Questão feff61ba-ef
Prova:CÁSPER LÍBERO 2017
Disciplina:História
Assunto:Processo de Independência: dos movimentos nativistas à libertação de Portugal

No Brasil, durante o período colonial e o Império, a economia se apoiou na exploração da mão de obra escrava. Esse passado legou ao presente práticas deploráveis. Nos dias de hoje, ainda ocorrem denúncias da existência de trabalho escravo ou de regimes de trabalho análogos à escravidão no país. Dentre as muitas consequências da exploração legal da mão de obra escrava até maio de 1888, podemos citar

A
a asfixia do mercado consumidor interno brasileiro, já que grande parte da população brasileira não dispunha de renda.
B
a transformação dos trabalhos manuais em algo que orgulhava grande parte daqueles que o executavam.
C
o estímulo ao surgimento de indústrias no Brasil, já que a mão de obra escrava era ideal para o regime de trabalho fabril.
D
a diminuição do caráter preconceituoso e violento da sociedade brasileira.
E
a adoção de políticas sociais que promovessem valorização humana dos ex-escravos.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Gabarito: Alternativa A

Tema central: a questão avalia a compreensão das consequências econômicas e sociais da escravidão no Brasil (até 13 de maio de 1888 — Lei nº 3.353, a Lei Áurea) e como esse passado afetou o mercado interno e o desenvolvimento econômico.

Resumo teórico: a escravidão criou uma economia exportadora baseada em latifúndio e trabalho não assalariado. Como a maior parte da população escrava não recebia salário, sua capacidade de consumir era quase nula. Isso reforçou a orientação para mercados externos (açúcar, algodão, café) e limitou a formação de um mercado interno robusto, freando demanda por bens industrializados e, consequentemente, a industrialização. Autores como Celso Furtado tratam dessas restrições ao desenvolvimento econômico brasileiro; órgãos como a OIT e o Ministério do Trabalho documentam a persistência de formas análogas à escravidão na atualidade.

Justificativa da alternativa A: a alternativa afirma que houve asfixia do mercado consumidor interno porque grande parte da população não dispunha de renda — isso está correto. Sem renda generalizada não há demanda interna suficiente para estimular produção industrial diversificada. A economia permaneceu exportadora e pouco integrada internamente, explicando atrasos na industrialização e baixo dinamismo do mercado interno.

Análise das alternativas incorretas:

B — Errada. O trabalho escravo era coercitivo e degradante; não transformou o trabalho manual em fonte de orgulho para a maioria. Pelo contrário, reforçou estigmas e hierarquias sociais.

C — Errada. A mão de obra escrava não era “ideal” para fábricas modernas: regime fabril exige rotatividade, disciplina salarial e mobilidade laboral — características opostas à escravidão. Além disso, a orientação exportadora e o latifúndio desincentivaram investimentos em indústria.

D — Errada. A escravidão deixou um legado de violência e preconceito racial; sua abolição espontânea não eliminou o racismo estrutural — portanto não houve diminuição imediata do caráter preconceituoso da sociedade.

E — Errada. O Estado brasileiro pós-abolição não implementou políticas sociais amplas para integrar e valorizar os ex-escravizados (por exemplo, distribuição de terras), o que contribuiu para marginalização socioeconômica.

Dica de prova: busque relações de causa e consequência históricas e desconfie de alternativas que afirmem resultados imediatos ou positivos sobre processos violentos e excludentes.

Fontes recomendadas: Lei Áurea (Lei nº 3.353/1888); Celso Furtado, Formação Econômica do Brasil; relatórios da OIT e publicações do Ministério do Trabalho sobre trabalho em condições análogas à escravidão.

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