A sociedade do espetáculo corresponde a uma fase específica da sociedade capitalista, quando há uma interdependência entre o processo de acúmulo de capital e o processo de acúmulo de imagens. O papel desempenhado pelo
marketing, sua onipresença, ilustra perfeitamente bem o que
Guy Debord quis dizer: das relações interpessoais à política,
passando pelas manifestações religiosas, tudo está mercantilizado e envolvido por imagens. Assim como o conceito de
“indústria cultural”, o conceito de “sociedade do espetáculo”
faz parte de uma postura crítica com relação à sociedade capitalista. São conceitos que procuram apontar aquilo que se
constitui em entraves para a emancipação humana.
(Cláudio N. P. Coelho. “Mídia e poder na sociedade do espetáculo”.
https://revistacult.uol.com.br. Adaptado.)
Segundo o texto,
https://revistacult.uol.com.br. Adaptado.)
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: trata-se do conceito de sociedade do espetáculo (Guy Debord) e da relação entre capitalismo, imagens e cultura. No enunciado, o foco é a mercantilização da vida social: imagens e relações passam a funcionar como mercadorias vinculadas ao acúmulo de capital.
Resumo teórico (claro e progressivo): Debord (The Society of the Spectacle, 1967) define o espetáculo como uma forma de mediação social em que as relações humanas são substituídas por imagens e representações ligadas ao consumo e ao capital. Essa crítica aproxima-se da ideia de indústria cultural (Adorno e Horkheimer, Dialectic of Enlightenment, 1944), que denuncia a padronização e mercantilização da cultura sob o capitalismo. Fontes úteis: Guy Debord; Theodor Adorno & Max Horkheimer; texto citado de Cláudio N. P. Coelho (Revista Cult).
Por que A está correta: a alternativa afirma que a transformação da cultura em mercadoria é característica central do fenômeno. Isso resume precisamente o argumento do texto: imagens, marketing e práticas culturais são mercantilizados e integrados ao processo de acúmulo de capital — núcleo da crítica debordiana e da indústria cultural. Portanto, A sintetiza corretamente a ideia principal.
Análise das alternativas incorretas (pegadinhas e por que rejeitar):
B — afirma que a padronização estética se restringe à publicidade. Errado: o texto diz que a mercantilização alcança relações interpessoais, política e religião — ou seja, vai muito além da publicidade.
C — diz que a hegemonia do espetáculo contribui para a formação da autonomia do sujeito. Pegadinha: segundo Debord, o espetáculo reduz a autonomia, pois transforma sujeitos em consumidores de imagens, alienando-os — portanto, não é promotora de autonomia.
D — afirma que o universo estético não é determinado pela base material. Isso contradiz a perspectiva marxista-crítica subjacente ao texto: formas culturais e imagens são condicionadas pelas relações econômicas (base) e pelos interesses do capital.
E — diz que o conceito de sociedade do espetáculo realiza reflexão contestadora sobre a indústria cultural. Embora haja afinidade crítica entre ambos os conceitos, essa alternativa é menos precisa que A. O texto destaca, sobretudo, a mercantilização da cultura (enunciado central) — logo, E não responde diretamente à questão principal e pode induzir ao erro por generalidade.
Estratégia para provas: procure a ideia que resume o enunciado; desconfie de alternativas verdadeiras em conteúdo mas que não respondem diretamente ao que o texto enfatiza.
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