O fragmento textual abaixo remete a uma
conjuntura da história brasileira no século
XIX.
“Quando se sabe que muitas das antigas
queixas das províncias se voltavam contra
a centralização monárquica, pode parecer
estranho o surgimento de tantas revoltas
nesse período. Afinal de contas, [se]
procurava dar alguma autonomia às
Assembléias Provinciais e organizar a
distribuição de rendas entre o governo
central e as províncias. Ocorre porém que,
agindo nesse sentido, [...] acabaram
incentivando as disputas entre elites
regionais pelo controle das províncias cuja
importância crescia. Além disso, o governo
perdera a aura de legitimidade que bem ou
mal tivera enquanto um imperador esteve
no trono”.
FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo:
EDUSP, Imprensa Oficial do Estado, 2002. p. 89.
Nesse fragmento, o historiador Boris Fausto
refere-se às
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: o texto trata das revoltas provinciais ocorridas durante a Regência (após a abdicação de D. Pedro I em 1831), quando medidas de descentralização e a perda de legitimidade imperial estimularam conflitos regionais.
Resumo teórico: com a renúncia de D. Pedro I (1831) instalou‑se a Regência. Para apaziguar tensões foram criadas ou reforçadas as Assembleias Provinciais e, em 1834, o Ato Adicional ampliou autonomia provincial. Isso, porém, intensificou a disputa entre elites locais e fragilizou a autoridade central, provocando revoltas importantes — ex.: Cabanagem (Pará), Farroupilha/Ragamuffin (RS), Balaiada (MA), Sabinada (BA). (Fonte: Boris Fausto, História concisa do Brasil; Ato Adicional de 1834.)
Por que a alternativa D é correta: o fragmento fala exatamente do processo de descentralização e da perda de “aura de legitimidade” do poder imperial, fenômenos característicos da Regência que explicam as revoltas provinciais da década de 1830. A descrição casa com a interpretação consagrada em Fausto e outros historiadores.
Análise das alternativas incorretas:
A — confunde períodos e motivações: refere‑se a suposta oposição à união das coroas por D. Pedro I e recolonização, narrativa incorreta para o contexto do trecho, que aponta a crise regencial pós‑1831.
B — desloca o foco para o pós‑Guerra do Paraguai (década de 1870) e acusações sobre fortalecimento militar; embora o Exército tenha crescido, essa explicação refere‑se a fatores do fim do Império (1889), não ao processo de 1830–1840 citado no texto.
C — mistura eventos da vinda da Família Real (1808) com rebeliões de independência; as rebeliões citadas não correspondem ao quadro descrito no trecho, nem têm o efeito de “provocar disputas entre elites provinciais” detalhado pelo autor.
Dica de interpretação: busque no enunciado palavras‑chave (Assembléias Provinciais, perda de legitimidade, período após abdicação) e relacione a cronologia: abdicação 1831 → Regência → Ato Adicional 1834 → revoltas provinciais.
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