Sobre Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues, é correto afirmar:
Gabarito comentado
Tema central da questão: A questão aborda a compreensão das características centrais da peça “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, destacando sua ambiência, construção simbólica do protagonista e articulação entre teatro suburbano e elementos míticos.
Justificativa da alternativa correta (E):
A alternativa E é a correta porque evidencia a junção do mito com o cenário suburbano carioca, um dos traços marcantes da dramaturgia de Nelson Rodrigues. O Boca de Ouro emerge da periferia como um “leão onipotente”, uma espécie de antierói mitológico alimentado tanto pelo imaginário coletivo quanto pela brutalidade e cobiça locais. A peça se pauta no contraste entre o ambiente realista e cotidiano do subúrbio brasileiro e a construção simbólica do poder, da solidão e da força além da vida do personagem principal. Essa abordagem é reconhecida em obras de referência como “Literatura Brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos românticos” (José de Nicola), reforçando o viés mítico-simbólico do protagonista.
Análise das alternativas incorretas:
- A: A analogia a “profundezas submarinas” é inadequada para retratar o universo da peça. O texto de Rodrigues explora o subúrbio e as relações humanas intensas, sem a atmosfera opressiva e lenta sugerida pela alternativa.
- B: Dona Guigui não “vive lucidamente sua tragédia sem ser afetada”. Pelo contrário, ela demonstra forte envolvimento emocional; seu relato é moldado por suas emoções, evidenciando subjetividade.
- C: Apesar do texto abordar desigualdades sociais, a peça não faz análise centrada em uma família apodrecendo no capitalismo – trata, sobretudo, da ascensão individual e da construção do mito.
- D: Não há, durante o velório, uma farsa sinistra conduzida por repórter ou detetive. O foco está nas narrativas contraditórias sobre Boca de Ouro, sem escândalo sensacionalista tomando conta da cena.
Dicas para provas: Atenção ao senso da metáfora nas alternativas, e cuidado com detalhes que destoam da trama real (como ambientes ou ações que não se confirmam no enredo). Busque sempre relacionar o personagem à sua função simbólica – uma estratégia recorrente em peças de Nelson Rodrigues.
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