Um dos processos estilísticos de Graciliano Ramos em Vidas Secas
(1938) é o discurso indireto livre. Este pode ser reconhecido em:
Gabarito comentado
Tema central da questão: Discurso indireto livre na interpretação de textos literários, especialmente em narrativas como as de Graciliano Ramos.
Esse tipo de questão exige a identificação de estruturas narrativas conforme a norma-padrão, em que o discurso indireto livre é um recurso estilístico no qual pensamentos ou falas das personagens são incorporados à voz do narrador, sem uso de conectores como "disse" ou "pensou", nem marcas gráficas (travessão, aspas).
Alternativa correta: D
Exemplo: “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à-toa, pedia desculpa.”
Nesse trecho, os pensamentos de Fabiano (“Bem, bem. Não era preciso barulho não...”) aparecem fundidos à narrativa, dispensando marcas visuais ou verbos de introdução. É o narrador reproduzindo internamente o pensamento da personagem, como observa Celso Cunha (Nova Gramática do Português Contemporâneo): “Predomina a voz da personagem, sem romper totalmente a cadeia narrativa.”
Análise das alternativas incorretas:
A – Narração descritiva das ações de Fabiano, sem inserir pensamentos/falas internas: uso apenas do discurso indireto.
B – Narração objetiva, terceira pessoa, apenas relatando o ocorrido; não há interioridade do personagem.
C – Relata sequências de ações de Sinhá Vitória, apenas pela perspectiva do narrador; não há fusão entre voz do narrador/personagem.
E – Narração tradicional com observação do personagem, mas sem o mergulho estilístico no pensamento dele, como exige o discurso indireto livre.
Estratégia para provas:
Leia atentamente e busque frases que demonstrem subjetividade, juízos de valor ou interioridade da personagem fundidas ao narrador. Palavras coloquiais, interjeições ou frases entrecortadas sem verbos de elocução são sinal típico do discurso indireto livre.
Autores como Evanildo Bechara e Lindley Cintra defendem que esse recurso agrega fluidez, naturalismo e profundidade psicológica, sendo recorrente em obras modernistas.
Resumo: A alternativa D evidencia o discurso indireto livre ao mesclar ação narrativa e pensamento de personagem de modo sutil e sem marcas externas, técnica frequentemente utilizada em Vidas Secas.
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