Questõesde CÁSPER LÍBERO sobre Literatura

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CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, é correto afirmar que:

A
O dramaturgo extrai da trama linear a matéria de sua tragédia. Não existe praticamente necessidade de cenário. O diálogo é ação, a ação é diálogo, a linguagem e a trama se respiram mutuamente.
B
O dramaturgo trabalha com o processo metafísico da violência, da vontade de poder, mostrando a impossibilidade do homem de, pelo furor destrutivo, chegar a salvar-se.
C
Embora o autor a classifique como farsa, a peça preserva as características clássicas do gênero trágico, cujos diálogos deixam-se contaminar intimamente pela inspiração lírica.
D
A condição de ex-contínuo do protagonista representa a inermidade da condição humana, a sua essencial pobreza, a sua humildade constitutiva. E é com voracidade que ele se dispõe ao banquete da vida, com dentes afiados e rancor no coração.
E
O fracionamento do diálogo, sua total sujeição à temática da obra, a não ser pelas pequenas e rápidas intromissões de frases irrelevantes que ocorrem nos diálogos cotidianos, é um dos pontos altos da peça.
f9af24a4-e7
CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que apresenta corretamente a expressão que, em Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, diz respeito às origens do protagonista:

A
Pia de gafieira.
B
Batalha de confete.
C
Deus asteca.
D
Caixão de ouro.
E
Drácula de Madureira.
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CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que identifica corretamente as duas obras da tradição literária às quais o poema “A máquina do mundo”, que integra Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade, faz alusão:

A
Odisseia, de Homero; Hamlet, de William Shakespeare.
B
Vila Rica, de Claudio Manuel da Costa; A divina comédia, de Dante Alighieri. 
C
Cancioneiro, Petrarca; Vila Rica, de Claudio Manuel da Costa.
D
A divina comédia, de Dante Alighieri; Os lusíadas, de Luis de Camões.
E
Os lusíadas, de Luis de Camões; Fausto, de Goethe.
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CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Contos novos, de Mario de Andrade, é correto afirmar:

A
Em O poço o choque entre o fazendeiro e os camaradas, no frio feroz do inverno, toma, aos poucos, feições dramáticas que culminam em uma situação trágica, irreversível.
B
Vestida de preto aborda momentos que têm início na infância do narrador e terminam com sua velhice.
C
Tempo da camisolinha evoca a infância do protagonista e a perda de sua inocência, vivida como uma “expulsão do paraíso”.
D
O protagonista de Primeiro de maio é o pobre 35, carregador da Estação da Luz, que decide não comemorar o grande feriado dos operários por se sentir desamparado por seus colegas de trabalho.
E
Em Atrás da catedral de Ruão, a protagonista, uma professora de francês, vive um estado patológico de isolamento e fuga do convívio dos outros.
f9a767f6-e7
CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que identifica corretamente o tema que confere unidade às narrativas de Contos novos, de Mario de Andrade:

A
Uma consciência de classe muito rudimentar
B
As contradições que se manifestam em uma sociedade em transição.
C
A idolatria da autoridade, a dialética entre senhor e servo.
D
O homem disfarçado, o homem desdobrado em ser e aparência.
E
Os impulsos dúbios inconfessáveis.
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CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que apresenta corretamente a análise crítica de Sagarana, de João Guimarães Rosa.

A
“Este livro é um mosaico de indagações, resultantes da convivência em constante tensão de elementos contraditórios e aparentemente incompatíveis. Em suas páginas, pares antagônicos como bem e mal, passado e presente, carne e espírito se tensionam e retensionam a cada instante”. (Eduardo Coutinho)
B
“Estonteado pela multiplicidade dos temas, a polifonia dos tons, o formigar de caracteres, o fervilhar de motivos, o leitor naturalmente há de, no fim do volume, tentar uma classificação das narrativas. (...) A instantâneos mal esboçados de estados de alma sucedem densas microbiografias; a patéticos atos de drama, rápidas cenas divertidas; incidentes banais do dia a dia alternam com episódios lírico-fantásticos”. (Paulo Rónai)
C
“As imagens da coisa dentro da coisa funcionam como um padrão que se repete analogicamente em todos os níveis da natureza, que nossa experiência e tradição cultural estão habituados a separar: nos homens, nos animais, nos elementos naturais, nos seres inanimados. Logicamente, o padrão reiterado em todos os níveis da natureza revela a analogia imanente a todos eles e se traduz em panteísmo. Literariamente, o padrão é um operador que veicula, mostrando e sugerindo ‘sensivelmente’, essa analogia e esse panteísmo”. (Walnice Nogueira Galvão).
D
“A harmonia final das tensões opostas, dos contrários aparentemente inconciliáveis que se repudiam, mas que geram, pela sua oposição recíproca, uma forma superior e mais completa, é a dominante da erótica de Guimarães Rosa. Nela o amor espiritual é o esplendor, a refulgência do amor físico, aquilo em que a sensualidade se transforma, quando se deixa conduzir pela força impessoal e universal de eros”. (Benedito Nunes)
E
“...Guimarães Rosa retorna, em grande estilo, à concepção do contista-contador, para o qual a verdade está na narração e na descrição, para o qual as facadas, os casos de amor, os estouros de boiada e os crepúsculos têm valor eterno, acima de quaisquer outros. Por outro lado, como ficou sugerido, a região deixando de ser, para ele, a simples localização da história, com funções de pitoresco e anedótico, passa a verdadeira personagem, tanta é a persistência e a profundidade com que vem invocados a sua flora, a sua fauna, o seu relevo”. (Antonio Candido).
f99fce9b-e7
CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Sagarana, de João Guimarães Rosa, é correto afirmar que:

A
Trata-se de um conjunto de narrativas de apelo universal pelo alcance e pela coesão de que elas são feitas. Nelas a língua portuguesa, densa e vigorosa, atinge o ideal da expressão literária regionalista, sendo talhada no veio da linguagem popular e disciplinada dentro das tradições clássicas.
B
Os temas que unem os contos são a alegria e o amor. O primeiro surge como uma forma de comunhão cósmica, não por certeza da transcendência, mas justamente por ignorá-la. Já o segundo é uma maneira de, simultaneamente, contrariar e reconhecer o mistério envolvente.
C
As histórias compõem ao mesmo tempo uma profissão de fé e uma arte poética em que o narrador, através de rodeios, voltas e perífrases, por meio de alegorias e parábolas, analisa o seu gênero, o seu instrumento de expressão, a natureza da sua inspiração, a finalidade da sua arte, de toda arte.
D
Há nos contos três elementos estruturais que lhe apoiam a composição: a terra, o homem e a luta. Uma obsessiva presença física do meio; uma sociedade cuja pauta e destino dependem dele; como resultado, o conflito entre os homens.
E
O realismo mágico, tônica fundamental dessa obra de aspectos multiformes, faz com que o escritor transfigure os temas da vida cotidiana em símbolos que participam da fantasia e do mito. A combinação da realidade crua com a rapsódia sertaneja empresta à obra uma força singular dificilmente analisável.
f99c2f86-e7
CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que apresenta corretamente a análise crítica de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

A
“O compasso interior não permite que os fatos brutos perpetuem as suas arestas de origem: a linha fina do círculo arredonda as pontas e sombreia em claro-escuro as zonas de mais ferino contraste. Daí o papel estruturado da forma-diário, daí a função intermediante da consciência”. (Alfredo Bosi).
B
“Nota-se, até, sem maior esforço, que o realismo psicológico foi mitigado nessa narrativa, com a poetização da realidade, mediante associações sincréticas de caráter mítico, que poderiam sugerir a presença de um pensamento religioso ou mesmo místico”. (Eugênio Gomes).
C
“Assim, sem a menor descrição, sem molduras, sem fundos de quadro, abolidas todas as distâncias, Machado de Assis realiza o milagre de tornar a natureza mais presente do que se a pintasse em longas páginas”, (Roger Bastide).
D
“Com este romance o escritor faz a liquidação dos saldos do Segundo Reinado e estabelece o divisor de águas entre o tipo patriarcal e o tipo burguês de civilização, representados no terreno da organização política respectivamente pela Monarquia e pela República ”. (Astrojildo Pereira).
E
“Com efeito, tudo no romance é extravagante, e os caprichos do narrador volta e meia desrespeitam as convenções de que depende o senso realista da verossimilhança. Mas ainda assim, o efeito do conjunto é de motivos do realismo, poderoso, além de desolador”. (Roberto Schwarz).
f9984057-e7
CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Sobre Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é correto afirmar que:

A
O problema do romance ultrapassa a relação que se dá entre amor e casamento na sociedade patriarcal brasileira do século XIX. As várias formas de jogo amoroso na obra estão baseadas em posições opostas e complementares, que definem sua posição dentro da sociedade: a liberdade e as convenções, o sentimento e a razão.
B
A presença do narrador do romance criando falsas pistas para o público a fim de as desfazer em seguida, e o insistente remeter de um capítulo a outro na obra têm a função explícita de reafirmar ao leitor que ele está diante de um fingimento, de uma novela, de um livro.
C
O romance é feito de pequenas cenas e incidentes, constituindo uma urdidura fechada que obedece à estrutura de uma peça teatral, na entrada e saída dos personagens, no diálogos curtos e breves. Tal processo, entretanto, não perturba a pureza da narração.
D
Do ponto de vista ideológico, a unidade do romance está disfarçada pelo tom de dispersão encontrado nos atos e nas palavras, ultrapassando os indivíduos e fixando-se em níveis impessoais: a sociedade e as forças do inconsciente.
E
A atitude sarcástica e falsa do romance se mistura a uma severa dramaticidade, que suporta a medida do trágico. Esse estudo do herói trágico no sentido antigo constitui uma meditação austera que sabe medir toda a extensão da fragilidade humana.
fe8fda50-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre a divisão do foco narrativo em Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que ela

A
funciona como resposta da literatura angolana ao avanço do capitalismo em sua sociedade, cujo espírito promove o choque entre os planos sociais, culturais e ideológicos, ao quebrar o isolamento desses mundos e fixar a separação entre capital e trabalho.
B
conjuga elementos da modernidade e da tradição, recuperando desta última os aspectos culturais fundamentais, ao mesmo tempo em que põe em questão as heranças negativas ainda presentes na sociedade angolana.
C
descreve os acontecimentos e as alianças que iluminam um Estado movido pelos interesses das classes dominantes e que a favor dela aciona seus aparelhos, quer ideológicos, quer repressivos.
D
articula-se à feição multidimensional das personagens para expressar a tensão interna do romance, expondo as contradições que nem mesmo a nobre motivação coletiva poderia diluir.
E
constitui um exercício cinematográfico, com cortes incríveis pelos quais se dá a mudança de planos, sempre a partir de uma ideia que os costure cineticamente.
fe81bdbb-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Ao final de Mayombe, de Pepetela, o narrador titular apresenta-se e ficamos sabendo que se trata de(o)

A
Mundo Novo.
B
Chefe de Operações.
C
Comissário Político.
D
Muatiânvua.
E
Comandante Sem Medo.
fe3c456f-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Contos novos, de Mario de Andrade, é correto afirmar:

A
O mundo dos adultos (e adolescentes) descrito nos sete contos está repleto de dubiedades e disfarces. Disfarces que chegam a um estado patológico de isolamento e fuga do convívio dos outros, caso de “Nélson”, narrado no penúltimo conto.
B
“Atrás da catedral de Ruão” revela a imaturidade do proletário que protagoniza o conto, com consciência de classe muito rudimentar, em cuja mente o leitor penetra por meio do discurso indireto livre muito bem manipulado pelo narrador.
C
Em “Vestida de preto”, o francês das aulas que mademoiselle ministra às três donzelas participa da mascarada e do desmascaramento, criando uma solidariedade secreta de conspiração entre elas.
D
“Tempo de camisolinha” é a história do primeiro beijo do casalzinho de cinco anos. Beijo que deixa o protagonista “completamente puro”, não tivessem os adultos destruído essa pureza, que leva à tragicomédia das simulações.
E
O último conto, “Frederico Paciência”, evoca de novo a infância e a expulsão do paraíso, ao retratar uma criança que tem a cara “enfarinhada dos palhaços” e que sem querer “fecha a porta atrás de si, dando três voltas à chave”.
fe33b9b4-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Sagarana, de João Guimarães Rosa, é correto afirmar:

A
Em “O burrinho pedrês”, Lalino é um típico malandro que não aprecia o trabalho, apenas a boa vida. Abandona o serviço na estrada de ferro e vai, no lombo do animal que batiza o conto, para o Rio de Janeiro, largando sua mulher, Ritinha, na região. No retorno, a encontra casada com o espanhol Ramiro. Torna-se cabo eleitoral do Major Anacleto, que, graças a ele, ganha a eleição. Laio, como também é conhecido, reconcilia-se com sua mulher no fim do conto.
B
“Corpo fechado” conta a história de dois primos, Ribeiro e Argemiro, contagiados pela malária que se espalhou pela região. Os dois estão solitários, já que parte da população morrera e os demais fugiram, entre os quais a mulher de Ribeiro, Luísa. Argemiro, percebendo a iminência da morte e desejando ter a consciência tranquila, confessa o interesse pela esposa do primo, que reage à confissão e expulsa o primo de suas terras.
C
Em “A volta do marido pródigo”, Turíbio flagra sua mulher, Silvana, com o ex-militar Cassiano Gomes. Ao procurar vingar sua honra, confunde-se e acaba matando o irmão de Cassiano Gomes. Turíbio foge para o sertão e é perseguido pelo ex-militar. Cassiano adoece e, antes de morrer, ajuda um capiau chamado Vinte-e-um, que passava por dificuldades financeiras. Turíbio volta para casa e é surpreendido por Vinte-e-um, que o executa para vingar seu benfeitor.
D
“Duelo” conta a visita de Emílio à fazenda de seu tio, candidato às eleições. Lá o jovem se apaixona por sua prima Maria Irma, mas não é correspondido. Ela se interessa por Ramiro, noivo de outra moça. Emílio finge-se enamorado de outra mulher. O plano falha, mas a prima apresenta-lhe sua futura esposa, Armanda. Maria Irma casa-se com Ramiro Gouveia.
E
Em “São Marcos”, o narrador-personagem José é supersticioso, mas mesmo assim zomba dos feiticeiros do Calango-Frito, em especial de João Mangolô. O protagonista recita por zombaria uma oração para Aurísio Manquitola e é duramente repreendido por banalizar uma prece tão poderosa. Certo dia, fica subitamente cego e passa a se orientar por cheiros e ruídos. Perdido e desesperado, recita a oração. Guiando-se pela audição e pelo olfato, descobre o caminho certo: a cafua de João Mangolô. Lá, irado, tenta estrangular o feiticeiro e, ao retomar a visão, percebe que o negro havia colocado uma venda nos olhos de um retrato seu para vingar-se das constantes zombarias.
fe45b9c7-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que identifica corretamente a narrativa de Contos Novos, de Mario de Andrade, a que se refere o crítico Anatol Rosenfeld na seguinte afirmação: “Este conto magistral lança um clarão sobre as cisões e contradições que se manifestam numa sociedade em transição, ainda presa de padrões paternalistas, mas em vias de democratização, urbanização e industrialização”.

A
O peru de Natal
B
O ladrão
C
Nelson
D
Primeiro de maio
E
Tempo da camisolinha
fe774ef3-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, é correto afirmar:

A
A atmosfera criada pela obsedante paixão da verdade, da personagem central (o bicheiro), é das profundezas submarinhas, onde os seres vivem num quase estatismo e cujos movimentos lerdos e pacientes são sempre uma perigosa ameaça.
B
Dona Guigui é a personagem trágica por excelência, isto é, a que vive lucidamente a sua tragédia. Ela a compreende, no seu plano superindividual. Os fatos e os sentimentos humanos passam por ela – ou ela passa por eles – sem que seja afetada.
C
O apelido do protagonista resume toda a dimensão social da peça, que retrata uma sociedade sem segurança material ou mental, corroída pelo dinheiro e pela fricção com que as ideias se transmitem entre pessoas desprovidas de dinheiro. Uma sociedade injusta na qual uma família apodrece dentro da ordem capitalista.
D
Morto, o protagonista aparece no segundo ato, durante o velório, mas sua presença é soterrada pela atividade estrepitosa do repórter e do detetive, que lá foram para envolver a amante do bicheiro em uma farsa sinistra. O escândalo que ambos fazem acaba por lançar o morto num segundo plano.
E
A peça promove o encontro entre o mito e o subúrbio. Boca de Ouro, sendo um autêntico rei do jogo do bicho, brasileiríssimo e suburbano, é, ao mesmo tempo, o leão onipotente que cada um alimenta nas testas de sua fantasia profunda, todo força, além da morte, do risco, da solidão e do abandono.
fe61591b-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Pintor da soledade nos vestíbulos
de mármore e losango, onde as colunas
se deploram silentes, sem que as pombas
venham trazer um pouco do seu ruflo;

traça das finas torres consumidas
no vazio mais branco e na insolvência
de arquiteturas não arquitetadas,
porque a plástica é vã, se não comove,

ó criador de mitos que sufocam,
desperdiçando a terra, e já recuam
para a noite, e no charco se constelam,

por teus condutos flui um sangue vago,
e nas tuas pupilas, sob o tédio,
é a vida um suspiro sem paixão.



Sobre o poema “A tela contemplada”, presente em Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade, reproduzido acima, é correto afirmar:

A
Drummond retoma princípios e formas clássicas parnasianas para reafirmar o valor da tradição poética em oposição aos versos livres.
B
O eu-lírico, ao ressaltar que “a plástica é vã, se não comove”, defende o movimento estético da “arte pela arte”, vigente na poética da geração modernista de 1945.
C
Drummond questiona, por intermédio da estrutura poética clássica, o esvaziamento de sentido em manifestações artísticas que privilegiam apenas a forma.
D
A estrofe em questão é formada por versos dodecassílabos.
E
Há uma ruptura na estrutura do soneto, uma vez que essa forma é estruturada em quatro estrofes de quatro versos cada.
fe5269d4-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade, é correto afirmar que

A
o impasse, a melancolia e a dissolução – possivelmente relacionados à perda de ideais e utopias revolucionárias – são a tônica da obra.
B
a consciência social, e dela uma espécie de militância por intermédio da poesia, surgem para o poeta como possibilidade de resgatar a consciência política.
C
o retorno às formas clássicas tradicionais, como o soneto e os versos heroicos, caracteriza uma fase do poeta que privilegia a forma em detrimento do conteúdo.
D
o amadurecimento é abordado como a única perspectiva de conhecimento possível diante do contexto político em que a obra foi concebida.
E
o abandono do rigor na arquitetura das formas poéticas denota uma retomada dos preceitos de vanguarda da primeira fase modernista.
fe25cf0b-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Sobre o conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, que integra Sagarana, de João Guimarães Rosa, é correto afirmar que

A
no momento final, o protagonista vive sua áurea hora. Sem mais precisar fazer uso de sua identidade restaurada, ele atinge sua realização e consegue seu destino: ele vai-se embora do lugarejo, isto é, viaja para outro lugar.
B
a tensão entre o bem e o mal encontra no conto um de seus momentos mais agudos. Na luta com o bando de jagunços do Major Consilva, escamoteada pelo sacrifício, volta a violência da qual queria se livrar Nhô Matraga.
C
no momento da morte, o protagonista terá sua identidade revelada. E nesse momento, o narrador se refere a ela como Bem-Bem. Ele morre então nomeado e identificado ao próprio homem que matou.
D
é pela violência que o protagonista realiza seu destino violento. Mas em coerência com o arcabouço religioso apresentado - a transformação de caráter, a penitência e a conversão –, essa violência pode receber um nome: sacrifício.
E
a cena final tem ingredientes dramáticos: uma lei contra a outra – não há saída. Há a lei do talião (olho por olho, dente por dente), representada por Nhô Augusto convertido, e a lei do coração, ou lei cristã, representada por Joãozinho Bem-Bem.
fe18eea8-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

A propósito do “Delírio” do protagonista nas Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é correto afirmar que

A
“a exploração do terreno mitológico do episódio concentra-se na figura de Pandora, a Grande Mãe que simboliza a renovação da vida e que aparece agigantada até tocar o céu e se despedir do enfermo, transformado ao final em seu próprio gato de estimação.
B
o viajante através dos tempos discute o problema do destino como uma figura desmesurada de mulher, encarnação colossal da Natureza, que de modo absolutamente imprevisto agarra-o pelos cabelos e lança-o no mais fundo precipício.
C
a visão do personagem parece vazia de sentido, embora soe excessiva e ardente; nela, a própria imagem da Natureza é uma revelação de verticalidade, anunciando os temas de pequenas epopeias e grandes prólogos.
D
o personagem assiste ao intérmino desfile dos seres, dos mitos, dos mundos e das nebulosas, guiado por um espírito que não acata ordem estabelecida e que ao final se pergunta qual é a finalidade daquilo tudo senão levá-lo ao vácuo da existência.
E
podemos nele notar quatro episódios: a transição do estado inconsciente para o delírio; segue-se a viagem à origem dos séculos no dorso de um hipopótamo; surge a figura monstruosa da Natureza ou Pandora; e, enfim, assiste o enfermo ao desfilar dos séculos.
fe0f134f-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Sobre a personagem Virgília, de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é correto afirmar que o protagonista do romance

A
amou-a sensualmente “durante quinze meses e onze contos de reis”, amor a respeito do qual, aliás, sobrevieram-lhe as primeiras dúvidas e desgostos.
B
encontra-a no navio no qual embarca para a Europa, mas ela morre, transformando-se em pretexto para versos que procuram atenuar a dor da perda irreparável.
C
faz a corte a ela; é bem recebido; tudo parece encaminhado da melhor maneira até que um rival seduz a noiva, acenando-lhe com a coroa de marquesa.
D
considera-a uma nobre mulher, digna, de uma virtude que não permitia dúvidas, de um caráter que não admitia transações, uma dama para casar, não fosse coxa de nascença, o que nele causa certa repulsa incontornável.
E
cede às pressões da irmã e fica noivo da moça, que, entretanto, morre subitamente poucos dias antes de o casamento deles se realizar.