“Nas cidades coloniais de Minas, as festas religiosas sempre se revestem de brilho excepcional. Oferecem a
melhor oportunidade ao estudioso dos nossos costumes, ao observador das tradições regionais. Daí o
encanto maior dessas festas populares e a necessidade de recolher quanto antes os rasgos característicos,
espontâneos e peculiares”.
Fonte: MACHADO FILHO, Aires da Mata. Dias e noites em Diamantina.
Belo Horizonte: 1972. p.57. Adaptado
Em relação às festas religiosas de origem colonial é CORRETO afirmar que:
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: festas religiosas de origem colonial no Brasil — compreender sua natureza social, cultural e religiosa, seu caráter híbrido e sua persistência regional. Para responder, identifique palavras-chave como “popular”, “sagrado e profano” e “presença em diversas regiões”.
Resumo teórico: As festas coloniais combinavam rituais do calendário católico com manifestações locais — indígenas, africanas e populares — resultando em práticas que misturam o sagrado (celebração religiosa) e o profano (festividades, danças, folguedos). São manifestações de cultura popular e memória social que atravessaram o período colonial e se mantêm até hoje, adaptando-se a contextos urbanos e regionais (ver Hobsbawm & Ranger, The Invention of Tradition; DaMatta, Carnavais, malandros e heróis; UNESCO sobre patrimônio cultural imaterial).
Justificativa da alternativa D: A alternativa D capta a característica essencial: são práticas populares que articulam elementos religiosos e profanos e ocorrem em várias regiões do país. Isso reconhece a dimensão social e performativa das festas e sua difusão regional, bem como a continuidade histórica e as transformações locais — ponto central do enunciado que valoriza tradições “espontâneas e peculiares”.
Análise das alternativas incorretas
A: “festas de caráter folclórico que remontam às tradições europeias medievais.” Parcialmente verdadeira, mas redutora. Embora haja heranças europeias, as festas não são mera reprodução medieval: houve adaptação colonial e sincretismo com culturas africanas e indígenas. Chamar apenas de “medievais” ignora essa hibridação.
B: “eram costumes rurais ... que desapareceram com o crescimento de uma cultura urbana.” Incorreto: muitas festas migraram para centros urbanos ou se reinventaram; não desapareceram. A ideia de desaparecimento contradiz fontes que mostram continuidade e transformação cultural.
C: “constituíam-se em momentos de celebração das tradições do calendário católico.” Está correta em parte — muitas festas seguem o calendário católico —, mas é limitada: omite a dimensão profana, o sincretismo e a presença em diferentes contextos sociais. Por isso é menos adequada que a D.
Dica de prova: procure termos amplos e que incluam sincretismo/continuidade (“sagrado e profano”, “presentes em diversas regiões”). Evite alternativas que reduzam fenômenos complexos a uma única origem ou destino.
Fontes sugeridas: Hobsbawm & Ranger (1983), Roberto DaMatta (1979), documentos da UNESCO sobre patrimônio cultural imaterial.
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