As sociedades incluídas no modo de produção “asiático” são
também conhecidas como sociedades hidráulicas ou do
regadio.Essas sociedades, cujas características gerais se adequam
às descritas no texto, constituíram
O modo de produção dessas sociedades [...]
altamente civilizadas foi algumas vezes chamado
de “asiático”. Talvez se possa defender essa tese,
embora com dificuldade, na medida em que sua
base social era constituída por comunidades
aldeãs com propriedade comunal da terra, as
quais eram, por sua vez, submetidas ao
pagamento de tributos ao Estado ou ao poder
dos conquistadores, que eram responsáveis pela
organização de boa parte da infraestrutura,
embora também se ligassem ao Estado ou ao
trono, à propriedade da terra e à exploração direta
do trabalho. (FRANK, 1977, p. 64).
Gabarito comentado
Resposta: D — as civilizações pré-colombianas
Tema central: O enunciado aborda o chamado "modo de produção asiático" (ou sociedades hidráulicas), caracterizado por comunidades aldeãs com propriedade comunal da terra, pagamento de tributos ao Estado e organização estatal de infraestrutura (irrigação, estradas, obras públicas) com exploração direta do trabalho.
Resumo teórico: Conceitos-chave: Comunidade aldeã / propriedade comunal — terras coletivas geridas por unidades locais (ex.: ayllu andino, calpulli mesoamericano). Tributo e trabalho estatal — tributos em bens/trabalho (mita no Império Inca) que sustentavam obras públicas e elite dirigente. Autores relevantes: Karl Wittfogel (Oriental Despotism, 1957) tratou das sociedades hidráulicas; André Gunder Frank (citado no enunciado) discute variantes desse modelo nas Américas.
Por que a alternativa D está correta: As civilizações pré‑colombianas (Inca, Astecas, outras sociedades andinas e mesoamericanas) se encaixam nas características descritas: existiam formas coletivas de propriedade (ayllu, calpulli), tributos obrigatórios ao Estado ou elite, mobilização de mão de obra para obras públicas e controle central sobre redistribuição. Exemplos claros: o sistema de mita inca para trabalhos e obras estatais e a tributação azteca organizada em calpulli.
Análise das alternativas incorretas:
A — Grécia Antiga: predominância de cidades-estado (polis) com propriedades privadas e economia baseada em produção urbana/comercial; não se caracteriza por propriedade comunal generalizada nem por um Estado hidráulico.
B — Roma Antiga: economia baseada em latifúndios privados, escravidão e mercado; o Estado não estruturava a sociedade por meio de comunidades comunais tributárias como descrito.
C — Comunidades medievais: o feudalismo europeu apresentava senhores e servos com direitos senhoriais e economia manorial; havia comunidades rurais, mas o perfil institucional e a escala da infraestrutura estatal diferem do modelo hidráulico.
E — Países absolutistas: poder centralizado e soberania do monarca, mas sobre bases de propriedade privada e economia em transição para formas capitalistas; não correspondem ao esquema de aldeias comunais tributando um Estado responsável por grandes sistemas hidráulicos.
Dica de interpretação: Foque em palavras-chave do enunciado — "propriedade comunal", "tributos", "organização de infraestrutura", "exploração direta do trabalho". Essas expressões indicam um modelo estatal centralizado sobre comunidades rurais, típico das civilizações pré‑colombianas citadas.
Fontes/leituras recomendadas: Karl Wittfogel, Oriental Despotism (1957); André Gunder Frank (referência do enunciado). Para estudos sobre Inca/Azteca: trabalhos de John V. Murra (ayllu) e Michael E. Smith (sociedades mesoamericanas).
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