Questõesde IFAL 2019
Uma pirâmide etária apresenta várias informações sobre
a população de um país ou lugar, entre elas: o grau de
desenvolvimento dos lugares, se a população dos lugares é
predominante de adultos, de jovens ou de idosos. Com base
nas pirâmides abaixo, marque a alternativa incorreta.
A Era Vargas é o período da história do Brasil entre
1930 e 1945, quando Getúlio Vargas governou o Brasil por
15 anos e de forma contínua. Compreende a Segunda
República e a Terceira República (Estado Novo). Essa
época foi um divisor de águas na história brasileira, por
causa das inúmeras alterações que Vargas fez no país,
tanto sociais quanto econômicas.
Com relação às questões sociais, assinale a alternativa
correta:
Leia o trecho extraído da Carta de Pero Vaz de
Caminha, datada de 01/05/1500, e assinale a alternativa
correta:
“Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou
outra coisa de metal ou ferro; nem lha vimos. Contudo a
terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como
os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo dagora
assim os achávamos como os de lá. (As) águas são muitas;
infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me
que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa alteza em ela deve lançar. E que não
houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada
para essa navegação de Calicute (isso) bastava. Quanto
mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa
Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!”
O escrivão da frota cabralina menciona, na citada carta,
possibilidades oferecidas pela terra recém-conhecida aos
portugueses, a saber:
No Século XVI, na Europa Central, foi iniciado um
movimento de renovação da Igreja Cristã denominado
Reforma Protestante. O ponto central da Reforma Luterana
foi que a salvação
Dois retângulos são unidos para formar um retângulo
maior, conforme a figura:
Quanto ao retângulo maior, qual a afirmativa correta?
Sua diagonal é dada pela expressão
Sua diagonal pode ser dada pela expressão
Quanto a dodecágono de lado 10 cm, assinale a
alternativa FALSA:
Dois amigos, um de São Paulo e outro do Rio Grande do
Sul, gostam de passar as férias de janeiro em Maceió. O de
São Paulo vem a Maceió de 4 em 4 anos e o do Rio Grande
do Sul de 5 em 5 anos. Neste ano de 2019 os dois vieram a
Maceió, após este ano, em que ano mais próximo eles virão
para o verão de Maceió?
Ao efetuar uma divisão entre dois números naturais em
sua calculadora, um garoto obtém como resultado a dízima
3,022222... Quais os menores números naturais que ele
teria usado na divisão?
Neste ano de 2019, uma aluna de um Instituto Federal
do Rio de Janeiro, conseguiu desenvolver com seu
professor, um teorema que envolve funções do 2º grau,
denominado Teorema da Etiene, em homenagem ao seu
nome. Na prática, o teorema diz que numa função do
segundo grau y = ax² + bx + c , o ponto simétrico ao ponto
(0, c) em relação ao eixo de simetria da parábola pode ser
simplesmente encontrado pelas coordenadas do ponto
(x′ + x′′
,c ), onde x′ e x′′ são as raízes ou zeros da função
quando existentes. Baseado nesse teorema que já foi
devidamente demonstrado, qual as coordenadas do ponto
simétrico ao ponto (0,-12) em relação ao eixo de simetria da
parábola de função y = 2x² − 2x − 12?
Durante um campeonato, uma equipe de futebol perdeu
duas partidas por uma diferença de 1 gol, perdeu três
partidas por uma diferença de 2 gols, teve cinco empates,
venceu quatro partidas por uma diferença de 1 gol, três
partidas por uma diferença de 2 gols e uma partida por uma
diferença de 3 gols. Qual o saldo de gols desta equipe no
campeonato?
Carlos precisava sair à noite, mas tinha que pegar
roupas no quarto que dormia junto com seu irmão que já
estava dormindo, como não queria acender a luz para não
incomodar seu irmão, ele teria que pegá-las no escuro,
como não se importava com a calça, camisa e sapato que
pegaria, a preocupação era em pegar o par de meias de
maneira a usar um par corretamente. Lembrou, então, que
em uma das gavetas tinham 8 pares iguais de meias
brancas e 9 pares iguais de meias pretas. Quantas meias,
no mínimo, Carlos deve pegar no escuro para se ter a
certeza de que poderá trazer para um local claro e usar um
par corretamente?
“Era a morte que, incandescente e perversa, a
alcançava, alterando a sua inconfundível beleza animal,
tumultuando-lhe o sangue, destruindo a sua ardente
harmonia de movimentos, tornando vítrea a sua visão da
manhã cristalina e fantasmagórica.” Em relação à oração “a
morte a alcançava”, os verbos grifados estabelecem ideia de
Abaixo segue um trecho do romance “Ninho de cobras”, do escritor Lêdo Ivo. Leia-o e, depois, responda ao que se pede na questão.
E, num fiapo de tempo, bem menor do que aquele em que um estilhaço de estrela resvala no céu escuro e cego, a raposa conheceu a morte, algo atordoador e fulgente que só poderia ser a morte, caso esta existisse em toda a sua absurda plenitude e dura magnificência, e não fosse apenas uma ficção ou um ponto de referência dos vivos deixados repentinamente de amar e odiar, demitidos de súbito de sua grandeza e miséria. Era a morte que, incandescente e perversa, a alcançava, alterando a sua inconfundível beleza animal, tumultuando-lhe o sangue, destruindo a sua ardente harmonia de movimentos, tornando vítrea a sua visão da manhã cristalina e fantasmagórica.
Desfigurada pelos golpes que os homens lhe haviam vibrado, ela ficou jazendo durante mais de uma hora sobre as pedras da rua. Era um montão de carnes e pelos informes e ensanguentados, e em torno dela se revezava um círculo de curiosos, cambiando os comentários mais variados. Quando o dia já clareava por completo, uma carroça de lixo parou perto do ajuntamento, e o cadáver da raposa foi jogado entre os monturos.
(IVO, Lêdo. Ninho de cobras: uma história mal contada. Maceió:
Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2015, p. 21-22)
No texto “A propósito de uma raposa: reflexões de um
romancista”, o escritor Lêdo Ivo observou, acerca de seu
romance “Ninho de cobras”, o seguinte: “[...] ao lado dos que
me apontavam como sendo autor de um romance poético,
enraizado em minha condição fundamental de poeta, e
ligado ao sonho e ao pesadelo, havia os que me acusavam
de ser demasiado realista.” Os juízos críticos a que se refere
o autor, atribuídos por ele a dois grupos distintos de leitores
de sua obra, podem estar relacionados a qual dos pares de
características, verificados, inclusive, no excerto de “Ninho
de cobras” acima exposto?
Abaixo segue um trecho do romance “Ninho de cobras”, do escritor Lêdo Ivo. Leia-o e, depois, responda ao que se pede na questão.
E, num fiapo de tempo, bem menor do que aquele em que um estilhaço de estrela resvala no céu escuro e cego, a raposa conheceu a morte, algo atordoador e fulgente que só poderia ser a morte, caso esta existisse em toda a sua absurda plenitude e dura magnificência, e não fosse apenas uma ficção ou um ponto de referência dos vivos deixados repentinamente de amar e odiar, demitidos de súbito de sua grandeza e miséria. Era a morte que, incandescente e perversa, a alcançava, alterando a sua inconfundível beleza animal, tumultuando-lhe o sangue, destruindo a sua ardente harmonia de movimentos, tornando vítrea a sua visão da manhã cristalina e fantasmagórica.
Desfigurada pelos golpes que os homens lhe haviam vibrado, ela ficou jazendo durante mais de uma hora sobre as pedras da rua. Era um montão de carnes e pelos informes e ensanguentados, e em torno dela se revezava um círculo de curiosos, cambiando os comentários mais variados. Quando o dia já clareava por completo, uma carroça de lixo parou perto do ajuntamento, e o cadáver da raposa foi jogado entre os monturos.
(IVO, Lêdo. Ninho de cobras: uma história mal contada. Maceió:
Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2015, p. 21-22)
Considerando as relações de coesão referencial
estabelecidas pelos pronomes no excerto de “Ninho de
cobras”, marque a opção que aponta uma leitura
EQUIVOCADA dessas relações.
Abaixo segue um trecho do romance “Ninho de cobras”, do escritor Lêdo Ivo. Leia-o e, depois, responda ao que se pede na questão.
E, num fiapo de tempo, bem menor do que aquele em que um estilhaço de estrela resvala no céu escuro e cego, a raposa conheceu a morte, algo atordoador e fulgente que só poderia ser a morte, caso esta existisse em toda a sua absurda plenitude e dura magnificência, e não fosse apenas uma ficção ou um ponto de referência dos vivos deixados repentinamente de amar e odiar, demitidos de súbito de sua grandeza e miséria. Era a morte que, incandescente e perversa, a alcançava, alterando a sua inconfundível beleza animal, tumultuando-lhe o sangue, destruindo a sua ardente harmonia de movimentos, tornando vítrea a sua visão da manhã cristalina e fantasmagórica.
Desfigurada pelos golpes que os homens lhe haviam vibrado, ela ficou jazendo durante mais de uma hora sobre as pedras da rua. Era um montão de carnes e pelos informes e ensanguentados, e em torno dela se revezava um círculo de curiosos, cambiando os comentários mais variados. Quando o dia já clareava por completo, uma carroça de lixo parou perto do ajuntamento, e o cadáver da raposa foi jogado entre os monturos.
(IVO, Lêdo. Ninho de cobras: uma história mal contada. Maceió:
Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2015, p. 21-22)
Quanto aos aspectos linguístico-discursivos do texto,
assinale a alternativa que apresenta uma afirmação
INCORRETA.
Tomo sempre um susto danado quando meu interlocutor, com ares de sociólogo, antropólogo, etnólogo ou besteirólogo, invariavelmente posudo e sisudo, assevera-me existir a ironia tipicamente alagoana, a maledicência inconfundivelmente caeté ou o humor característico de quem por aqui nasceu. Não ignoro que há uma diferença nítida e notória entre o humor inglês e o humor italiano; mas o que diferencia o humor de um alagoano do humor de um capixaba ou de um sergipano? Acaso rimos mais graciosamente que esses outros, ou emitimos algum som inconfundível quando gargalhamos?
Haver uma ironia, um humor, uma maledicência, uma violência ou um ressentimento inconfundivelmente alagoanos parece-me um disparate tão considerável quanto haver um futebol alagoano, uma poesia alagoana ou uma cardiologia alagoana. O que há é gente a jogar bola, a compor poemas ou a distrair-se remuneradamente com cateteres nos limites desta modestíssima unidade federativa.
Ocorre-me agora um dilema visceral: opto pela concisão (“as mesmas vinte palavras”) de nosso romancista maior ou pela incontinência verbal de nosso poeta maior, o palmarino Jorge de Lima? Deverei, de imediato, atribuir alguma média ponderada a suas obras e a seus espíritos e obter algum valor que exprima com exatidão e fidedignidade a alma média do homo alagoensis, afogada por inteiro numa mescla de nossos pontos/homens culminantes. Assim, decerto obterei por fim essa tão apregoada quanto fictícia alagoanidade – força vital, espírito motor, éter, suprassumo, élan, quinta-essência – que nos desconfunde e anima.
Que pecado para um alagoano típico preferir o primeiro (“há sempre um copo de mar” – não necessariamente alagoano – “para um homem navegar”) e o quarto cantos de Invenção de Orfeu (“O perigo da vida são os vácuos”), bem como a difícil decifração do Livro de sonetos, ao Jorge de Lima dengoso e aliciante dos Poemas negros e ao devoto fervoroso de A túnica inconsútil. Que ato bárbaro de antialagoanidade – digno talvez de um fim similar ao que obtiveram Zumbi, Julião Tavares, Baleia e Calabar – preferir a viagem ao lado da vaca palustre e bela e do cavalo erudito e em chamas, ao passeio pelo parnasianismo sentencioso e de fácil consagração de “O acendedor de lampiões”!
Advogo, sim, uma alagoanidade esculhambada, disforme, banguela, antropofágica (com direito a sardinhas e Sardinha), macunaímica (“Ai! que preguiça!” desse papo infausto e broncoposudo de identidade cultural etc. e coisa e tal), desbragadamente inclusiva e insaciavelmente cosmofágica. Uma alagoanidade tal a de dona Nise da Silveira, que soube unir os tórridos loucos e os gatos tupiniquins à psicologia dos arquétipos junguianos, oriundos da fria e fleumática Suíça. Uma alagoanidade que acolha o cego Homero e o boêmio Zé do Cavaquinho, os epilépticos Dostoiévski e Machado de Assis e o desassossegado Breno Accioly, a mitologia nórdica e o reisado, a madeleine proustiana e as bolachas Pirauê da padaria de Viçosa, o puteiro do finado Mossoró e as libidinagens de Molly Bloom, os travestis da Pajuçara e os versos de Whitman e Lorca, os labirintos borgianos e os descaminhos da feira do Rato, o mujique russo e o sertanejo de Dois Riachos, os feitiços verbais de Guimarães Rosa e o segredo sagrado do camarão do Bar das Ostras, o decassílabo camoniano e o martelo agalopado dos cantadores de viola da minha já recuada infância.
Uma alagoanidade que me permita ser os trezentos, os trezentos e cinquenta que trago em mim desde a nascença e que se finarão em breve, felizmente, pois viver por vezes é um bocado custoso e prolongado. Ai, que preguiça! e que vontade de adormecer, profundamente, em Viçosa, na confluência dos rios Paraíba, Tejo, Ganges, Mississippi e Eufrates.
Assinale a alternativa que apresenta uma compreensão
INCORRETA quanto aos efeitos de sentido decorrentes de
aspectos morfológicos na formação de algumas palavras
presentes no texto.
Tomo sempre um susto danado quando meu interlocutor, com ares de sociólogo, antropólogo, etnólogo ou besteirólogo, invariavelmente posudo e sisudo, assevera-me existir a ironia tipicamente alagoana, a maledicência inconfundivelmente caeté ou o humor característico de quem por aqui nasceu. Não ignoro que há uma diferença nítida e notória entre o humor inglês e o humor italiano; mas o que diferencia o humor de um alagoano do humor de um capixaba ou de um sergipano? Acaso rimos mais graciosamente que esses outros, ou emitimos algum som inconfundível quando gargalhamos?
Haver uma ironia, um humor, uma maledicência, uma violência ou um ressentimento inconfundivelmente alagoanos parece-me um disparate tão considerável quanto haver um futebol alagoano, uma poesia alagoana ou uma cardiologia alagoana. O que há é gente a jogar bola, a compor poemas ou a distrair-se remuneradamente com cateteres nos limites desta modestíssima unidade federativa.
Ocorre-me agora um dilema visceral: opto pela concisão (“as mesmas vinte palavras”) de nosso romancista maior ou pela incontinência verbal de nosso poeta maior, o palmarino Jorge de Lima? Deverei, de imediato, atribuir alguma média ponderada a suas obras e a seus espíritos e obter algum valor que exprima com exatidão e fidedignidade a alma média do homo alagoensis, afogada por inteiro numa mescla de nossos pontos/homens culminantes. Assim, decerto obterei por fim essa tão apregoada quanto fictícia alagoanidade – força vital, espírito motor, éter, suprassumo, élan, quinta-essência – que nos desconfunde e anima.
Que pecado para um alagoano típico preferir o primeiro (“há sempre um copo de mar” – não necessariamente alagoano – “para um homem navegar”) e o quarto cantos de Invenção de Orfeu (“O perigo da vida são os vácuos”), bem como a difícil decifração do Livro de sonetos, ao Jorge de Lima dengoso e aliciante dos Poemas negros e ao devoto fervoroso de A túnica inconsútil. Que ato bárbaro de antialagoanidade – digno talvez de um fim similar ao que obtiveram Zumbi, Julião Tavares, Baleia e Calabar – preferir a viagem ao lado da vaca palustre e bela e do cavalo erudito e em chamas, ao passeio pelo parnasianismo sentencioso e de fácil consagração de “O acendedor de lampiões”!
Advogo, sim, uma alagoanidade esculhambada, disforme, banguela, antropofágica (com direito a sardinhas e Sardinha), macunaímica (“Ai! que preguiça!” desse papo infausto e broncoposudo de identidade cultural etc. e coisa e tal), desbragadamente inclusiva e insaciavelmente cosmofágica. Uma alagoanidade tal a de dona Nise da Silveira, que soube unir os tórridos loucos e os gatos tupiniquins à psicologia dos arquétipos junguianos, oriundos da fria e fleumática Suíça. Uma alagoanidade que acolha o cego Homero e o boêmio Zé do Cavaquinho, os epilépticos Dostoiévski e Machado de Assis e o desassossegado Breno Accioly, a mitologia nórdica e o reisado, a madeleine proustiana e as bolachas Pirauê da padaria de Viçosa, o puteiro do finado Mossoró e as libidinagens de Molly Bloom, os travestis da Pajuçara e os versos de Whitman e Lorca, os labirintos borgianos e os descaminhos da feira do Rato, o mujique russo e o sertanejo de Dois Riachos, os feitiços verbais de Guimarães Rosa e o segredo sagrado do camarão do Bar das Ostras, o decassílabo camoniano e o martelo agalopado dos cantadores de viola da minha já recuada infância.
Uma alagoanidade que me permita ser os trezentos, os trezentos e cinquenta que trago em mim desde a nascença e que se finarão em breve, felizmente, pois viver por vezes é um bocado custoso e prolongado. Ai, que preguiça! e que vontade de adormecer, profundamente, em Viçosa, na confluência dos rios Paraíba, Tejo, Ganges, Mississippi e Eufrates.
Qual das afirmações abaixo configura uma leitura
CORRETA do texto do Sidney Wanderley?
Tomo sempre um susto danado quando meu interlocutor, com ares de sociólogo, antropólogo, etnólogo ou besteirólogo, invariavelmente posudo e sisudo, assevera-me existir a ironia tipicamente alagoana, a maledicência inconfundivelmente caeté ou o humor característico de quem por aqui nasceu. Não ignoro que há uma diferença nítida e notória entre o humor inglês e o humor italiano; mas o que diferencia o humor de um alagoano do humor de um capixaba ou de um sergipano? Acaso rimos mais graciosamente que esses outros, ou emitimos algum som inconfundível quando gargalhamos?
Haver uma ironia, um humor, uma maledicência, uma violência ou um ressentimento inconfundivelmente alagoanos parece-me um disparate tão considerável quanto haver um futebol alagoano, uma poesia alagoana ou uma cardiologia alagoana. O que há é gente a jogar bola, a compor poemas ou a distrair-se remuneradamente com cateteres nos limites desta modestíssima unidade federativa.
Ocorre-me agora um dilema visceral: opto pela concisão (“as mesmas vinte palavras”) de nosso romancista maior ou pela incontinência verbal de nosso poeta maior, o palmarino Jorge de Lima? Deverei, de imediato, atribuir alguma média ponderada a suas obras e a seus espíritos e obter algum valor que exprima com exatidão e fidedignidade a alma média do homo alagoensis, afogada por inteiro numa mescla de nossos pontos/homens culminantes. Assim, decerto obterei por fim essa tão apregoada quanto fictícia alagoanidade – força vital, espírito motor, éter, suprassumo, élan, quinta-essência – que nos desconfunde e anima.
Que pecado para um alagoano típico preferir o primeiro (“há sempre um copo de mar” – não necessariamente alagoano – “para um homem navegar”) e o quarto cantos de Invenção de Orfeu (“O perigo da vida são os vácuos”), bem como a difícil decifração do Livro de sonetos, ao Jorge de Lima dengoso e aliciante dos Poemas negros e ao devoto fervoroso de A túnica inconsútil. Que ato bárbaro de antialagoanidade – digno talvez de um fim similar ao que obtiveram Zumbi, Julião Tavares, Baleia e Calabar – preferir a viagem ao lado da vaca palustre e bela e do cavalo erudito e em chamas, ao passeio pelo parnasianismo sentencioso e de fácil consagração de “O acendedor de lampiões”!
Advogo, sim, uma alagoanidade esculhambada, disforme, banguela, antropofágica (com direito a sardinhas e Sardinha), macunaímica (“Ai! que preguiça!” desse papo infausto e broncoposudo de identidade cultural etc. e coisa e tal), desbragadamente inclusiva e insaciavelmente cosmofágica. Uma alagoanidade tal a de dona Nise da Silveira, que soube unir os tórridos loucos e os gatos tupiniquins à psicologia dos arquétipos junguianos, oriundos da fria e fleumática Suíça. Uma alagoanidade que acolha o cego Homero e o boêmio Zé do Cavaquinho, os epilépticos Dostoiévski e Machado de Assis e o desassossegado Breno Accioly, a mitologia nórdica e o reisado, a madeleine proustiana e as bolachas Pirauê da padaria de Viçosa, o puteiro do finado Mossoró e as libidinagens de Molly Bloom, os travestis da Pajuçara e os versos de Whitman e Lorca, os labirintos borgianos e os descaminhos da feira do Rato, o mujique russo e o sertanejo de Dois Riachos, os feitiços verbais de Guimarães Rosa e o segredo sagrado do camarão do Bar das Ostras, o decassílabo camoniano e o martelo agalopado dos cantadores de viola da minha já recuada infância.
Uma alagoanidade que me permita ser os trezentos, os trezentos e cinquenta que trago em mim desde a nascença e que se finarão em breve, felizmente, pois viver por vezes é um bocado custoso e prolongado. Ai, que preguiça! e que vontade de adormecer, profundamente, em Viçosa, na confluência dos rios Paraíba, Tejo, Ganges, Mississippi e Eufrates.
No livro intitulado “A poesia lírica”, a autora Angélica
Soares afirma que o “lirismo é uma maneira especial de
recorte do mundo e de arranjo de linguagem” e, também,
que o “fenômeno lírico [...] responde a um certo ‘horizonte
possível’, determinado pelo seu tempo e contexto”, sendo
“preciso perseguir as relações entre expressão lírica e
história, observando seus modos de expressão nos vários
momentos.” (SOARES, Angélica. A poesia lírica. São Paulo:
Ática, 1986, p. 7 e 61) Quanto às características do lirismo que caracteriza a produção literária do autor do texto III,
assinale a alternativa que traz uma informação ERRADA.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não está perdida.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Luz, de acesos e cálidos fulgores,
Como os sorrisos da estação das flores,
Foi passando também tua beleza.
Perdes as ilusões. Vão-se-te as cores
Da face. E entram-te n’alma os dissabores,
Nublam-te o olhar as sombras da tristeza.
Com o brilho extremo... E aí vêm as noites frias,
Aí vem o inverno da velhice escura...
Que o sol poente dessa formosura
Volvesse à aurora dos primeiros dias!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
À sina doida de um amor sem fruto,
A minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
A estrela de meus cândidos amores
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
Analise as afirmações abaixo e, depois, assinale a
alternativa correta.
I – Os quatro poemas tematizam liricamente a passagem do
tempo, valendo-se de recursos estilísticos diversos,
apresentando, cada um, uma visão particular da vida.
II – No texto IV, o eu lírico manifesta, na linguagem, o
egocentrismo caro aos poetas da segunda geração
romântica, levando ao extremo o foco da mensagem na
figura do emissor, o que fica expresso, entre outros, pela
recorrência do sinal de exclamação e pelo tom dramático
assumido ao longo do poema.
III – No texto I, como nos demais poemas de Drummond,
fala um eu lírico comprometido com a esperança na vida,
ainda que, nem sempre, esta pareça fácil, posição que se
evidencia pela escolha de vocabulário simples e
encadeamento frasal sem torneios sintáticos.
IV – O poema de Bandeira, texto II, faz-se da dialética lírica
que atualiza, esteticamente, o olhar da criança na
experiência vital do adulto, processo que implica uma
relação entre fatalismo da vida e saudosismo da memória do
passado.
Estão CORRETAS as afirmações feitas apenas em:
II – No texto IV, o eu lírico manifesta, na linguagem, o egocentrismo caro aos poetas da segunda geração romântica, levando ao extremo o foco da mensagem na figura do emissor, o que fica expresso, entre outros, pela recorrência do sinal de exclamação e pelo tom dramático assumido ao longo do poema.
III – No texto I, como nos demais poemas de Drummond, fala um eu lírico comprometido com a esperança na vida, ainda que, nem sempre, esta pareça fácil, posição que se evidencia pela escolha de vocabulário simples e encadeamento frasal sem torneios sintáticos.
IV – O poema de Bandeira, texto II, faz-se da dialética lírica que atualiza, esteticamente, o olhar da criança na experiência vital do adulto, processo que implica uma relação entre fatalismo da vida e saudosismo da memória do passado.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não está perdida.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Luz, de acesos e cálidos fulgores,
Como os sorrisos da estação das flores,
Foi passando também tua beleza.
Perdes as ilusões. Vão-se-te as cores
Da face. E entram-te n’alma os dissabores,
Nublam-te o olhar as sombras da tristeza.
Com o brilho extremo... E aí vêm as noites frias,
Aí vem o inverno da velhice escura...
Que o sol poente dessa formosura
Volvesse à aurora dos primeiros dias!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
À sina doida de um amor sem fruto,
A minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
A estrela de meus cândidos amores
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!