“Já vi o demônio da violência, o demônio da cobiça e o
demônio do desejo ardente; [...] eram todos demônios
fortes, vigorosos [...] Mas ali, naquela colina, antevi
que ao brilho ofuscante do Sol daquela terra eu iria
conhecer um outro demônio, flácido, falso e de olhos
fracos, de uma insensatez rapinante e impiedosa.”CONRAD, Joseph. Coração das Trevas. São Paulo: Companhia da Letras. 2013
O texto refere-se à exploração das terras do Congo
durante o imperialismo do século XIX, o que deixou
marcas no país e em todo continente africano. Sobre
a história deste continente a partir do século XIX,
podemos AFIRMAR que
I. A divisão territorial criada pela Conferência de Berlim,
em 1885, ajudou a motivar inúmeros conflitos regionais
no continente, pois não respeitou as diferentes etnias africanas e suas ocupações territoriais de origem.
II. A grande maioria dos países africanos conquistou sua
independência após a Segunda Guerra Mundial, porém,
inúmeros outros conflitos surgiram, decorrentes de
disputas políticas internas associadas às influências de
EUA e URSS, já no contexto da Guerra Fria.
III. A África, após o colapso da URSS, conseguiu
desenvolver democracias sedimentadas em acordos
étnicos e, hoje, pouco sofre com questões sociais e
econômicas, graças a um crescente distanciamento dos
países europeus.
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa A
Tema central: trata-se da história da África a partir do século XIX — colonização, divisão territorial europeia, descolonização pós‑Segunda Guerra e os efeitos da Guerra Fria até o período pós‑URSS. É fundamental relacionar processos políticos (Conferência de Berlim, descolonização) com consequências sociais e conflitos.
Resumo teórico:
I — A Conferência de Berlim (1884–85) formalizou a repartição colonial sem considerar fronteiras étnicas ou sociais locais, criando Estados artificiais; isso gerou tensões e conflitos posteriores (ex.: Sudão, Nigéria, Ruanda). Fonte: Thomas Pakenham, The Scramble for Africa; documentos da própria Conferência.
II — A maioria das nações africanas tornou‑se independente entre as décadas de 1950–1970, sobretudo após a Segunda Guerra. No período da Guerra Fria, EUA e URSS apoiaram facções rivais, alimentando guerras civis e instabilidade (ex.: Angola, Congo, Moçambique). Fontes: relatórios da ONU sobre descolonização; análises de Guerra Fria na África.
III — Afirmação falsa. O colapso da URSS (1991) não conduziu a democracias amplamente consolidadas nem a alívio generalizado de problemas socioeconômicos; muitos Estados permanecem frágeis, com conflitos étnicos, pobreza e influências externas (agora também de China, além da Europa). Dados de Freedom House e Banco Mundial mostram avanços pontuais, mas fragilidade institucional generalizada.
Justificativa da alternativa correta (A): I e II estão corretas porque a Conferência de Berlim gerou fronteiras artificiais e a descolonização pós‑Segunda Guerra foi marcada por influência da Guerra Fria, levando a muitos conflitos. III é incorreta por usar termos absolutos ("conseguiu", "pouco sofre") que não correspondem à realidade pós‑1991.
Análise das incorretas:
- B (I e III): erra ao considerar III correta.
- C (II e III): erra idem, III é falsa.
- D (I, II e III): erra por incluir III.
Dica de prova: desconfie de afirmações absolutas e generalizações temporais. Identifique palavras‑chave (Conferência de Berlim, Guerra Fria, colapso da URSS) e relacione com exemplos históricos concretos.
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