Questão 4d026dd0-7a
Prova:ENEM 2010
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos
O “politicamente correto” tem seus exageros, como
chamar baixinho de “verticalmente prejudicado”, mas,
no fundo, vem de uma louvável preocupação em não
ofender os diferentes. É muito mais gentil chamar
estrabismo de “idiossincrasia ótica” do que de vesguice.
O linguajar brasileiro está cheio de expressões racistas
e preconceituosas que precisam de uma correção, e até
as várias denominações para bêbado (pinguço, bebo,
pé-de-cana) poderiam ser substituídas por algo como
“contumaz etílico”, para lhe poupar os sentimentos.
O tratamento verbal dado aos negros é o melhor
exemplo da condescendência que passa por tolerância
racial no Brasil. Termos como “crioulo”, “negão” etc. são
até considerados carinhosos, do tipo de carinho que se
dá a inferiores, e, felizmente, cada vez menos ouvidos.
“Negro” também não é mais correto. Foi substituído por
afrodescendente, por influência dos afro-americans,
num caso de colonialismo cultural positivo. Está certo.
Enquanto o racismo que não quer dizer seu nome
continua no Brasil, uma integração real pode começar
pela linguagem.
VERÍSSIMO, L. F. Peixe na cama. Diário de Pernambuco. 10 jun. 2006 (adaptado).
Ao comparar a linguagem cotidiana utilizada no Brasil e
as exigências do comportamento “politicamente correto”,
o autor tem a intenção de
O “politicamente correto” tem seus exageros, como
chamar baixinho de “verticalmente prejudicado”, mas,
no fundo, vem de uma louvável preocupação em não
ofender os diferentes. É muito mais gentil chamar
estrabismo de “idiossincrasia ótica” do que de vesguice.
O linguajar brasileiro está cheio de expressões racistas
e preconceituosas que precisam de uma correção, e até
as várias denominações para bêbado (pinguço, bebo,
pé-de-cana) poderiam ser substituídas por algo como
“contumaz etílico”, para lhe poupar os sentimentos.
O tratamento verbal dado aos negros é o melhor
exemplo da condescendência que passa por tolerância
racial no Brasil. Termos como “crioulo”, “negão” etc. são
até considerados carinhosos, do tipo de carinho que se
dá a inferiores, e, felizmente, cada vez menos ouvidos.
“Negro” também não é mais correto. Foi substituído por
afrodescendente, por influência dos afro-americans,
num caso de colonialismo cultural positivo. Está certo.
Enquanto o racismo que não quer dizer seu nome
continua no Brasil, uma integração real pode começar
pela linguagem.
VERÍSSIMO, L. F. Peixe na cama. Diário de Pernambuco. 10 jun. 2006 (adaptado).
Ao comparar a linguagem cotidiana utilizada no Brasil e
as exigências do comportamento “politicamente correto”,
o autor tem a intenção de
A
criticar o racismo declarado do brasileiro, que
convive com a discriminação camuflada em certas
expressões linguísticas.
B
defender o uso de termos que revelam a
despreocupação do brasileiro quanto ao preconceito
racial, que inexiste no Brasil.
C
mostrar que os problemas de intolerância racial, no
Brasil, já estão superados, o que se evidencia na
linguagem cotidiana.
D
questionar a condenação de certas expressões
consideradas “politicamente incorretas”, o que
impede os falantes de usarem a linguagem
espontaneamente.
E
sugerir que o país adote, além de uma postura
linguística “politicamente correta”, uma política de
convivência sem preconceito racial.
Gabarito comentado

Isabel VegaMestra em Letras na UFRJ, Coordenadora e Professora Aposentada de Português do Colégio Pedro II-RJ