Questõesde CEDERJ 2013

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CEDERJ 2013 - Geografia - Geografia Física, Vegetação

Analise a imagem a seguir:

                                    

Disponível em: principaisflorestasmundiais.blogspot.com. Acesso em: 15 out. 2013.

Na imagem, registra-se a seguinte vegetação natural do Brasil:

A
Cerrado, com prevalência de espécies epífitas.
B
Caatinga, com abundância de espécies xerófitas.
C
Mata de Araucárias, com adensamento de tipos de pinhais.
D
Mata de Cocais, com predominância de extensos babaçuais.
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CEDERJ 2013 - Geografia - Geografia Física

                                                 OS QUATRO BRASIS
  
Poderíamos, grosseiramente, reconhecer a existência de quatro Brasis, ou seja, regiões específicas dentro do país. Num desses Brasis, verifica-se a implantação mais consolidada dos dados da ciência, da técnica e da informação, além de uma urbanização importante, com um padrão de consumo das empresas e das famílias mais intenso. Nele se produzem novíssimas formas específicas de terciário superior, um quaternário e um quinquinário ligados à finança, à assistência técnica e política e à informação em suas diferentes modalidades.

SANTOS, M. e SILVEIRA, M. O Brasil. Território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 268-269. Adaptado.

A descrição dos aspectos geográficos mencionados individualiza o complexo regional denominado:

A
Centro-Sul.
B
Meio Norte.
C
Amazônia.
D
Nordeste.
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CEDERJ 2013 - Geografia - Amazônia

                                    A GEOPOLÍTICA DO ESTADO

Na Amazônia brasileira, o Estado favoreceu a economia urbana para fins geopolíticos. O mais flagrante caso moderno foi a criação de uma área na qual o Estado tentou pela primeira vez introduzir a substituição de importações. Ao conceder incentivos fiscais federais e estaduais à produção empresarial de bens de consumo inéditos ou de produção inexpressiva no Brasil, o Estado teve claro objetivo geopolítico, implantando uma economia industrial em meio a uma região dominada ainda por uma economia mercantil em área pouco povoada e com um passado de disputas.

               Fonte: BECKER, B. A urbe amazônida. Rio de Janeiro: Garamond, 2013, p. 44. Adaptado.

Essa área criada pelo Estado, no final da década de 1960, pertence ao seguinte empreendimento regional:

A
Projeto Calha Norte.
B
Zona Franca de Manaus.
C
Rodovia Transamazônica.
D
Programa Grande Carajás.
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CEDERJ 2013 - Geografia - Cartografia, Projeções e Representações

Analise o mapa a seguir:

                               

                  Fonte: THÉRY, H. e MELLO, N. Atlas do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2008, p. 58.

No mapa, qual é o estado que apresenta a maior concentração dos municípios criados entre 1980 e 1997?

A
Bahia.
B
Goiás.
C
Mato Grosso.
D
Mato Grosso do Sul.
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CEDERJ 2013 - Física - Estática e Hidrostática, Estática - Momento da Força/Equilíbrio e Alavancas

Um trabalhador deseja deslocar uma pedra com o auxílio de uma alavanca. Ele tem a possibilidade de colocar o ponto de apoio, mediante o uso de cunhas, nas posições 1 ou 2, como ilustrado nas figuras. Considere que o trabalhador exercerá uma força na direção perpendicular à haste e que ele tem as alternativas de exercê-la nos pontos 1, 2, 3 ou 4.

                                    

Dentre as alternativas, assinale aquela que permite ao trabalhador deslocar a pedra com menos esforço.

A
Posição do apoio 1 

Ponto de aplicação da força 4
B
Posição do apoio 1 

Ponto de aplicação da força 2
C
Posição do apoio 2   

Ponto de aplicação da força 4 
D
Posição do apoio 2 

Ponto de aplicação da força 3
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CEDERJ 2013 - Geografia - Geografia Política

                                       A INICIATIVA TRANSATLÂNTICA

      Durante um encontro em Berlim, no mês de julho, o presidente Obama e a chanceler Angela Merkel anunciaram a decisão de negociar um acordo de integração econômica entre Estados Unidos e União Europeia. Seria formado um bloco comercial com uma população de 800 milhões de habitantes e com metade da capacidade produtiva do mundo. Se somarmos a esse bloco os países pró-ocidentais que têm acordos de livre comércio com os Estados Unidos e com a União Europeia, a participação do novo grupo no conjunto da economia mundial será ainda maior.

             Fonte: MONTOYA, R. A integração da economia transatlântica. O Globo, 15 out. 2013, p. 16.

Essa iniciativa transatlântica tem como implicação geopolítica o processo de

A
fortalecimento geoestratégico da histórica ascensão da Eurásia.
B
acirramento da concorrência geoeconômica ocidental contra a China.
C
enfraquecimento geocultural entre os países capitalistas da América Latina.
D
desestruturação da aliança militar entre América do Norte e Europa ocidental.
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CEDERJ 2013 - Física - Estática e Hidrostática, Hidrostática

Uma cuba, aberta à atmosfera em sua parte superior, está cheia de água até a sua borda, como ilustra a figura I. Um bloco de madeira é posto a flutuar na água da cuba, de maneira que, no equilíbrio, após parte da água ser expulsa pelo bloco, a cuba continua cheia de água até a borda, como mostra a figura II.

Assinale a alternativa que representa a comparação entre as pressões da água no ponto central do fundo da cuba nas situações I e II.

                              

A
PI > PII


B
PI < PII
C
PI = PII
D
PI pode ser maior, menor ou igual a PII, dependendo da densidade da madeira.
d492b711-96
CEDERJ 2013 - Física - Circuitos Elétricos e Leis de Kirchhoff

O circuito mostra três elementos resistivos de resistências R1, R2 e R3 ligados a uma fonte de tensão V por fios condutores de resistência desprezível. Os valores das diferenças de potencial entre os terminais desses resistores e das correntes elétricas que fluem através deles são, respectivamente, V1 = 8,0V e I1= 4,0A, V2 = 4,0V e I2 = 2,0A, V3 = 4,0V e I3 = 2,0A.

Assinale a alternativa que descreve corretamente a comparação entre as resistências R1, R2 e R3 e entre as potências dissipadas, respectivamente, pelo resistor R1 (potência P1) e pelo conjunto formado por R2 e R3 (potência P23).

                                      

A
R1 > R2 = R3 e P1 < P23.
B
R1 = R2 = R3 e P1 < P23.
C
R1 > R2 = R3 e P1 > P23.
D
R1 = R2 = R3 e P1 > P23.
d4750edc-96
CEDERJ 2013 - Biologia - Núcleo interfásico e código genético, Moléculas, células e tecidos

Nas células de tecidos em que está ocorrendo uma intensa síntese proteica, é possível visualizar, através de um microscópio eletrônico, uma grande quantidade de estruturas denominadas polissomos, que são formadas pela interação de

A
RNA transportador e membrana.
B
proteínas histonas e DNA genômico.
C
proteínas e complexo de Golgi.
D
RNA mensageiro e ribossomos.
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CEDERJ 2013 - Física - Transformações Gasosas

Uma certa quantidade de um gás ideal ocupa a metade esquerda de um recipiente que permite troca de calor com o meio ambiente. Nestas condições, em equilíbrio térmico com o meio ambiente numa temperatura T, observa-se que a pressão do gás é P1 . A válvula que mantinha o lado esquerdo (E) do recipiente com gás e o lado direito (D) vazio é aberta. O gás expande-se para todo o recipiente e termina por atingir o equilíbrio térmico com o meio ambiente, na mesma temperatura T.

                                                              

Assinale a alternativa que representa as pressões finais do gás no lado esquerdo, PE, e no lado direito, PD, do recipiente

A
PE = P1 / 2   PD = P1 /2
B
PE = P1        PD = P1
C
PE = P1          PD = 0
D
PE = 2P1    PD = P1
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CEDERJ 2013 - Física - Dinâmica

Um pequeno bloco de madeira é lançado com velocidade inicial  sobre uma superfície horizontal, conforme ilustra a figura. O bloco desliza sobre esta superfície, parando depois de percorrer uma determinada distância sob ação de uma força de atrito constante.

                                            

Assinale a alternativa que representa como varia a velocidade do bloco em função do tempo.

A

B

C

D

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CEDERJ 2013 - Biologia - Sistema Imunológico, Identidade dos seres vivos

Em 1796, o médico inglês Edward Jenner coletou pus da ferida de uma pessoa que trabalhava na ordenha de vacas e que apresentava varíola bovina. Com o mesmo estilete contaminado, gerou arranhões no braço de um menino de oito anos, chamado James Phipps. Alguns meses depois, feriu novamente o braço deste menino, mas, dessa vez, com varíola humana. Jenner observou então que James não contraiu a varíola humana, permanecendo saudável. A partir dessas observações, o processo de imunização tornou-se difundido, passando a ser denominado vacinação (do latim: vaccina = vaca).

James não contraiu a varíola humana, pois a primeira inoculação com o material contaminado

A
realizou sua imunização de forma passiva.
B
transmitiu para ele anticorpos contra varíola.
C
protegeu seu organismo imediatamente contra varíola.
D
sensibilizou-o a produzir anticorpos.
d45b0afc-96
CEDERJ 2013 - Português - Interpretação de Textos, Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo)

Leia o trecho:

Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim.

As formas verbais assinaladas indicam, respectivamente, os seguintes aspectos do passado:

                                                    Infância

     
Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim. E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. Espantado, entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei à sala de jantar. Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci engulhando, com a vaga esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite extraordinária.

      Meu pai determinou que eu principiasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando linhas e repisando linhas, alcancei o fim da página, sem ouvir gritos. Parei surpreendido, virei a folha, continuei a arrastar-me na gemedeira, como um carro em estrada cheia de buracos.

      Com certeza o negociante recebera alguma dívida perdida: no meio do capítulo pôs-se a conversar comigo, perguntou-me se eu estava compreendendo o que lia. Explicou-me que se tratava de uma história, um romance, exigiu atenção e resumiu a parte já lida. Um casal com filhos andava numa floresta, em noite de inverno, perseguido por lobos, cachorros selvagens. Depois de muito correr, essas criaturas chegavam à cabana de um lenhador. Era ou não era? Traduziu-me em linguagem de cozinha diversas expressões literárias. Animei-me a parolar. Sim, realmente havia alguma coisa no livro, mas era difícil conhecer tudo.

      Alinhavei o resto do capítulo, diligenciando penetrar o sentido da prosa confusa, aventurando-me às vezes a inquirir. E uma luzinha quase imperceptível surgia longe, apagava-se, ressurgia, vacilante, nas trevas do meu espírito.

      Recolhi-me preocupado: os fugitivos, os lobos e o lenhador agitaram-me o sono. Dormi com eles, acordei com eles. As horas voaram. Alheio à escola, aos brinquedos de minhas irmãs, à tagarelice dos moleques, vivi com essas criaturas de sonho, incompletas e misteriosas.

      À noite meu pai me pediu novamente o volume, e a cena da véspera se reproduziu: leitura emperrada, mal-entendidos, explicações.

        Na terceira noite fui buscar o livro espontaneamente, mas o velho estava sombrio e silencioso. E no dia seguinte, quando me preparei para moer a narrativa, afastou-me com um gesto, carrancudo.

      Nunca experimentei decepção tão grande. Era como se tivesse descoberto uma coisa muito preciosa e de repente a maravilha se quebrasse. E o homem que a reduziu a cacos, depois de me haver ajudado a encontrá-la, não imaginou a minha desgraça. A princípio foi desespero, sensação de perda e ruína, em seguida uma longa covardia, a certeza de que as horas de encanto eram boas demais para mim e não podiam durar.


                                                 RAMOS, Graciliano. Infância. São Paulo: Record, 1995. p.187-191.

A
conclusão de ação passada; ação passada posterior a outra passada; ação passada em andamento.
B
ação passada concluída; ação posterior a outra passada; passado interrompido.
C
ação passada com duração no presente; ação anterior a outra passada; ação passada pontual.
D
instalação de marco temporal passado; ação passada anterior a outra também passada; ação passada contínua.
d46ac81d-96
CEDERJ 2013 - Biologia - Relações ecológicas, Ecologia e ciências ambientais

As vespas da família Braconidae reproduzem-se pondo ovos em lagartas. Suas larvas crescem dentro desses hospedeiros, levando-os à morte. Para que as larvas da vespa se desenvolvam é necessário evitar ou suprimir as defesas naturais da lagarta. Foi observado que quando depositam os ovos na lagarta, as vespas fêmeas injetam vírion de Polydnavirus no hospedeiro. Esses vírus de DNA, produzidos apenas no ovário das vespas fêmeas, não se replicam nas lagartas, mas inibem suas defesas imunológicas, permitindo que ovos e larvas se desenvolvam em seu interior.

Adaptado de: O papel dos vírus na árvore da vida. Gustavo Olsanki Acrani,José Luiz Proença Módena e Eurico Arruda. Revista Ciência Hoje, pag. 26-31. Edição 292, maio de 2012.

A relação ecológica entre as vespas e os vírus é classificada como:

A
amensalismo.
B
simbiose.
C
predatismo.
D
parasitismo.
d465c9f1-96
CEDERJ 2013 - Biologia - Gimnospermas e Angiospermas, Identidade dos seres vivos

      A história da araucária, ou pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), pode ter um triste fim com a extinção da espécie em menos de um século de exploração predatória. Atualmente, as florestas de araucária estão reduzidas a aproximadamente 1,2% da área original.

    http://matadasaraucarias.blogspot.com.br/2010/04/pinheiros-doparana-beira-da-extincao.html

A araucária, por ser uma planta cuja semente fica em estruturas denominadas megastróbilos (pinha), é classificada como:

A
briófita.
B
pteridófita.
C
gimnosperma.
D
angiosperma.
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CEDERJ 2013 - Biologia - Núcleo interfásico e código genético, Moléculas, células e tecidos

Um grupo de pesquisadores sequenciou o genoma completo de uma determinada bactéria e verificou a presença de 30% de adenina no conteúdo de bases aminadas do DNA. Qual a porcentagem das outras bases aminadas no DNA desta bactéria?

A
Timina 30%, guanina 20% e citosina 20%.
B
Timina 70%, guanina 30% e citosina 70%.
C
Timina 30%, guanina 70% e citosina 70%.
D
Timina 20%, guanina 30% e citosina 20%.
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CEDERJ 2013 - Português - Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia, Morfologia - Pronomes

Pronomes e conjunções são usados como recursos de coesão textual ao estabelecer relações entre palavras e sequências do texto.

Assinale a alternativa que indica corretamente a função dos termos em destaque no período:

E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia.

                                                    Infância

     
Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim. E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. Espantado, entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei à sala de jantar. Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci engulhando, com a vaga esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite extraordinária.

      Meu pai determinou que eu principiasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando linhas e repisando linhas, alcancei o fim da página, sem ouvir gritos. Parei surpreendido, virei a folha, continuei a arrastar-me na gemedeira, como um carro em estrada cheia de buracos.

      Com certeza o negociante recebera alguma dívida perdida: no meio do capítulo pôs-se a conversar comigo, perguntou-me se eu estava compreendendo o que lia. Explicou-me que se tratava de uma história, um romance, exigiu atenção e resumiu a parte já lida. Um casal com filhos andava numa floresta, em noite de inverno, perseguido por lobos, cachorros selvagens. Depois de muito correr, essas criaturas chegavam à cabana de um lenhador. Era ou não era? Traduziu-me em linguagem de cozinha diversas expressões literárias. Animei-me a parolar. Sim, realmente havia alguma coisa no livro, mas era difícil conhecer tudo.

      Alinhavei o resto do capítulo, diligenciando penetrar o sentido da prosa confusa, aventurando-me às vezes a inquirir. E uma luzinha quase imperceptível surgia longe, apagava-se, ressurgia, vacilante, nas trevas do meu espírito.

      Recolhi-me preocupado: os fugitivos, os lobos e o lenhador agitaram-me o sono. Dormi com eles, acordei com eles. As horas voaram. Alheio à escola, aos brinquedos de minhas irmãs, à tagarelice dos moleques, vivi com essas criaturas de sonho, incompletas e misteriosas.

      À noite meu pai me pediu novamente o volume, e a cena da véspera se reproduziu: leitura emperrada, mal-entendidos, explicações.

        Na terceira noite fui buscar o livro espontaneamente, mas o velho estava sombrio e silencioso. E no dia seguinte, quando me preparei para moer a narrativa, afastou-me com um gesto, carrancudo.

      Nunca experimentei decepção tão grande. Era como se tivesse descoberto uma coisa muito preciosa e de repente a maravilha se quebrasse. E o homem que a reduziu a cacos, depois de me haver ajudado a encontrá-la, não imaginou a minha desgraça. A princípio foi desespero, sensação de perda e ruína, em seguida uma longa covardia, a certeza de que as horas de encanto eram boas demais para mim e não podiam durar.


                                                 RAMOS, Graciliano. Infância. São Paulo: Record, 1995. p.187-191.

A
A conjunção porque tem valor conclusivo e equivale a portanto; o pronome isto faz referência ao ato de engolir o café.
B
A conjunção porque estabelece entre as orações uma relação causal; o pronome isto é usado para retomar a oração anterior.
C
A conjunção porque estabelece uma relação de contraste entre duas orações; o pronome isto é usado para substituir o substantivo mão.
D
A conjunção porque tem valor explicativo; o pronome isto antecipa as ações expressas pelos verbos “mergulhar" e “adormecer".
d44ab3ff-96
CEDERJ 2013 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A afirmativa em que se associa adequadamente o estilo do escritor Graciliano Ramos à temática desenvolvida no trecho lido é:

                                                    Infância

     
Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim. E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. Espantado, entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei à sala de jantar. Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci engulhando, com a vaga esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite extraordinária.

      Meu pai determinou que eu principiasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando linhas e repisando linhas, alcancei o fim da página, sem ouvir gritos. Parei surpreendido, virei a folha, continuei a arrastar-me na gemedeira, como um carro em estrada cheia de buracos.

      Com certeza o negociante recebera alguma dívida perdida: no meio do capítulo pôs-se a conversar comigo, perguntou-me se eu estava compreendendo o que lia. Explicou-me que se tratava de uma história, um romance, exigiu atenção e resumiu a parte já lida. Um casal com filhos andava numa floresta, em noite de inverno, perseguido por lobos, cachorros selvagens. Depois de muito correr, essas criaturas chegavam à cabana de um lenhador. Era ou não era? Traduziu-me em linguagem de cozinha diversas expressões literárias. Animei-me a parolar. Sim, realmente havia alguma coisa no livro, mas era difícil conhecer tudo.

      Alinhavei o resto do capítulo, diligenciando penetrar o sentido da prosa confusa, aventurando-me às vezes a inquirir. E uma luzinha quase imperceptível surgia longe, apagava-se, ressurgia, vacilante, nas trevas do meu espírito.

      Recolhi-me preocupado: os fugitivos, os lobos e o lenhador agitaram-me o sono. Dormi com eles, acordei com eles. As horas voaram. Alheio à escola, aos brinquedos de minhas irmãs, à tagarelice dos moleques, vivi com essas criaturas de sonho, incompletas e misteriosas.

      À noite meu pai me pediu novamente o volume, e a cena da véspera se reproduziu: leitura emperrada, mal-entendidos, explicações.

        Na terceira noite fui buscar o livro espontaneamente, mas o velho estava sombrio e silencioso. E no dia seguinte, quando me preparei para moer a narrativa, afastou-me com um gesto, carrancudo.

      Nunca experimentei decepção tão grande. Era como se tivesse descoberto uma coisa muito preciosa e de repente a maravilha se quebrasse. E o homem que a reduziu a cacos, depois de me haver ajudado a encontrá-la, não imaginou a minha desgraça. A princípio foi desespero, sensação de perda e ruína, em seguida uma longa covardia, a certeza de que as horas de encanto eram boas demais para mim e não podiam durar.


                                                 RAMOS, Graciliano. Infância. São Paulo: Record, 1995. p.187-191.

A
O narrador adota uma linguagem floreada, repleta de eufemismos que atenuam o sofrimento do menino diante da difícil relação com o pai e com a leitura.
B
O estilo circular da narrativa reitera, ao longo de todo o texto, o desespero do menino diante do ato de ler e a repugnância que sente em relação aos livros.
C
O narrador, por meio de linguagem seca e cortante, revela a decepção do menino com a atitude do pai, ilustrando as dificuldades de uma infância carente de afetos e oportunidades.
D
O estilo direto adotado pelo narrador se deve ao emprego da linguagem jornalística, que aproxima a narrativa da realidade, de modo seco e objetivo, ao retratar dificuldades próprias da relação entre pais e filhos.
d44fd6e9-96
CEDERJ 2013 - Português - Interpretação de Textos

A passagem “Traduziu-me em linguagem de cozinha diversas expressões literárias" apresenta a seguinte oposição entre dois usos da linguagem:

                                                    Infância

     
Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim. E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. Espantado, entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei à sala de jantar. Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci engulhando, com a vaga esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite extraordinária.

      Meu pai determinou que eu principiasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando linhas e repisando linhas, alcancei o fim da página, sem ouvir gritos. Parei surpreendido, virei a folha, continuei a arrastar-me na gemedeira, como um carro em estrada cheia de buracos.

      Com certeza o negociante recebera alguma dívida perdida: no meio do capítulo pôs-se a conversar comigo, perguntou-me se eu estava compreendendo o que lia. Explicou-me que se tratava de uma história, um romance, exigiu atenção e resumiu a parte já lida. Um casal com filhos andava numa floresta, em noite de inverno, perseguido por lobos, cachorros selvagens. Depois de muito correr, essas criaturas chegavam à cabana de um lenhador. Era ou não era? Traduziu-me em linguagem de cozinha diversas expressões literárias. Animei-me a parolar. Sim, realmente havia alguma coisa no livro, mas era difícil conhecer tudo.

      Alinhavei o resto do capítulo, diligenciando penetrar o sentido da prosa confusa, aventurando-me às vezes a inquirir. E uma luzinha quase imperceptível surgia longe, apagava-se, ressurgia, vacilante, nas trevas do meu espírito.

      Recolhi-me preocupado: os fugitivos, os lobos e o lenhador agitaram-me o sono. Dormi com eles, acordei com eles. As horas voaram. Alheio à escola, aos brinquedos de minhas irmãs, à tagarelice dos moleques, vivi com essas criaturas de sonho, incompletas e misteriosas.

      À noite meu pai me pediu novamente o volume, e a cena da véspera se reproduziu: leitura emperrada, mal-entendidos, explicações.

        Na terceira noite fui buscar o livro espontaneamente, mas o velho estava sombrio e silencioso. E no dia seguinte, quando me preparei para moer a narrativa, afastou-me com um gesto, carrancudo.

      Nunca experimentei decepção tão grande. Era como se tivesse descoberto uma coisa muito preciosa e de repente a maravilha se quebrasse. E o homem que a reduziu a cacos, depois de me haver ajudado a encontrá-la, não imaginou a minha desgraça. A princípio foi desespero, sensação de perda e ruína, em seguida uma longa covardia, a certeza de que as horas de encanto eram boas demais para mim e não podiam durar.


                                                 RAMOS, Graciliano. Infância. São Paulo: Record, 1995. p.187-191.

A
a linguagem própria do mundo da gastronomia, voltado para a arte culinária, e a linguagem literária, que amplia o sentido de palavras e expressões de modo a criar novos e múltiplos sentidos.
B
o uso culto da língua, que obedece às regras gramaticais e, por isso, não exige uma tradução, e as expressões literárias, que precisam ser traduzidas.
C
a linguagem coloquial, usada pela maioria das pessoas no cotidiano, e a linguagem literária, que costuma utilizar palavras e expressões que já caíram em desuso.
D
a linguagem comum, do dia a dia, usada de forma espontânea, e a linguagem literária, que requer um trabalho apurado para construir efeitos artísticos e expressivos.
d44451f2-96
CEDERJ 2013 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

A sequência de palavras e expressões em que se concretiza com mais propriedade a transformação da relação do menino com a leitura é:

                                                    Infância

     
Uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia a mim. E eu, engolido o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. Espantado, entrei no quarto, peguei com repugnância o antipático objeto e voltei à sala de jantar. Aí recebi ordem para me sentar e abrir o volume. Obedeci engulhando, com a vaga esperança de que uma visita me interrompesse. Ninguém nos visitou naquela noite extraordinária.

      Meu pai determinou que eu principiasse a leitura. Principiei. Mastigando as palavras, gaguejando, gemendo uma cantilena medonha, indiferente à pontuação, saltando linhas e repisando linhas, alcancei o fim da página, sem ouvir gritos. Parei surpreendido, virei a folha, continuei a arrastar-me na gemedeira, como um carro em estrada cheia de buracos.

      Com certeza o negociante recebera alguma dívida perdida: no meio do capítulo pôs-se a conversar comigo, perguntou-me se eu estava compreendendo o que lia. Explicou-me que se tratava de uma história, um romance, exigiu atenção e resumiu a parte já lida. Um casal com filhos andava numa floresta, em noite de inverno, perseguido por lobos, cachorros selvagens. Depois de muito correr, essas criaturas chegavam à cabana de um lenhador. Era ou não era? Traduziu-me em linguagem de cozinha diversas expressões literárias. Animei-me a parolar. Sim, realmente havia alguma coisa no livro, mas era difícil conhecer tudo.

      Alinhavei o resto do capítulo, diligenciando penetrar o sentido da prosa confusa, aventurando-me às vezes a inquirir. E uma luzinha quase imperceptível surgia longe, apagava-se, ressurgia, vacilante, nas trevas do meu espírito.

      Recolhi-me preocupado: os fugitivos, os lobos e o lenhador agitaram-me o sono. Dormi com eles, acordei com eles. As horas voaram. Alheio à escola, aos brinquedos de minhas irmãs, à tagarelice dos moleques, vivi com essas criaturas de sonho, incompletas e misteriosas.

      À noite meu pai me pediu novamente o volume, e a cena da véspera se reproduziu: leitura emperrada, mal-entendidos, explicações.

        Na terceira noite fui buscar o livro espontaneamente, mas o velho estava sombrio e silencioso. E no dia seguinte, quando me preparei para moer a narrativa, afastou-me com um gesto, carrancudo.

      Nunca experimentei decepção tão grande. Era como se tivesse descoberto uma coisa muito preciosa e de repente a maravilha se quebrasse. E o homem que a reduziu a cacos, depois de me haver ajudado a encontrá-la, não imaginou a minha desgraça. A princípio foi desespero, sensação de perda e ruína, em seguida uma longa covardia, a certeza de que as horas de encanto eram boas demais para mim e não podiam durar.


                                                 RAMOS, Graciliano. Infância. São Paulo: Record, 1995. p.187-191.

A
antipático objeto; luzinha quase imperceptível; maravilha.
B
gemedeira; repugnância; decepção.
C
engulhando; gaguejando; gemendo.
D
noite extraordinária; carro em estrada cheia de buracos; perda.