Questõesde FMP sobre Literatura
Leia o seguinte texto.
Precursor do conto fantástico no Brasil
Na literatura brasileira, Rubião é visto como iniciador ou precursor do conto
fantástico. Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Lobato e outros teriam feito
incursões rápidas no terreno do fantástico, mas a penetração sistemática
nessa esfera vem do contista mineiro. Em uma crítica ao seu primeiro livro,
Álvaro Lins aponta a proximidade com Kafka, mas Murilo Rubião diz que foi
lê-lo apenas depois. Em todo caso, a escolha narrativa mostra parentesco
entre os dois escritores e faz de Rubião um caso singular na literatura
brasileira.
(SANSEVERINO, Antônio. In. Leituras Obrigatórias 2014 –
UFRGS/organizado por Sergius Gonzaga. Porto Alegre: Leitura XXI, 2013.
p. 104)
Com base no texto de Antônio Sanseverino, considere as seguintes
afirmações sobre a obra de Murilo Rubião.
I. Nos contos de Murilo Rubião, o fantástico, como categoria estética,
insere-se numa forma de relato que introduz um dado espantoso
(sobrenatural ou não) que escapa à explicação rotineira e põe em
xeque a vida cotidiana, normal.
II. No conto O pirotécnico Zacarias a influência de Machado de Assis se
evidencia com força. A abertura lembra Memórias póstumas de Brás
Cubas. Nela o narrador discute sua condição de morto e a relação com
os outros, os vivos.
III. Em O convidado, a atmosfera kafkiana se dissolve a partir do momento
em que José Alferes descobre que está sendo vítima de um golpe. A
partir desse momento, o conto adquire uma dimensão realística.
Está(ão) correta(s):
Na literatura brasileira, Rubião é visto como iniciador ou precursor do conto fantástico. Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Lobato e outros teriam feito incursões rápidas no terreno do fantástico, mas a penetração sistemática nessa esfera vem do contista mineiro. Em uma crítica ao seu primeiro livro, Álvaro Lins aponta a proximidade com Kafka, mas Murilo Rubião diz que foi lê-lo apenas depois. Em todo caso, a escolha narrativa mostra parentesco entre os dois escritores e faz de Rubião um caso singular na literatura brasileira.
Leia o seguinte texto extraído do romance Vidas secas, de Graciliano
Ramos.
- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
(...) E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em
guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e
os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios,
descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse
percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
- Você é um bicho, Fabiano.
Isso para ele era motivo de orgulho. Sim, senhor, um bicho, capaz de vencer
dificuldades.
(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 71. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p.
18. – fragmento)
Considere as seguintes afirmações sobre o romance Vidas secas.
I. O livro apresenta um retrato brutal da dura existência no sertão
nordestino, em que bichos e homens são igualados na tentativa de
sobreviver às agruras da seca.
II. Fabiano questiona a própria humanidade para concluir, com a
sabedoria de um homem letrado, que é um “bicho”.
III. A hostilidade da natureza e a opressão do sistema rural arcaico
parecem eliminar do vaqueiro e de sua família vários traços de
humanidade, impelindo, principalmente, Fabiano a se tornar um
facínora.
Está(ão) correta(s):
Leia o seguinte texto extraído do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos.
- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
(...) E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
- Você é um bicho, Fabiano.
Isso para ele era motivo de orgulho. Sim, senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.
(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 71. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 18. – fragmento)
Considere as seguintes afirmações sobre o romance Vidas secas.
I. O livro apresenta um retrato brutal da dura existência no sertão nordestino, em que bichos e homens são igualados na tentativa de sobreviver às agruras da seca.
II. Fabiano questiona a própria humanidade para concluir, com a sabedoria de um homem letrado, que é um “bicho”.
III. A hostilidade da natureza e a opressão do sistema rural arcaico parecem eliminar do vaqueiro e de sua família vários traços de humanidade, impelindo, principalmente, Fabiano a se tornar um facínora.
Está(ão) correta(s):
Leia o seguinte fragmento extraído do livro Verdade Tropical, de
Caetano Veloso.
A ideia do canibalismo cultural servia-nos, aos tropicalistas como uma
luva. Estávamos “comendo” os Beatles e Jimi Hendrix. Nossas argumentações
contra a atitude defensiva dos nacionalistas encontravam aqui uma formulação
sucinta e exaustiva. Claro que passamos a aplicá-la com largueza e intensidade,
mas não sem cuidado, e eu procurei, a cada passo, repensar os termos em que a
adotamos.
(VELOSO, Caetano. Verdade Tropical. São Paulo: Companhia das Letras,
1997, p. 247)
Considere as seguintes afirmações sobre o Tropicalismo.
I. A metáfora oswaldiana da devoração, que propunha não imitar e sim
devorar a informação nova, inspirou Caetano e Gil em suas ações
tropicalistas.
II. Na opção tropicalista, para Caetano Veloso, o foco da preocupação
política foi deslocado da área da rebeldia para o eixo da revolução social.
III. O Tropicalismo apresentou-se com uma proposta que se pretendia
artística, mas devido a sua força contestadora levou a discussão para
além dos muros da música ou mesmo da arte, tornando-se símbolo não
só de uma estética, mas também de uma proposta ideológica.
Está(ão) correta(s):
Leia, a seguir, o poema Soneto da separação, de Vinícius de Moraes.
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
(MORAES, Vinícius. Livro de Sonetos – 1957/1967. São Paulo: Companhia
das Letras, 1991.)
Considere as seguintes afirmações sobre o poema de Vinícius de
Moraes.
I. O amor, e sua rima mais conhecida e banalizada, a dor, sempre
caminharam juntos da poética de Vinícius de Moraes.
II. Nos inúmeros poemas de amor de Vinícius, a influência da poesia
camoniana é muito forte e pode ser observada na tentativa de analisar
o amor, na preferência pelo soneto como forma poética, e no uso
frequente de antíteses para expressar a ausência total de contradições
próprias desse sentimento.
III. A ideia central de Soneto da separação, em que as antíteses mostram
o impacto da perda do amor na vida das pessoas, é o amor como um
sentimento poderoso e fugaz.
Está(ão) correta(s):
Leia o seguinte texto:
Os sertões e a tragédia republicana
Os sertões é uma obra híbrida que transita entre a literatura, a história e a
ciência, ao unir a perspectiva científica, de base naturalista e evolucionista, à
construção literária, marcada pelo fatalismo trágico e por uma visão romântica
da natureza. Euclides recorreu a formas de ficção, como a tragédia e a
epopeia, para compreender o horror da guerra e inserir os fatos em um
enredo capaz de ultrapassar a sua significação particular. A epopeia gloriosa
da República brasileira, pela qual combatera na juventude, adquiriu caráter de
tragédia na violenta intervenção militar que testemunhou em Canudos.
(Roberto Ventura. Do mar se fez o sertão de
Euclides da Cunha e Canudos. www.euclidesdacunha.org/ventura.htm)
Com base no texto de Roberto Ventura considere as seguintes
afirmações sobre Os sertões, de Euclides da Cunha.
I. Em Os sertões, Euclides da Cunha jamais pôs de lado as ideologias
colonialistas, deixando falar em si o republicano fanático, destacando,
fundamentalmente, a barbárie dos “rudes patrícios transviados”.
II. Quando a República, no seu fanatismo civilizador, extermina o
sertanejo, cumpre uma lei da “evolução”, mas também pratica um ato
de fratricídio e automutilação nacional – numa guerra de assédio, cuja
sombria grandiosidade lembra a Ilíada, a que alude a metáfora da Troia
de taipa empregada na obra.
III. Com seu caráter de epopeia nacional e sua implícita, embora trágica,
teologia política, Os sertões é um livro fundador, uma súmula da
nacionalidade, uma obra que, com suas ambiguidades e contradições,
cria uma imagem do Brasil real e ideal, em que a nação se reconhece
até hoje.
Está(ão) correta(s):
Leia o seguinte texto:
Os sertões e a tragédia republicana
Os sertões é uma obra híbrida que transita entre a literatura, a história e a
ciência, ao unir a perspectiva científica, de base naturalista e evolucionista, à
construção literária, marcada pelo fatalismo trágico e por uma visão romântica
da natureza. Euclides recorreu a formas de ficção, como a tragédia e a
epopeia, para compreender o horror da guerra e inserir os fatos em um
enredo capaz de ultrapassar a sua significação particular. A epopeia gloriosa
da República brasileira, pela qual combatera na juventude, adquiriu caráter de
tragédia na violenta intervenção militar que testemunhou em Canudos.
(Roberto Ventura. Do mar se fez o sertão de Euclides da Cunha e Canudos. www.euclidesdacunha.org/ventura.htm)
Com base no texto de Roberto Ventura considere as seguintes afirmações sobre Os sertões, de Euclides da Cunha.
I. Em Os sertões, Euclides da Cunha jamais pôs de lado as ideologias colonialistas, deixando falar em si o republicano fanático, destacando, fundamentalmente, a barbárie dos “rudes patrícios transviados”.
II. Quando a República, no seu fanatismo civilizador, extermina o sertanejo, cumpre uma lei da “evolução”, mas também pratica um ato de fratricídio e automutilação nacional – numa guerra de assédio, cuja sombria grandiosidade lembra a Ilíada, a que alude a metáfora da Troia de taipa empregada na obra.
III. Com seu caráter de epopeia nacional e sua implícita, embora trágica, teologia política, Os sertões é um livro fundador, uma súmula da nacionalidade, uma obra que, com suas ambiguidades e contradições, cria uma imagem do Brasil real e ideal, em que a nação se reconhece até hoje.
Está(ão) correta(s):
Assinale a alternativa INCORRETA em relação à primeira geração do
modernismo brasileiro.
Leia o seguinte fragmento extraído do poema O navio negreiro, de Castro Alves.
IV
Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Regam o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra.
E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
(Espumas flutuantes. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d. p. 184-5.)
Considere as seguintes afirmações sobre o poema.
I. O texto revela grande força expressiva em razão de sua plasticidade,
criada a partir das fortes imagens e das sugestões de cor, som e
movimento que envolvem a cena.
II. As metáforas “a orquestra” e “a serpente”, na 3.ª e na 6.ª estrofes,
sugerem, respectivamente, o conjunto de sons (gritos, lamentos)
emitidos pelos negros maltratados e o chicote utilizado nesse sistema
de violência e tortura.
III. O tema de O navio negreiro é a denúncia da escravidão e do transporte
de negros para o Brasil. Quando o poema foi escrito, em 1868, já fazia
dezoito anos que vigorava a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o
tráfico de escravos, mas a escravidão no país persistia.
Está(ão) correta(s):
Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
Leia a seguinte letra da canção Capitu, de Luiz Tatit.
Capitu
De um lado vem você com seu jeitinho
Hábil, hábil, hábil
E pronto!
Me conquista com seu dom
De outro esse seu site petulante
WWW
Ponto
Poderosa ponto com
É esse o seu modo de ser ambíguo
Sábio, sábio
E todo encanto
Canto, canto
Raposa e sereia da terra e do mar
Na tela e no ar
Você é virtualmente amada amante
Você real é ainda mais tocante
Não há quem não se encante
Um método de agir que é tão astuto
Com jeitinho alcança tudo, tudo, tudo
É só se entregar, é não resistir, é capitular
Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captandoos olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
Capitu
No site o seu poder provoca o ócio, o ócio
Um passo para o vício, o vício
É só navegar, é só te seguir, e então naufragar
Capitu
Feminino com arte
A traição atraente
Um capítulo à parte
Quase vírus ardente
Imperando no site
Capitu
(TATIT, Luiz. O meio. São Paulo: Dabliú, 2000.)
Considere as seguintes afirmações sobre a canção de Tatit, e sobre o
romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.
I. Lidando com uma personagem conhecida do romance Dom Casmurro,
de Machado de Assis, a letra de Tatit fala de uma mulher intrigante,
que fascina com seus encantos, sendo ao mesmo tempo ambígua.
II. Tatit consegue trazer para sua música aspectos da atualidade, do
mundo virtual, fazendo de sua Capitu uma mulher “moderna”, que
utiliza um site para exercer seu poder sedutor.
III. Uma parte considerável da produção literária de Machado de Assis
trata de seres sinuosos, oblíquos, singulares, esquisitos ou complexos:
a mulher. Capitu, famosa personagem machadiana, constitui,
indiscutivelmente, o perfil feminino mais enigmático de toda a obra do
autor.
Está(ão) correta(s):
De um lado vem você com seu jeitinho