O liberalismo, originado na Europa, constituiu uma das correntes de pensamento político e social
vigentes no Brasil no século XIX. Ao comparar a dinâmica socioeconômica brasileira com as matrizes
do pensamento liberal europeu, podemos concluir corretamente que a:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: confronto entre o pensamento liberal europeu (século XIX) — que valoriza liberdade individual, trabalho assalariado e mercado livre — e a realidade socioeconômica brasileira, marcada pela escravidão e pelo latifúndio.
Resumo teórico: o liberalismo clássico (Locke, Smith, Mill, Tocqueville) pressupõe indivíduos livres para contratar e competir no mercado; portanto, sistemas de trabalho coercitivo (escravidão) são incompatíveis com esse núcleo teórico. No Brasil imperial, contudo, a economia agrária dependia do trabalho escravo até a abolição (Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888 — Lei Áurea), criando uma contradição central entre discurso liberal e prática social.
Justificativa da alternativa A: A escravidão era um entrave direto às propostas liberais porque anulava a liberdade pessoal e a livre contratação, pilares do liberalismo. Mesmo quando elites brasileiras adotavam retórica liberal (defesa da propriedade, do contrato), o uso generalizado de trabalho escravo impedia a realização prática de uma economia de mercado assalariada — daí a alternativa A ser a correta.
Análise das alternativas incorretas:
B (latifúndio coadunava-se com o liberalismo) — Parcialmente enganosa: o liberalismo defende direitos de propriedade, mas a concentração fundiária e o latifúndio limitavam a formação de mercados livres e de uma pequena propriedade produtiva; portanto, não se coadunava plenamente com a matriz liberal.
C (união Igreja‑Estado era empecilho) — Embora a interferência clerical dificultasse reformas laicas, essa questão era menos central que a escravidão para a implementação do liberalismo econômico. A oposição entre Igreja e laicidade era um problema político, mas não anulava tão diretamente o princípio econômico liberal quanto o trabalho escravo.
D (exclusão das mulheres opunha‑se às práticas europeias) — Incorreta: no século XIX a maior parte da Europa também restringia o sufrágio às elites masculinas; a exclusão feminina não era uma divergência decisiva entre Brasil e Europa.
E (maior participação militar garantiria o liberalismo) — Falso: militares no poder nem sempre promoveram reformas liberais; muitas vezes impuseram ordem autoritária ou políticas conservadoras (ex.: períodos de intervenção), não garantindo a implementação dos ideais liberais.
Fontes úteis: Constituição de 1824; Lei Áurea (1888); textos clássicos sobre liberalismo (Locke, Smith, Tocqueville) e estudos sobre Brasil imperial (ex.: Emília Viotti da Costa, Boris Fausto).
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