Leia os textos abaixo para responder à questão.
Texto 1
“E se o castigo for frequente e excessivo, ou se irão
embora, fugindo para o mato, ou se matarão por si, como
costumam, tomando a respiração ou enforcando-se, ou
procurarão tirar a vida aos que lhe dão tão má, recorrendo se
for necessário a artes diabólicas, ou clamarão de tal sorte a
Deus, que os ouvirá e fará aos senhores o que já fez aos
egípcios, quando avexavam com extraordinário trabalho aos
hebreus, mandando as pragas terríveis contra suas fazendas e
filhos.”
(Padre Antonil, CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL,1710.)
Texto 2
“O escravo torna possível o jogo social, não porque
garanta a totalidade do trabalho material (isso jamais será
verdade), mas porque seu estatuto de anticidadão, de
estrangeiro absoluto, permite que o estatuto do cidadão se
desenvolva; porque o comércio de escravos e o comércio
simplesmente, a economia monetária, permitem que um número
bem excepcional de atenienses sejam cidadãos.”
(Pierre Vidal-Naquet, TRABALHO E ESCRAVIDÃO NA GRÉCIA
ANTIGA.)
Texto 3
“Algumas escravas procuram de propósito abortar, só para
que não cheguem os filhos de suas entranhas a padecer o que
elas padecem.”
(André João Antonil, CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL, 1711.)
Com base na questão do escravo na antiga Grécia e na
colonização brasileira, analise as proposições abaixo.
I. No Texto 1, o autor procura mostrar diversas ações
de rebeldias que os escravos poderiam ter caso
fossem violentados, levando até a predestinar que
poderia acabar em uma grande tragédia para os
negros fugidos, da mesma forma que ocorreu com o
povo egípcio na passagem mitológica.
II. O Texto 2 mostra a importância da escravidão para
a consolidação do papel da cidadania na Grécia e
como esse papel proporcionou o crescimento da
economia ateniense.
III. No Texto 3, mostra-se o descaso que certas
mulheres tinham com relação a sua prole, muito por
conta das condições higiênicas em que eram feitos
os partos nas senzalas, o que levava a preferir o
aborto a uma morte prematura por doenças.
IV. Os três textos mostram posturas e condições
escravistas, podendo-se concluir que tanto na
Grécia quanto no Brasil colônia a condição de
escravidão era a mesma em todos os aspectos.
É correto o que se afirma em
Leia os textos abaixo para responder à questão.
Texto 1
“E se o castigo for frequente e excessivo, ou se irão embora, fugindo para o mato, ou se matarão por si, como costumam, tomando a respiração ou enforcando-se, ou procurarão tirar a vida aos que lhe dão tão má, recorrendo se for necessário a artes diabólicas, ou clamarão de tal sorte a Deus, que os ouvirá e fará aos senhores o que já fez aos egípcios, quando avexavam com extraordinário trabalho aos hebreus, mandando as pragas terríveis contra suas fazendas e filhos.”
(Padre Antonil, CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL,1710.)
Texto 2
“O escravo torna possível o jogo social, não porque garanta a totalidade do trabalho material (isso jamais será verdade), mas porque seu estatuto de anticidadão, de estrangeiro absoluto, permite que o estatuto do cidadão se desenvolva; porque o comércio de escravos e o comércio simplesmente, a economia monetária, permitem que um número bem excepcional de atenienses sejam cidadãos.”
(Pierre Vidal-Naquet, TRABALHO E ESCRAVIDÃO NA GRÉCIA
ANTIGA.)
Texto 3
“Algumas escravas procuram de propósito abortar, só para que não cheguem os filhos de suas entranhas a padecer o que elas padecem.”
(André João Antonil, CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL, 1711.)
Com base na questão do escravo na antiga Grécia e na colonização brasileira, analise as proposições abaixo.
I. No Texto 1, o autor procura mostrar diversas ações de rebeldias que os escravos poderiam ter caso fossem violentados, levando até a predestinar que poderia acabar em uma grande tragédia para os negros fugidos, da mesma forma que ocorreu com o povo egípcio na passagem mitológica.
II. O Texto 2 mostra a importância da escravidão para a consolidação do papel da cidadania na Grécia e como esse papel proporcionou o crescimento da economia ateniense.
III. No Texto 3, mostra-se o descaso que certas mulheres tinham com relação a sua prole, muito por conta das condições higiênicas em que eram feitos os partos nas senzalas, o que levava a preferir o aborto a uma morte prematura por doenças.
IV. Os três textos mostram posturas e condições escravistas, podendo-se concluir que tanto na Grécia quanto no Brasil colônia a condição de escravidão era a mesma em todos os aspectos.
É correto o que se afirma em
Gabarito comentado
Resposta correta: B — II, apenas.
Tema central: trata-se da escravidão em contextos distintos (Grécia antiga e Brasil colonial): como o trabalho escravo estruturava relações sociais, cidadania e as estratégias de sobrevivência e resistência dos escravizados.
Resumo teórico rápido e progressivo: - Na Grécia clássica: a escravidão era uma instituição urbana/doméstica e econômica que permitia o desenvolvimento político dos cidadãos (participação cívica), não sendo necessariamente racializada. (Vidal-Naquet) - No Brasil colonial: predominou a escravidão chattel, racializada e ligada à agroexportação (plantation), com reprodução forçada, violência extrema e estratégias de resistência cotidiana e extrema (fugas, abortos, suicídios). (André João Antonil; também ver Orlando Patterson, Slavery and Social Death)
Justificativa da alternativa correta (II): O Texto 2 (Vidal-Naquet) afirma que o estatuto do escravo como “anticidadão” possibilitava que a condição de cidadão se desenvolvesse para um número significativo de atenienses — isto é exatamente a ideia de que a escravidão sustentava a vida pública e a economia ateniense. Logo, a afirmação II resume corretamente o sentido do texto: a escravidão foi central para a consolidação do papel da cidadania e contribuiu para a economia ateniense.
Análise das alternativas incorretas: - I (errada): o Texto 1 (Antonil) relata possibilidades de reação dos escravos e adverte que maus-tratos podem provocar rebeliões ou clamor divino contra os senhores. A proposição erra ao dizer que o autor “predestina” uma grande tragédia para os negros fugidos comparável à dos egípcios; na verdade a ameaça referida é contra os senhores, não uma predestinação de tragédia para os fugitivos. É interpretação imprecisa do foco do texto. - III (errada): o Texto 3 registra que algumas escravas procuravam abortar para poupar filhos do sofrimento. A proposição interpreta isso como “descaso” materno por causa de condições higiênicas — leitura inadequada: trata-se de uma estratégia de proteção frente à brutalidade do sistema, não mera negligência. - IV (errada): generaliza que a escravidão era “a mesma em todos os aspectos” na Grécia e no Brasil colonial. Isso é falso: regimes, bases econômicas, racialização, formas jurídicas e modos de resistência diferiam profundamente entre os dois casos.
Dica de prova: desconfie de afirmações absolutas (como “a mesma em todos os aspectos”) e de leituras que atribuem intenções morais simplistas ao sujeito histórico; identifique o foco do enunciado (quem fala? a quem se dirige?) e compare contextos antes de aceitar generalizações.
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