Questão f135182c-f8
Prova:UFC 2012
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

A expulsão da Companhia de Jesus no século XVIII foi uma decisão do Estado português. A justificativa para tal ação decorreu da compreensão de que:

A
o poder econômico e político dos jesuítas rivalizava com o poder do Estado.
B
a catequização dos indígenas era contrária às determinações da metrópole.
C
a fundação de escolas se chocava com as propostas da metrópole.
D
os jesuítas apoiaram invasores de outros países neste período.
E
a ação jesuítica constituía um entrave para a escravidão.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: a expulsão da Companhia de Jesus (1759) insere‑se nas reformas pombalinas e no conflito Estado versus Igreja. A questão pede a justificativa política que levou o governo português a agir contra os jesuítas.

Resumo teórico: no século XVIII, o Marquês de Pombal buscou centralizar o poder da Coroa, reformar a administração e limitar privilégios corporativos. Os jesuítas, com grandes missões, terras, influência sobre indígenas e redes educacionais, funcionavam como um poder autônomo dentro do império — o que colidia com a lógica estatal de controle e de modernização inspirada pelo Iluminismo. Veja, entre outros, o decreto régio de 1759 e estudos como Kenneth Maxwell, Pombal: Paradox of the Enlightenment.

Por que A é correta: a explicação oficial e a leitura historiográfica concordam que o cerne da medida foi o conflito de poder. A Companhia acumulava influência econômica, jurisdicional e político‑religiosa, o que a colocava em rivalidade direta com os objetivos centralizadores de Pombal. A expulsão visou quebrar essa autonomia e submeter educação, missões e administração à Coroa.

Análise das alternativas incorretas:

B: A catequização dos indígenas não era, por si só, contrária à metrópole — era justamente uma função jesuítica reconhecida. O problema era a autonomia e o poder que isso lhes dava, não a prática evangelizadora em si.

C: As escolas jesuíticas existiam e foram alvo de críticas, mas não constituíam a razão principal da expulsão: o ponto central foi a disputa de poder e autonomia institucional.

D: Não há evidência de que os jesuítas tenham apoiado invasores estrangeiros como motivo decisivo; Pombal os acusou de conspiração e participou de episódios (p. ex. processo pós‑atentado de 1758), mas a narrativa chave foi a rivalidade política interna.

E: Há nuance: em algumas regiões os jesuítas protegiam indígenas contra a escravização, o que desagradava colonos. Contudo, isso representa um aspecto — não a justificativa estatal central — que permanece subordinado à questão maior do poder.

Fontes sugeridas: Decreto régio (1759) e estudos como Kenneth Maxwell, Pombal: Paradox of the Enlightenment; C. R. Boxer sobre o império português.

Estratégia de prova: busque no enunciado palavras‑chave (p.ex. “decisão do Estado”) que orientam para razões políticas/estruturais, não apenas menorzas circunstanciais.

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