a alternativa que explica corretamente a atitude do protagonista, de se “amarrar no silêncio” (negritado, no texto).

O adiado avô.

Mia Couto.
  Nossa irmã Glória pariu e foi motivo de contentamentos familiares. Todos festejaram, exceto o nosso velho, Zedmundo Constantino Constante, que recusou ir ao hospital ver a criança. No isolamento de seu quarto hospitalar, Glória chorou babas e aranhas. Todo o dia seus olhos patrulharam a porta do quarto. A presença de nosso pai seria a bênção, tão esperada quanto o seu próprio recém-nascido. - Ele há-de vir, há-de vir. Não veio. Foi preciso trazerem o miúdo a nossa casa para que o avô lhe passasse os olhos. Mas foi como um olhar para nada. Ali no berço não estava ninguém. Glória reincidiu no choro. (...). Suplicou a sua mãe Dona Amadalena. Ela que falasse com o pai para que este não mais a castigasse. Falasse era fraqueza de expressão: a mãe era muda, a sua voz esquecera de nascer. O menino disse as primeiras palavras e, logo, o nosso pai Zedmundo desvalorizou: - Bahh! Contrariava a alegria geral. À mana Glória já não restava sombra de glória. (...) O homem sempre acinzentava a nuvem. Mas Zedmundo, no capítulo das falas, tinha a sua razão: nós, pobres, devíamos alargar a garganta não para falar, mas para melhor engolir sapos. - E é o que repito: falar é fácil. Custa é aprender a calar. E repetia a infinita e inacabada lembrança, esse episódio que já conhecíamos de salteado. Mas escutamos, em nosso respeitoso dever. Que uma certa vez, o patrão português, perante os restantes operários, lhe intimou: - Você, fulano, o que é que pensa? Ainda lhe veio à cabeça responder: preto não pensa, patrão. Mas preferiu ficar calado. - Não fala? Tem que falar, meu cabrão. Curioso: um regime inteiro para não deixar nunca o povo falar e a ele o ameaçavam para que não ficasse calado. E aquilo lhe dava um tal sabor de poder que ele se amarrou no silêncio. E foram insultos. Foram pancadas. E foi prisão. Ele entre os muitos cativos por falarem de mais: o único que pagava por não abrir a boca. - Eu tão calado que parecia a vossa mãe, Dona Amadalena, com o devido respeito... Meu velho acabou a história e só minha mãe arfou a mostrar saturação. Dona Amadalena sempre falara suspiros. Porém, em tons tão precisos que aquilo se convertera em língua. Amadalena suspirava direito por silêncios tortos. (...) A mulher puxou-o para o quarto. Ali, no côncavo de suas intimidades, o velho Zedmundo se explicou. (...). Eu não sou avô, eu sou eu, Zedmundo Constante. Agora, ele queria gozar o merecido direito: ser velho. A gente morre ainda com tanta vida! - Você não entende, mulher, mas os netos foram inventados para, mais uma vez, nos roubarem a regalia de sermos nós. E ainda mais se explicou: primeiro, não fomos nós porque éramos filhos. Depois, adiámos o ser porque fomos pais. Agora, querem-nos substituir pelo sermos avós. (...)
A
Despossuído de direitos, calar simbolizava resistir aos desmandos a que constantemente era submetido
B
O regime autoritário em que vivia impunha o silêncio como conduta, e o personagem se acostumara a isso.
C
Sabia que insultos, pancadas e prisão eram os castigos para quem falava demais.
D
Talvez por admirar o silêncio da esposa, pois afirma que lhe tinha muito respeito.
329284cf-dd
IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade

A linguagem do texto é marcada por uma profusão de recursos literários, entre os quais, a intertextualidade. Assinale a alternativa que registra esse recurso.

O adiado avô.

Mia Couto.
  Nossa irmã Glória pariu e foi motivo de contentamentos familiares. Todos festejaram, exceto o nosso velho, Zedmundo Constantino Constante, que recusou ir ao hospital ver a criança. No isolamento de seu quarto hospitalar, Glória chorou babas e aranhas. Todo o dia seus olhos patrulharam a porta do quarto. A presença de nosso pai seria a bênção, tão esperada quanto o seu próprio recém-nascido. - Ele há-de vir, há-de vir. Não veio. Foi preciso trazerem o miúdo a nossa casa para que o avô lhe passasse os olhos. Mas foi como um olhar para nada. Ali no berço não estava ninguém. Glória reincidiu no choro. (...). Suplicou a sua mãe Dona Amadalena. Ela que falasse com o pai para que este não mais a castigasse. Falasse era fraqueza de expressão: a mãe era muda, a sua voz esquecera de nascer. O menino disse as primeiras palavras e, logo, o nosso pai Zedmundo desvalorizou: - Bahh! Contrariava a alegria geral. À mana Glória já não restava sombra de glória. (...) O homem sempre acinzentava a nuvem. Mas Zedmundo, no capítulo das falas, tinha a sua razão: nós, pobres, devíamos alargar a garganta não para falar, mas para melhor engolir sapos. - E é o que repito: falar é fácil. Custa é aprender a calar. E repetia a infinita e inacabada lembrança, esse episódio que já conhecíamos de salteado. Mas escutamos, em nosso respeitoso dever. Que uma certa vez, o patrão português, perante os restantes operários, lhe intimou: - Você, fulano, o que é que pensa? Ainda lhe veio à cabeça responder: preto não pensa, patrão. Mas preferiu ficar calado. - Não fala? Tem que falar, meu cabrão. Curioso: um regime inteiro para não deixar nunca o povo falar e a ele o ameaçavam para que não ficasse calado. E aquilo lhe dava um tal sabor de poder que ele se amarrou no silêncio. E foram insultos. Foram pancadas. E foi prisão. Ele entre os muitos cativos por falarem de mais: o único que pagava por não abrir a boca. - Eu tão calado que parecia a vossa mãe, Dona Amadalena, com o devido respeito... Meu velho acabou a história e só minha mãe arfou a mostrar saturação. Dona Amadalena sempre falara suspiros. Porém, em tons tão precisos que aquilo se convertera em língua. Amadalena suspirava direito por silêncios tortos. (...) A mulher puxou-o para o quarto. Ali, no côncavo de suas intimidades, o velho Zedmundo se explicou. (...). Eu não sou avô, eu sou eu, Zedmundo Constante. Agora, ele queria gozar o merecido direito: ser velho. A gente morre ainda com tanta vida! - Você não entende, mulher, mas os netos foram inventados para, mais uma vez, nos roubarem a regalia de sermos nós. E ainda mais se explicou: primeiro, não fomos nós porque éramos filhos. Depois, adiámos o ser porque fomos pais. Agora, querem-nos substituir pelo sermos avós. (...)
A
“a sua voz esquecera de nascer”.
B
“Dona Amadalena sempre falara suspiros”.
C
“A gente morre ainda com tanta vida!”
D
“Amadalena suspirava direito por silêncios tortos”
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Mia Couto, autor moçambicano, é conhecido por abordar o passado colonial de sua terra natal, a opressão feminina, a família patriarcal e a luta do povo em busca de sua identidade. Metaforicamente, de modo implícito, ou explícito, essas marcas se evidenciam nesse texto, nas situações:

I) silêncio de Amadalena.

II) insistência de Zedmundo em ser ele mesmo.

III) insistência de Glória na bênção do pai ao neto.

IV) postura autoritária do patrão português.

V) mágoa explícita do narrador.


Estão corretos apenas:

O adiado avô.

Mia Couto.
  Nossa irmã Glória pariu e foi motivo de contentamentos familiares. Todos festejaram, exceto o nosso velho, Zedmundo Constantino Constante, que recusou ir ao hospital ver a criança. No isolamento de seu quarto hospitalar, Glória chorou babas e aranhas. Todo o dia seus olhos patrulharam a porta do quarto. A presença de nosso pai seria a bênção, tão esperada quanto o seu próprio recém-nascido. - Ele há-de vir, há-de vir. Não veio. Foi preciso trazerem o miúdo a nossa casa para que o avô lhe passasse os olhos. Mas foi como um olhar para nada. Ali no berço não estava ninguém. Glória reincidiu no choro. (...). Suplicou a sua mãe Dona Amadalena. Ela que falasse com o pai para que este não mais a castigasse. Falasse era fraqueza de expressão: a mãe era muda, a sua voz esquecera de nascer. O menino disse as primeiras palavras e, logo, o nosso pai Zedmundo desvalorizou: - Bahh! Contrariava a alegria geral. À mana Glória já não restava sombra de glória. (...) O homem sempre acinzentava a nuvem. Mas Zedmundo, no capítulo das falas, tinha a sua razão: nós, pobres, devíamos alargar a garganta não para falar, mas para melhor engolir sapos. - E é o que repito: falar é fácil. Custa é aprender a calar. E repetia a infinita e inacabada lembrança, esse episódio que já conhecíamos de salteado. Mas escutamos, em nosso respeitoso dever. Que uma certa vez, o patrão português, perante os restantes operários, lhe intimou: - Você, fulano, o que é que pensa? Ainda lhe veio à cabeça responder: preto não pensa, patrão. Mas preferiu ficar calado. - Não fala? Tem que falar, meu cabrão. Curioso: um regime inteiro para não deixar nunca o povo falar e a ele o ameaçavam para que não ficasse calado. E aquilo lhe dava um tal sabor de poder que ele se amarrou no silêncio. E foram insultos. Foram pancadas. E foi prisão. Ele entre os muitos cativos por falarem de mais: o único que pagava por não abrir a boca. - Eu tão calado que parecia a vossa mãe, Dona Amadalena, com o devido respeito... Meu velho acabou a história e só minha mãe arfou a mostrar saturação. Dona Amadalena sempre falara suspiros. Porém, em tons tão precisos que aquilo se convertera em língua. Amadalena suspirava direito por silêncios tortos. (...) A mulher puxou-o para o quarto. Ali, no côncavo de suas intimidades, o velho Zedmundo se explicou. (...). Eu não sou avô, eu sou eu, Zedmundo Constante. Agora, ele queria gozar o merecido direito: ser velho. A gente morre ainda com tanta vida! - Você não entende, mulher, mas os netos foram inventados para, mais uma vez, nos roubarem a regalia de sermos nós. E ainda mais se explicou: primeiro, não fomos nós porque éramos filhos. Depois, adiámos o ser porque fomos pais. Agora, querem-nos substituir pelo sermos avós. (...)
A
I e III.
B
II e V
C
I, II, III e IV
D
III, IV e V.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise a charge com atenção.


    Nessa charge, os recursos não-verbais são suficientes para a compreensão da mensagem, que poderia ser assim registrada: 

A
Nos hospitais, a prioridade não é mais o ser humano, pois não há enfermeiros nas UTIs.
B
A pessoa dependente da tecnologia pode pôr em risco a própria vida.
C
Mesmo com toda a assistência tecnológica, a vida humana cessa quando chega a hora.
D
A vida está sempre por um fio.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais

Leia atentamente os textos a seguir.

Texto 1
Baralho cigano - A carta 30 “Os Lírios” rege o período.
Uma semana que lágrimas poderão rolar de nossos olhos. Os lírios simbolizam tristeza, perdas e sofrimentos na vida amorosa e familiar. Tudo causado por situações que irão se revelar neste período. Mas, com calma, amor e inteligência, tudo irá se resolver para seu bem. Só que a carta avisa: haverá perdas necessárias, para que uma nova fase comece já. (www.terra.com.br)

Texto 2
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade... (Constituição Federal, 1988, art. 5º).

Texto 3
A excelente coluna “Auxílio é para quem precisa?”, de Fernanda Mena (Opinião, 21/7), aborda de maneira oportuna e objetiva a imoralidade da concessão de auxílio-moradia de R$4,378 mensais para juízes. Abdias Ferreira Filho (São Paulo, SP)

Texto 4

Tomando por base esses textos, pode-se afirmar, a respeito de “gêneros textuais”, que:

A
nem todos podem ser considerados gêneros textuais, porque não preenchem os parâmetros de finalidade comunicativa dessas categorias.
B
são exemplos de gêneros produzidos em diferentes domínios discursivos, onde também circulam; são manifestações do funcionamento social.
C
diferente dos demais, o texto 4 permite a identificação do suporte textual, ou seja, do meio que serve de base para a materialização do texto.
D
os textos 1, 2, 3 não permitem a identificação dos domínios discursivos nos quais foram criados. O 4 revela claramente a esfera da atividade humana em que foi produzido.
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IF-PR 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando o texto, selecione, entre as alternativas, o dizer popular ao qual se pode relacionar algum fragmento dele, ou sua totalidade.

Os dois amigos se encontram, para um dia de pescaria. Um deles estranha a “bagagem” do outro:

– Ô cumpade, pra mode quê tá levano esses dois embornal? Tudo é isca?

– Não... É que tô levano uma pingazinha, cumpade.

– Pinga, cumpade? Nóis num tinha acertado que num ia bebê mais?!

– Cumpade, é que pode aparecê uma cobra e picá a gente. Aí nóis desinfeta com a pinga e toma uns gole, que é pra mode num sinti a dô.

– É... e na outra sacola, o que cê tá levano?

– É a cobra, cumpade. Pode num tê lá...

A
O sujeito não dá ponto sem nó.
B
Deus ajuda quem cedo madruga.
C
Não dê o peixe; ensine a pescar.
D
Mente vazia, oficina do diabo.