Questõessobre Coesão e coerência
Analise o excerto dado e os itens lexicais nele destacados:
A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos,
e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser
superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em
quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quantidade de
páginas escritas.
Sobre esse fragmento, é INCORRETO afirmar:
Todos estes nomes a seguir resgatam, com atitude avaliativa, a expressão “notícias falsas” do texto,
EXCETO
Assinale a alternativa que expressa, com correção gramatical, a ideia central do texto.
“arte são certas manifestações da atividade humana
diante das quais nosso sentimento é admirativo” (3°
parágrafo)
Os dois segmentos sublinhados podem ser substituídos, com
correção gramatical, por:
Jornal O Popular, p. M7, 09 mar. 2017.
Há entre a tirinha de Maurício de Sousa e a conhecida narrativa do Éden, da tradição judaico-cristã, uma relação
Marque V ou F, conforme sejam as afirmativas verdadeiras ou
falsas.
( ) Em “Cada um de nós nasce enquadrado.” (l. 1), o termo
qualificador “enquadrado” poderia ser usado no plural
concordando com o pronome “nós”.
( ) As palavras “época” (l. 4), “indivíduo” (l. 7), “espírito” (l. 11)
e “raízes” (l. 15) são acentuadas pela mesma razão.
( ) Em “Para que ela não nos desumanize, temos de
continuar a senti-la” (l. 23-24), o pronome”ela” e a
contração “la” são termos anafóricos que retomam a
palavra “mutilação” (l. 22).
( ) As vírgulas em “Depois, já mutilados e lutando, vemo-nos
novamente presos” (l. 28-29) são aplicadas pelo mesmo
motivo que em “Rendemo-nos, por descrença e
desesperança, a essa circunstância” (l. 32-33).
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo, é a
Marque V ou F, conforme sejam as afirmativas verdadeiras ou falsas.
( ) Em “Cada um de nós nasce enquadrado.” (l. 1), o termo qualificador “enquadrado” poderia ser usado no plural concordando com o pronome “nós”.
( ) As palavras “época” (l. 4), “indivíduo” (l. 7), “espírito” (l. 11) e “raízes” (l. 15) são acentuadas pela mesma razão.
( ) Em “Para que ela não nos desumanize, temos de continuar a senti-la” (l. 23-24), o pronome”ela” e a contração “la” são termos anafóricos que retomam a palavra “mutilação” (l. 22).
( ) As vírgulas em “Depois, já mutilados e lutando, vemo-nos novamente presos” (l. 28-29) são aplicadas pelo mesmo motivo que em “Rendemo-nos, por descrença e desesperança, a essa circunstância” (l. 32-33).
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo, é a
UNGUER, Roberto Mangabeira. Uma vida Humana. Folha de São Paulo,
São Paulo, 11 setembro [2001?]. Opinião, Tendências/Debates.
Leia o trecho a seguir.
UMA VÍRGULA MUDA TUDO.
ABI. 100 ANOS LUTANDO PARA
QUE NINGUÉM MUDE NEM UMA
VÍRGULA DA SUA INFORMAÇÃO.
Com base nesse trecho, considere as afirmativas a seguir.
I. A segunda palavra vírgula possui duplo sentido.
II. Em “nem uma vírgula”, pode-se depreender que se trata de alterações eventualmente realizadas pela
imprensa no conteúdo das informações.
III. Transparece a preocupação da ABI quanto aos erros gramaticais cada vez mais frequentes em textos
jornalísticos.
IV. O pronome possessivo “sua” está se referindo à ABI.
Assinale a alternativa correta.
Com base no texto, considere afirmativas a seguir.
I. “De acordo com ele, a revolução da Internet já passou e, agora, o futuro aponta para uma integração
cada vez maior entre homens e tecnologias”, o trecho sublinhado faz uma retomada do referencial,
indicando conformidade.
II. Em “O pensamento humano é linear. Já o pensamento dos computadores funciona de acordo com
uma lógica exponencial”, o conectivo sublinhado indica relação de adição entre os períodos.
III. Em “A cada dezoito meses, mais ou menos, nossa capacidade duplica. Por isso, a velocidade da
evolução é cada vez maior”, a locução sublinhada indica finalidade.
IV. Em “Depois da Internet, segundo as discussões da Singularity, três novas revoluções em curso ditam
as tendências do futuro próximo”, a circunstância sublinhada tem valor semântico temporal.
Assinale a alternativa correta.
Considere o trecho abaixo, extraído e
adaptado do texto (l. 03-09).
Pressente: há alguma coisa irresolvida
que não está em parte alguma, mas que
os nervos sentem. Quem sabe seja uma
espécie de vergonha. Quem sabe seja o
medo enigmático dos quarenta anos.
Certamente não é a angústia de se ver
lavando o carro numa tarde de sábado.
Suponha que o segmento Pressente: fosse
substituído por Estava lavando o carro
quando pressentiu que. Quantas formas
verbais teriam de ser alteradas no restante do
trecho para garantir a correção das relações
temporais?
Considere as seguintes propostas de alteração
da ordem de elementos adverbiais do texto.
I - Deslocamento de ,em geral, (l. 04) para
imediatamente antes de razoavelmente
(l. 02).
II - Deslocamento de ,muitas vezes, (l. 14)
para imediatamente antes de chega (l. 14).
III- Deslocamento de inclusive (l. 27),
precedido de vírgula, para imediatamente
depois de características (l. 29).
Quais propostas estão corretas e preservam o
sentido do texto?
Considere as seguintes afirmações sobre
propostas de alteração de frases do texto.
I - Se não entende (l. 03) fosse substituído
por desconfia, seria necessário substituir
o que (l. 02) por que.
II - Se está (l. 04) fosse substituído por ele
não localiza, nenhuma outra alteração
seria necessária à frase.
III- Se se agarra (l. 16) fosse substituído por
ele se protege, seria necessário
substituir à qual (l. 16) por com a qual.
Sem considerar alterações de sentido, quais
afirmações mantêm a correção da frase?
Considere as afirmações abaixo, acerca das
relações referenciais no texto.
I - dessas variedades (l. 30-31) retoma as
variedades escritas e faladas
constitutivas da chamada norma
culta (l. 24-26).
II - la (l. 42) retoma toda uma cultura
escolar (l. 39-40).
III- Essa compreensão (l. 45) retoma uma
adequada compreensão da
heterogeneidade linguística do país,
sua história social e suas
características atuais (l. 42-45).
Quais estão corretas?
Considere as seguintes sugestões de
substituição de nexos.
I - Substituição de Talvez (l. 18) por Pode
ser que.
II - Substituição de quando (l. 28) por no
momento em que.
III- Substituição de e (l. 52) por mas
precedido de vírgula.
Quais preservariam o sentido e a correção do
segmento do texto em que ocorrem?
Considere, em seu contexto, os trechos abaixo
extraídos do texto:
1. Só começou a aparecer em meados de 1970,
quando o mundo, fortemente influenciado
por movimentos ecologistas e ambientalistas
nascidos nos EUA, finalmente voltava seus
olhos aos desastres ambientais causados
pelos homens. (1° parágrafo)
2. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando
se deixa de considerar o substrato ecológico e
material da existência humana. (3° parágrafo)
Assinale a alternativa correta.
Sociologia Ambiental
O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:
O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.
Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.
RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.
72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]
Considere, em seu contexto, o trecho abaixo, extraído do texto:
No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante
mudança em função do meio em que vive, assim
como a natureza está em constante mudança em
função das vontades humanas. (4° parágrafo)
Analise as afirmativas abaixo em relação ao texto:
1. O pronome pessoal “ele” funciona como
objeto direto do verbo defender.
2. A expressão “No entanto” funciona como
conector contrastivo, redirecionando a
argumentação.
3. O vocábulo “porque” funciona como conector consecutivo, estabelecendo uma relação
semântica de consequência em relação ao
conteúdo precedente.
4. A expressão “em que” tem valor locativo,
podendo ser substituída por “onde”, sem ferir
a norma culta da língua escrita.
5. A expressão “assim como” tem valor comparativo e pode ser substituída por “tanto quanto”,
sem prejuízo de significado.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
corretas.
Sociologia Ambiental
O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:
O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.
Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.
RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.
72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e
as falsas ( F ), de acordo com o texto.
( ) Trata-se de um texto basicamente dialógico,
que reproduz a interação entre dois interlocutores, marcadamente assinalada pelo
uso alternado de pronomes de primeira e de
segunda pessoa.
( ) Na historiografia do livro, evidencia-se uma
relação tensa entre autor e leitor, que se
reflete em práticas sociais que ora privilegiam
a escrita, ora a leitura.
( ) O texto é construído em torno do seguinte
eixo argumentativo: as novas tecnologias são
nocivas, pois são responsáveis pelo fim do
livro impresso.
( ) O autor intercala diferentes vozes no texto, o
que reforça o efeito de veracidade produzido.
( ) O referente de maior proeminência no texto é
introduzido na forma de nome próprio, sendo
coesivamente retomado por diferentes estratégias, dentre as quais a pronominalização e o
uso de expressões nominais definidas.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo.
Roger Chartier, o especialista em história da leitura
A história da cultura e dos livros tem uma longa tradição, mas só há pouco tempo ela ampliou seu âmbito para compreender também a trajetória da leitura e da escrita como práticas sociais. Um dos responsáveis por isso é o francês Roger Chartier. “Ele fez uma revolução ao demonstrar que é possível estudar a humanidade pela evolução do escrito”, diz Mary Del Priore, sócia honorária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. “Se a história cultural sempre foi baseada em dados estatísticos ou sociológicos, Chartier a direcionou para as significações sociais dos textos.” O historiador “escolheu concentrar-se nos estudos das práticas culturais, sem postular a existência de uma ‘cultura’ geral”, diz Mary Del Priore.
O pesquisador francês costuma combater a ideia do material escrito como um objeto fixo, impossível de ser modificado e alterado pelas pessoas que o utilizam e interagem com ele. As novas tecnologias lhe dão razão – a leitura na internet costuma ser descontínua e fragmentária, e o leitor raramente percebe o sentido do todo e da contiguidade, que, por exemplo, o simples manuseio de um jornal já gera. Essa diferença fundamental, que torna a leitura dos livros mais profunda e duradoura, faz com que ele preveja a sobrevivência do formato impresso, apesar da disseminação dos meios eletrônicos. “O trabalho que fazemos como historiadores do livro é mostrar que o sentido de um texto depende também da forma material como ele se apresentou a seus leitores originais e por seu autor”, diz Chartier. “Por meio dela, podemos compreender como e por que foi editado, a maneira como foi manuseado, lido e interpretado por aqueles de seu tempo.” O suporte, portanto, influencia o sentido do texto construído pelo leitor.
Ele gosta de enfatizar duas outras mudanças importantes nos padrões predominantes de leitura. A primeira: feita em voz alta à frente de plateias, foi para a silenciosa na Idade Média. A segunda: da leitura intensiva para a extensiva, no século XVIII – quando os hábitos de retorno sistemático às mesmas e poucas obras escolhidas como essenciais foram substituídos por uma relação mais informativa e ampla com o material escrito.
FERRARI, M. Roger Chartier, o especialista em história da leitura.
[Adaptado] Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/2529/roger-chatier-o-especialista-em-historia-da-leitura
Acesso em: 09/12/2017.
Considere, em seu contexto, os trechos abaixo
extraídos do texto:
1. A história da cultura e dos livros tem uma
longa tradição, mas só há pouco tempo ela
ampliou seu âmbito para compreender também a trajetória da leitura e da escrita como
práticas sociais. (1° parágrafo)
2. “Por meio dela, podemos compreender como
e por que foi editado, a maneira como foi
manuseado, lido e interpretado por aqueles
de seu tempo.” (2° parágrafo)
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as
falsas ( F ) com base nos trechos considerados.
( ) Em 1, os pronomes “ela” e “seu” são correferenciais e retomam “A história da cultura e dos
livros”.
( ) Em 1, infere-se que a história da cultura e dos
livros, até algum tempo atrás, não considerava
as práticas sociais.
( ) Em 2, o pronome combinado com preposição
“dela” faz referência a “trajetória da leitura e da
escrita”.
( ) Em 2, o conector “por que” introduz uma
explicação.
( ) Em 1 e 2, o verbo “compreender” pode ser
substituído por “entender”, sem prejuízo
de significado no texto em nenhuma das
ocorrências.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo.
Roger Chartier, o especialista em história da leitura
A história da cultura e dos livros tem uma longa tradição, mas só há pouco tempo ela ampliou seu âmbito para compreender também a trajetória da leitura e da escrita como práticas sociais. Um dos responsáveis por isso é o francês Roger Chartier. “Ele fez uma revolução ao demonstrar que é possível estudar a humanidade pela evolução do escrito”, diz Mary Del Priore, sócia honorária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. “Se a história cultural sempre foi baseada em dados estatísticos ou sociológicos, Chartier a direcionou para as significações sociais dos textos.” O historiador “escolheu concentrar-se nos estudos das práticas culturais, sem postular a existência de uma ‘cultura’ geral”, diz Mary Del Priore.
O pesquisador francês costuma combater a ideia do material escrito como um objeto fixo, impossível de ser modificado e alterado pelas pessoas que o utilizam e interagem com ele. As novas tecnologias lhe dão razão – a leitura na internet costuma ser descontínua e fragmentária, e o leitor raramente percebe o sentido do todo e da contiguidade, que, por exemplo, o simples manuseio de um jornal já gera. Essa diferença fundamental, que torna a leitura dos livros mais profunda e duradoura, faz com que ele preveja a sobrevivência do formato impresso, apesar da disseminação dos meios eletrônicos. “O trabalho que fazemos como historiadores do livro é mostrar que o sentido de um texto depende também da forma material como ele se apresentou a seus leitores originais e por seu autor”, diz Chartier. “Por meio dela, podemos compreender como e por que foi editado, a maneira como foi manuseado, lido e interpretado por aqueles de seu tempo.” O suporte, portanto, influencia o sentido do texto construído pelo leitor.
Ele gosta de enfatizar duas outras mudanças importantes nos padrões predominantes de leitura. A primeira: feita em voz alta à frente de plateias, foi para a silenciosa na Idade Média. A segunda: da leitura intensiva para a extensiva, no século XVIII – quando os hábitos de retorno sistemático às mesmas e poucas obras escolhidas como essenciais foram substituídos por uma relação mais informativa e ampla com o material escrito.
FERRARI, M. Roger Chartier, o especialista em história da leitura.
[Adaptado] Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/2529/roger-chatier-o-especialista-em-historia-da-leitura
Acesso em: 09/12/2017.
Considere, em seu contexto, o trecho abaixo extraído do texto:
Até então acreditava-se que os recursos naturais eram
infinitos e que os impactos causados pelo homem
eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
(1°
parágrafo)
Analise as afirmativas abaixo em relação ao texto:
1. O vocábulo “que”, em suas duas ocorrências,
introduz orações subordinadas coordenadas
entre si, as quais complementam o verbo
acreditar.
2. A expressão “Até então” funciona como conector, estabelecendo uma relação semântica de
conclusão.
3. O vocábulo “Assim” funciona como conector,
estabelecendo uma relação semântica de
causalidade.
4. O segmento “não parecia ser relevante” confere força assertiva ao conteúdo expresso por
“discutir o futuro do planeta”.
5. A forma verbal “eram”, em cada uma das ocorrências, pode ser substituída por “fossem”, sem
prejuízo de informação temporal.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
corretas.
Sociologia Ambiental
O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:
O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.
Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.
RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.
72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]
Considere, em seu contexto, os trechos abaixo
extraídos do texto:
1. O ser humano, especialidade zoológica da
Sociologia, é singular em todo o mundo animal,
tanto quanto o é sua capacidade de criar uma
cultura e comunicação simbólica. (3° parágrafo)
2. Seria um traço característico da modernidade
a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. (4° parágrafo)
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as
falsas ( F ) em relação aos trechos considerados.
( ) Em 1, “especialidade zoológica da Sociologia”
funciona como aposto explicativo de “ser
humano”.
( ) Em 1, “tanto quanto” estabelece uma relação
semântica de comparação – a partir de uma
característica comum, a singularidade – entre
o ser humano no mundo animal e a capacidade do ser humano de criar uma cultura e
comunicação simbólica.
( ) Em 1, o vocábulo “o” tem valor coesivo, sendo
usado em substituição a “singular”.
( ) Em 2, “Seria um traço característico da modernidade” funciona como oração principal no
período.
( ) Em 2, o vocábulo “que” funciona como pronome relativo na primeira ocorrência e como
conjunção integrante na segunda.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo.
Sociologia Ambiental
O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.
Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:
O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.
Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.
RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.
72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]