“Um, dois, três lampiões, acende e continua”
Outros mais a acender imperturbavelmente,” (2a
estrofe)
O trecho sublinhado
Leia o poema de Jorge de Lima (1895-1953) para responder
à questão.
O acendedor de lampiões
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita: —
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
(Antologia poética: Jorge de Lima, 2014.)
Gabarito comentado
Tema central da questão: Esta questão aborda função sintática, especificamente a análise do complemento verbal (objeto direto) em um contexto poético.
No verso: “Um, dois, três lampiões, acende e continua...”, a expressão sublinhada (“Um, dois, três lampiões”) desempenha papel fundamental para entender como se estrutura a oração segundo a norma-padrão:
- “acende” → verbo transitivo direto, que exige um complemento sem preposição (objeto direto).
- “continua” → nesse contexto, é intransitivo: significa prossegue (com a ação de acender outros lampiões), portanto, não exige complemento.
Assim, pela gramática normativa (Cunha & Cintra, Rocha Lima), o termo “Um, dois, três lampiões” completa exclusivamente o verbo “acende”. Não é sujeito, nem agente das ações — é objeto direto.
Justificativa da alternativa correta (D):
A alternativa D é correta porque reconhece que “Um, dois, três lampiões” completa o sentido do verbo “acende”, apenas; é o complemento necessário desse verbo, como recomendam as gramáticas clássicas e o Manual de Redação da Presidência da República. O verbo “continua” não exige (e não possui) complemento nesta construção.
Análise das alternativas incorretas:
- A – Errada: O termo não indica agente das ações; agente é o sujeito (oculto: “o acendedor de lampiões”).
- B – Errada: Idem; além disso, “Um, dois, três lampiões” não completa “a acender”.
- C – Errada: Apesar de ser complemento de “acende”, o termo não é agente.
- E – Errada: “Continua” é verbo intransitivo aqui, não requerendo complemento.
Dica para provas futuras: Sempre identifique o núcleo do significado do verbo e pergunte:
- O verbo precisa de complemento?
- Esse complemento é um objeto direto (sem preposição) ou indireto (com preposição)?
- Quem realiza a ação (sujeito) e quem recebe (objeto)?
Essa lógica, fundamentada na análise sintática, é vital para resolver rapidamente questões desse tipo.
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