Considerando-se os aspectos coesivos que preservam a
progressão das ideias do texto, é correto afirmar:
Com certeza você já deve ter se deparado
com alguma mensagem polêmica nas redes sociais
relacionada à área de saúde. Às vezes, por inocência
ou falta de conhecimento, muitos contribuem para
o compartilhamento desse tipo de conteúdo, o
que dificulta o trabalho dos profissionais da área.
Desde que um novo surto de febre amarela atingiu
o Brasil, no primeiro semestre de 2017, pessoas de
diversas localidades se dirigiram às unidades de
saúde para se vacinar contra a doença. No entanto,
diversas notícias de origem duvidosa, divulgadas
principalmente no WhatsApp, geraram desconfiança
e confundiram milhares de brasileiros.
Segundo Igor Sacramento, pesquisador
da Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, os boatos
na área da saúde, principalmente relacionados
às vacinações, são antigos no país. “Os boatos
com relação à vacina, fazem parte da história
da imunização no Brasil”. Ele cita os casos de
vacinação contra a gripe para idosos, em 2000, e,
mais recentemente, contra HPV, em 2014, e contra
H1N1, em 2016, como exemplos de campanhas que
também sofreram com as notícias falsas.
A propagação de conteúdos enganosos
avançou de forma significativa com a popularização
de dispositivos eletrônicos e da internet, já que
facilitou o acesso e aumentou o alcance dos
conteúdos. “Essa é a grande transformação
contemporânea da circulação de boatos. Antes,
os boatos ocorriam, existiam, mas eram mais em
comentários com a família, com amigos. Agora, eles
têm uma outra dimensão por causa da internet”,
afirma o pesquisador. Ele lembra que “A tendência
é aumentar. Isso não cabe a nós o controle, não tem
como. O que temos que fazer é entender a lógica.
Vivemos num interativo comunicacional em que
todo mundo está buscando estar conectado nas
redes sociais, no Whatsapp”.
Para Igor Sacramento, outros fatores
contribuem para a presença e propagação dos
boatos, como a própria cultura do povo brasileiro,
além da falta de credibilidade das instituições. Para
resolver esse problema, afirma que as instituições
devem criar estratégias eficazes de comunicação
com o público, principalmente por meio das redes
sociais. “É necessário que se criem novas estratégias,
que possam concorrer com esses boatos e utilizar
cada vez mais as mídias sociais”.
Sacramento defende que a principal forma
de concorrer com os boatos é produzir conteúdos
informativos que atraiam a atenção das pessoas.
“Essa informação tem que ser qualificada. Então,
nós, do ponto de vista de instituições de saúde,
também temos que produzir informações para que
as pessoas possam, ao pesquisar, nos encontrar
também”.
Disponível em: <https://www.revistaencontro.com.br>. Acesso em: mai. 2018. Adaptado.
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda coesão e coerência textual, analisando elementos coesivos responsáveis pela progressão das ideias no texto. Saber identificar relações de oposição, causa, condição e função de pronomes relativos é fundamental para interpretação em vestibulares.
Alternativa correta: B
A alternativa B destaca a expressão "No entanto", que na frase exerce de fato valor semântico de oposição. Segundo gramáticas como a de Bechara e o Manual de Redação da Presidência, trata-se de uma conjunção adversativa, responsável por introduzir uma ideia contrária à do período anterior. Repare no trecho: após mencionar a mobilização para vacinação, o texto contrapõe dizendo que "diversas notícias de origem duvidosa, divulgadas principalmente no WhatsApp, geraram desconfiança". É um exemplo clássico de adversidade.
Análise das alternativas incorretas:
A) "Desde que" expressa condição, não causa. A substituição por "uma vez que" (causal) geraria mudança de sentido, violando a norma padrão. Veja: "Desde que você estude, será aprovado" (condição) ≠ "Uma vez que você estudou, foi aprovado" (causa).
C) O "já" do trecho não é advérbio de tempo; faz parte de "já que", locução conjuntiva causal, introduzindo explicação/motivo. Conforme Bechara, o advérbio de tempo indicaria anterioridade: "Já cheguei". Aqui, indica causa.
D) O pronome relativo "que", em "em que todo mundo está buscando", retoma "interativo comunicacional". Sua função é de adjunto adverbial de lugar (em que = no qual), não de complemento nominal. Complemento nominal completa o sentido de um nome: "necessidade de mudança".
E) O elemento "como" indica exemplificação/comparação, e não causa, na frase "como a própria cultura do povo brasileiro". Pela gramática normativa, a relação causal seria marcada por "porque/sendo que".
Dica para provas: Fique atento(a) ao valor semântico dos conectivos — trocá-los pode alterar todo o sentido do período. Muitos erros em provas acontecem por desconhecer essas diferenças sutis.
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