Questõesde ENEM 2010
O “politicamente correto” tem seus exageros, como
chamar baixinho de “verticalmente prejudicado”, mas,
no fundo, vem de uma louvável preocupação em não
ofender os diferentes. É muito mais gentil chamar
estrabismo de “idiossincrasia ótica” do que de vesguice.
O linguajar brasileiro está cheio de expressões racistas
e preconceituosas que precisam de uma correção, e até
as várias denominações para bêbado (pinguço, bebo,
pé-de-cana) poderiam ser substituídas por algo como
“contumaz etílico”, para lhe poupar os sentimentos.
O tratamento verbal dado aos negros é o melhor
exemplo da condescendência que passa por tolerância
racial no Brasil. Termos como “crioulo”, “negão” etc. são
até considerados carinhosos, do tipo de carinho que se
dá a inferiores, e, felizmente, cada vez menos ouvidos.
“Negro” também não é mais correto. Foi substituído por
afrodescendente, por influência dos afro-americans,
num caso de colonialismo cultural positivo. Está certo.
Enquanto o racismo que não quer dizer seu nome
continua no Brasil, uma integração real pode começar
pela linguagem.
VERÍSSIMO, L. F. Peixe na cama. Diário de Pernambuco. 10 jun. 2006 (adaptado).
Ao comparar a linguagem cotidiana utilizada no Brasil e
as exigências do comportamento “politicamente correto”,
o autor tem a intenção de
Não é raro ouvirmos falar que o Brasil é o país das
danças ou um país dançante. Essa nossa “fama” é bem
pertinente, se levarmos em consideração a diversidade
de manifestações rítmicas e expressivas existentes de
Norte a Sul. Sem contar a imensa repercussão de nível
internacional de algumas delas.
Danças trazidas pelos africanos escravizados, danças
relativas aos mais diversos rituais, danças trazidas pelos
imigrantes etc. Algumas preservam suas características
e pouco se transformaram com o passar do tempo, como
o forró, o maxixe, o xote, o frevo. Outras foram criadas e
são recriadas a cada instante: inúmeras influências são
incorporadas, e as danças transformam-se, multiplicam-se.
Nos centros urbanos, existem danças como o funk, o
hip hop, as danças de rua e de salão.
É preciso deixar claro que não há jeito certo ou errado
de dançar. Todos podem dançar, independentemente
de biótipo, etnia ou habilidade, respeitando-se as
diferenciações de ritmos e estilos individuais.
GASPARI, T. C. Dança e educação física na escola: implicações para a prática pedagógica.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 (adaptado).
Com base no texto, verifica-se que a dança, presente em
todas as épocas, espaços geográficos e culturais, é uma
As doze cores do vermelho
Você volta para casa depois de ter ido jantar com sua
amiga dos olhos verdes. Verdes. Às vezes quando você
sai do escritório você quer se distrair um pouco. Você
não suporta mais tem seu trabalho de desenhista. Cópias
plantas réguas milímetros nanquim compasso 360°.
de cercado cerco. Antes de dormir você quer estudar
para a prova de história da arte mas sua menina menor
tem febre e chama você. A mão dela na sua mão é um
peixe sem sol em irradiações noturnas. Quentes ondas.
Seu marido se aproxima os pés calçados de meias nos
chinelos folgados. Ele olha as horas nos dois relógios
de pulso. Ele acusa você de ter ficado fora de casa o
dia todo até tarde da noite enquanto a menina ardia em
febre. Ponto e ponta. Dor perfume crescente...
CUNHA, H. P. As doze cores do vermelho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2009.
A literatura brasileira contemporânea tem abordado,
sob diferentes perspectivas, questões relacionadas
ao universo feminino. No fragmento, entre os recursos
expressivos utilizados na construção da narrativa,
destaca-se a
O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina são
personagens típicos de grupos teatrais da Commedia
dell’art, que, há anos, encontram-se presentes em
marchinhas e fantasias de carnaval. Esses grupos
teatrais seguiam, de cidade em cidade, com faces e
disfarces, fazendo suas críticas, declarando seu amor
por todas as belas jovens e, ao final da apresentação,
despediam-se do público com músicas e poesias.
A intenção desses atores era expressar sua mensagem
voltada para a
Estamos em plena “Idade Mídia” desde os anos de
1990, plugados durante muitas horas semanais (jovens
entre 13 e 24 anos passam 3h30 diárias na Internet,
garante pesquisa Studio Ideias para o núcleo Jovem da
Editora Abril), substituímos as cartas pelos e-mails, os
diários intímos pelos blogs, os telegramas pelo Twitter,
a enciclopédia pela Wikipédia, o álbum de fotos pelo
Flickr. O YouTube é mais atraente do que a TV.
PERISSÉ, G. A escrita na Internet. Especial Sala de Aula. São Paulo, 2010 (fragmento).
Cada sistema de comunicação tem suas especificidades.
No ciberespaço, os textos virtuais são produzidos
combinando-se características de gêneros tradicionais.
Essa combinação representa,
Segundo o físico da USP, Cláudio Furukawa, é possível
ser um cidadão ecossustentável adotando atos simples.
É um argumento utilizado pelo físico, para sustentar
a ideia de que podemos contribuir para melhorar a
qualidade de vida no planeta,
Texto para a questão.
Tampe a panela
Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas a ciência explica como é possível ser um cidadão ecossustentável adotando o simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o macarrão ou para o cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, da USP, a cada minuto que a água ferve em uma panela sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com o vapor, vão embora 11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP, aquele gás utilizado no botijão de cozinha, é de 11 mil calorias por grama, será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a mesma quantidade de água. Isso pode não parecer nada para você ou para um botijão de 13 quilos, mas imagine o potencial de devastação que um cafezinho despretensioso e sem os devidos cuidados pode provocar em uma população como a do Brasil: 54,6 toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da água, considerando que cada família brasileira faça um cafezinho por dia. Ou 4 200 botijões desperdiçados.
Superinteressante. Sao Paulo: Abril, n° 247, dez. 2007.
O contato com textos exercita a capacidade de
reconhecer os fins para os quais este ou aquele texto é
produzido. Esse texto tem por finalidade
Texto para a questão.
Tampe a panela
Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas a ciência explica como é possível ser um cidadão ecossustentável adotando o simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o macarrão ou para o cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, da USP, a cada minuto que a água ferve em uma panela sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com o vapor, vão embora 11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP, aquele gás utilizado no botijão de cozinha, é de 11 mil calorias por grama, será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a mesma quantidade de água. Isso pode não parecer nada para você ou para um botijão de 13 quilos, mas imagine o potencial de devastação que um cafezinho despretensioso e sem os devidos cuidados pode provocar em uma população como a do Brasil: 54,6 toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da água, considerando que cada família brasileira faça um cafezinho por dia. Ou 4 200 botijões desperdiçados.
Superinteressante. Sao Paulo: Abril, n° 247, dez. 2007.
Diante do número de óbitos provocados pela gripe H1N1
- gripe suína - no Brasil, em 2009, o Ministro da Saúde
fez um pronunciamento público na TV e no rádio. Seu
objetivo era esclarecer a população e as autoridades
locais sobre a necessidade do adiamento do retorno às
aulas, em agosto, para que se evitassem a aglomeração
de pessoas e a propagação do vírus.
Fazendo uso da norma padrão da língua, que se pauta
pela correção gramatical, seria correto o Ministro ler, em
seu pronunciamento, o seguinte trecho:
Quincas Borba mal podia encobrir a satisfação do triunfo.
Tinha uma asa de frango no prato, e trincava-a com
filosófica serenidade. Eu fiz-lhe ainda algumas objeções,
mas tão frouxas, que ele não gastou muito tempo em
destruí-las.
— Para entender bem o meu sistema, concluiu ele,
importa não esquecer nunca o princípio universal,
repartido e resumido em cada homem. Olha: a
guerra, que parece uma calamidade, é uma operação
conveniente, como se disséssemos o estalar dos dedos
de Humanitas; a fome (e ele chupava filosoficamente a
asa do frango), a fome é uma prova a que Humanitas
submete a própria víscera. Mas eu não quero outro
documento da sublimidade do meu sistema, senão este
mesmo frango. Nutriu-se de milho, que foi plantado por
um africano, suponhamos, importado de Angola. Nasceu
esse africano, cresceu, foi vendido; um navio o trouxe,
um navio construído de madeira cortada no mato por
dez ou doze homens, levado por velas, que oito ou
dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras
partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu
almocei agora mesmo, é o resultado de uma multidão
de esforços e lutas, executadas com o único fim de dar
mate ao meu apetite.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 1975.
A filosofia de Quincas Borba — a Humanitas — contém
princípios que, conforme a explanação do personagem,
consideram a cooperação entre as pessoas uma forma de
O American Idol islâmico
Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows
são programas vazios, sem cultura. No mundo árabe,
esse problema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O
Poeta dos Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico,
o prêmio vai para o melhor poeta. O programa, que é
transmitido pela Abu Dhabi TV e tem 70 milhões de
espectadores, é uma competição entre 48 poetas de 12
países árabes — em que o vencedor leva um prêmio de
US$ 1,3 milhão.
Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. O BBB
teve a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos
os participantes eram homossexuais). E Millions’ Poet
detonou uma discussão sobre os direitos da mulher no
mundo árabe.
GARATTONI, B. O American Idol islâmico. SuperInteressante. Edição 278, maio 2010 (fragmento).
No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”,
o termo destacado foi utilizado para estabelecer uma
ligação com outro termo presente no texto, isto é, fazer
referência ao
Texto I
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e bem vês que eu morro
Respirando esse ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu de meu Brasil!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! Não seja já!
Eu quero ouvir cantar na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
ABREU, C. Poetas rom ânticos brasileiros. São Paulo: Scipione, 1993.
Texto II
A ideologia romântica, argamassada ao longo do século
XVIII e primeira metade do século XIX, introduziu-se
em 1836. Durante quatro decênios, imperaram o
“eu”, a anarquia, o liberalismo, o sentimentalismo, o
nacionalismo, através da poesia, do romance, do teatro
e do jornalismo (que fazia sua aparição nessa época).
MOISÉS, M. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1971 (fragmento).
De acordo com as considerações de Massaud Moisés
no Texto II, o Texto I centra-se
Texto I
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e bem vês que eu morro
Respirando esse ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu de meu Brasil!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! Não seja já!
Eu quero ouvir cantar na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
ABREU, C. Poetas rom ânticos brasileiros. São Paulo: Scipione, 1993.
Texto II
A ideologia romântica, argamassada ao longo do século XVIII e primeira metade do século XIX, introduziu-se em 1836. Durante quatro decênios, imperaram o “eu”, a anarquia, o liberalismo, o sentimentalismo, o nacionalismo, através da poesia, do romance, do teatro e do jornalismo (que fazia sua aparição nessa época).
MOISÉS, M. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1971 (fragmento).
De acordo com as considerações de Massaud Moisés
no Texto II, o Texto I centra-se
Onde ficam os “artistas”? Onde ficam os “artesãos”?
Submergidos no interior da sociedade, sem reconhecimento
formal, esses grupos passam a ser vistos de diferentes
perspectivas pelos seus intérpretes, a maioria das
vezes, engajados em discussões que se polarizam entre
artesanato, cultura erudita e cultura popular.
PORTO ALEGRE, M. S. Arte e ofício de artesão. São Paulo, 1985 (adaptado).
O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente
sobre o que é arte. Artesanato é arte ou não? De acordo
com uma tendência inclusiva sobre a relação entre arte
e educação,

Se você tiver febre alta com dor de cabeça, dor atrás dos olhos,
no corpo e nas juntas, vá imediatamente a uma unidade de saúde.
Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, ago. 2009.
Esse texto é uma propaganda veiculada nacionalmente.
Esse gênero textual utiliza-se da persuasão com uma
intencionalidade específica. O principal objetivo desse
texto é

Se você tiver febre alta com dor de cabeça, dor atrás dos olhos, no corpo e nas juntas, vá imediatamente a uma unidade de saúde.

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010.
Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de estimação) sua escultura na neve, fazendo uso de uma linguagem especializada.
Os quadrinhos rompem com a expectativa do leitor, porque
CURRÍCULO
Identificação Pessoal
[Nome Completo]
Brasileiro, [Estado Civil], [Idade] anos
[Endereço - Rua/Av. + Número + Complemento]
[Bairro] - [Cidade] - [Estado]
Telefone: [Telefone com DDD] / E-mail: [E-mail]
Objetivo[Cargo pretendido]
Formação
Experiência Profissional
[Período] - Empresa
Cargo:
Principais atividades:
Qualificação Profissional
[Descrição] ([Local], conclusão em [Ano de Conclusão
do Curso ou Atividade]).
Informações Adicionais[Descrição Informação Adicional]
A busca por emprego faz parte da vida de jovens e
adultos. Para tanto, é necessário estruturar o currículo
adequadamente. Em que parte da estrutura do currículo
deve ser inserido o fato de você ter sido premiado com o título
de “Aluno Destaque do Ensino Médio - Menção Honrosa”?
Texto I
XLI
Ouvia:
Que não podia odiar
E nem temer
Porque tu eras eu.
E como seria
Odiar a mim mesma
E a mim mesma temer.
HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento).
Texto II
Transforma-se o amador na cousa amada
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de
Camões, a temática comum é
Texto I
XLI
Ouvia:
Que não podia odiar
E nem temer
Porque tu eras eu.
E como seria
Odiar a mim mesma
E a mim mesma temer.
HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento).
Texto II
Transforma-se o amador na cousa amada
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).
Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de
Camões, a temática comum é

XAVIER, C. Disponível em: http://www.releituras.com. Acesso em: 03 set. 2010.
Considerando a relação entre os usos oral e escrito da
língua, tratada no texto, verifica-se que a escrita

APADRINHE. IGUAL AO JOÃO, MILHARES DE
CRIANÇAS TAMBÉM PRECISAM DE UM MELHOR
AMIGO. SEJA O MELHOR AMIGO DE UMA CRIANÇA.
Anúncio assinado pelo Fundo Cristão para Crianças CCF-Brasil. Revista IstoÉ. São Paulo:
Três, ano 32, n° 2079, 16 set. 2009.
Pela forma como as informações estão organizadas, observa-se
que, nessa peça publicitária, predominantemente, busca-se
APADRINHE. IGUAL AO JOÃO, MILHARES DE
CRIANÇAS TAMBÉM PRECISAM DE UM MELHOR
AMIGO. SEJA O MELHOR AMIGO DE UMA CRIANÇA.
Anúncio assinado pelo Fundo Cristão para Crianças CCF-Brasil. Revista IstoÉ. São Paulo: Três, ano 32, n° 2079, 16 set. 2009.
Pela forma como as informações estão organizadas, observa-se
que, nessa peça publicitária, predominantemente, busca-se